Não há como fugir da rivalidade Gre-Nal. Querendo ou não, Leandro Vuaden será um dos personagens do clássico de domingo, no Beira-Rio, que decidirá o Gauchão. Será assunto nas mesas de bar a partir da noite de domingo. Vuaden apitará o seu 10° Gre-Nal. O primeiro, aos 30 anos de idade, foi a final do Estadual de 2006. Após um 0 a 0 no Olímpico, o Grêmio ficou com o título no Beira-Rio, com o empate em 1 a 1. Na estatística dos clássicos, os nove jogos apitados por Vuaden, entre 2006 e 2014, apresentam superioridade colorada: cinco vitórias do Inter, uma vitória do Grêmio e três empates.
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Na tarde desta segunda-feira, Leandro Vuaden conversou com Zero Hora. Estava em casa, na cidade de Estrela, se preparando para o treino de musculação e de corrida na esteira, em uma academia na cidade de Lajeado. Até a quinta-feira, os trabalhos físicos serão intensos. Na sexta e no sábado, apenas caminhadas de uma hora com a mulher, Jaqueline. Depois, concentração em um hotel de Porto Alegre, com os auxiliares Rafael Alves e Marcelo Barison mais o quarto árbitro do jogo, Roger Goulart, e o quinto árbitro do clássico, Marcelo Oliveira. Vuaden falou a Zero Hora sobre a pressão de apitar a final do sempre discutido Gauchão, sobre mão na bola, pênaltis, sobre o limite de conversar com os jogadores em campo e rendeu elogios à arbitragem de Anderson Daronco no jogo de ida, na Arena. A seguir, os principais trechos da entrevista:
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Como será a sua preparação até domingo?
Treinarei forte até a quinta-feira. Na sexta e no sábado, apenas caminhadas de uma hora com a patroa. Vamos concentrar já no sábado, em Porto Alegre, eu, Rafael Alves, Marcelo Barison, Roger Goulart e Marcelo Oliveira. O Gre-Nal será o nosso assunto a semana toda. Criamos até um grupo no WhattsApp, o Gre-Nal 406, para falarmos sobre tudo o que envolver o jogo.
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A pressão e as reclamações sobre a arbitragem aumentam neste momento de decisão?
Acho que todos têm o direito de reclamar da arbitragem e não sinto isto como pressão. Se eu absorver estas coisas, acabarei me prejudicando. Estou entrando em um grande jogo que, naturalmente, repercute muito mais. Mexe com as duas torcidas que dividem o Estado. É algo normal. Acompanho tudo: noticiário dos times, tudo, tudo mesmo. O árbitro tem que respirar o futebol. Sei separar o que é bom e o que é ruim, o que é nocivo e o que se aproveita.
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Você estreou no Gre-Nal que decidiu o Gauchão de 2006 e que, curiosamente, teve características semelhantes ao deste domingo: o Grêmio precisando empatar em gols no Beira-Rio para ser campeão e o Inter dividido entra as finais e a Libertadores.
Aquele foi o meu primeiro Gre-Nal. Este será o 10º e ainda quero apitar outros Gre-Nais. Lembrei disto assim que o Anderson Daronco apitou o final do jogo na Arena. As coisas acabaram acontecendo de forma tranquila naquele dia. Vou para mais um clássico, agora com bagagem e com experiência. Lá em 2006, havia uma certa desconfiança comigo. A responsabilidade aumenta, bem como a relação de credibilidade e de confiança. A maior alegria é você não lembrar de um equívoco nestes jogos. Tenho a consciência tranquila em todos os Gre-Nais que apitei.
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Como você imagina que será o cenário para o Gre-Nal de domingo?
O Gre-Nal da Arena mostrou o panorama que já imaginava: um jogo disputado, com um possível empate. A diferença estará no momento em que uma equipe fizer o gol. Aí, o bicho vai pegar mesmo. O 0 a 0 ainda dá a segurança dos pênaltis para os dois. Agora, se sair um gol, o jogo se transformará.
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O que você achou da arbitragem de Anderson Daronco no 0 a 0 da Arena?
Achei uma excelente arbitragem, parabenizei ele depois do jogo. Vi pela TV, em casa. Há grandes chances de o Daronco ir à Copa do Mundo, com arbitragens deste nível. Sempre disse ao Daronco que entregaria meu escudo da Fifa para ele, mas chegou muito cedo, não vou entregar, não (risos).
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Já virou corriqueira a reclamação sobre D'Alessandro conversar demais com a arbitragem e "apitar" o jogo. Como você recebe isto?
Vou resumir: respeito todos os jogadores de forma igual, não trato ninguém de forma diferente e jamais entrarei em um jogo para perseguir qualquer atleta ou passar a mão na cabeça de jogador. Vou seguir assim. O jogador vai a campo para fazer o que bem entender. Agora, o que compete à arbitragem, também farei. Às vezes, o jogador corre 25 metros na direção do árbitro, chega e pergunta: "O que tu marcou, Vuaden?". Para a torcida, parece que ele foi xingar. Não é nada disto. Agora, a falta de educação será coibida. Se não for isto, não vejo problema. Digo para eles: "Eu vim para apitar, vocês vieram para jogar". É claro que jogador não vai passar 90 minutos colado no teu ombro, parecendo que está em um baile. A palavra-chave é respeito.
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Todo ano há uma polêmica no Gauchão. A deste ano foi a bola na mão ou mão na bola. Como será a sua arbitragem com relação a este tema?
A Federação Gaúcha de Futebol teve uma atitude inédita e elogiável, antes do Gauchão: chamou todos os representantes de clubes, capitães, técnicos e imprensa, todos que tivessem interesse em comparecer para conhecer as novas determinações da Fifa. Passamos as novas diretrizes sobre estas jogadas. Carrinho, bola na mão, mão na bola, comportamento de treinadores em campo, o que pode, o que não pode. A arbitragem vai usar estes critérios. Muitas vezes se reclama por desconhecimento da regra. Mostramos vídeos até nestas palestras. Tudo foi muito exemplificado. Ninguém esconde nada. Temos parâmetros: isto será marcado, isto não. O braço colado ao corpo não se marca falta, o jogador que salta na bola e abre braço assume risco de cometer falta... Tudo será analisado e marcado.
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Nestas horas de Gre-Nal, é mais fácil mora rem Estrela do que em Porto Alegre?
Nada. Corneta tem em tudo que é canto. O torcedor passa na frente da minha casa e corneteia: "Não vai atrapalhar o meu time no domingo". Ou: "Ajuda o meu time no domingo". Levo na brincadeira, até o ponto que isto fica na brincadeira.
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Você abandonou o recente teste físico da CBF, em protesto, e acabou reprovado. Quando o teste será refeito?
Falo sem problemas sobre isto. Abandonei a prova em protesto ao sistema de som, ninguém escutava nada. Por três voltas na pista do Cete (Centro Estadual de Treinamento Esportivo, em Porto Alegre), pedi que o sistema de som fosse solucionado. E não fui atendido. Eles usavam um pen drive e o volume era muito baixo. Fui reprovado porque abandonei a prova. Depois, trocaram o equipamento e o som ficou bom. Mas eu já tinha saído. Com isto, não posso apitar jogos em competições da Fifa nem da CBF. O teste será refeito entre 17 e 20 de maio. Estou em plena forma física, sem lesão alguma e apto para comandar a final do Gauchão.
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*ZH Esportes