Uma lenda das quadras que serve de inspiração para as novas gerações. Esse é Paulo Sérgio Lira Goés, o Fininho, craque do futsal que encantou ginásios na década de 90 e nos anos 2000 e, atualmente, coordena as categorias de base da ACBF.
Natural de João Pessoa, na Paraíba, o ala canhoto ficou mundialmente conhecido com as quatro participações em Copas do Mundo. Em duas delas, levantou o caneco com a seleção brasileira: em 1992, em Hong Kong, e em 1996, na Espanha. Foram 252 com a camisa do Brasil em 13 anos.
Contudo, a carreira do ex-jogador, atualmente com 51 anos, marcou época em terras gaúchas. Além de ter sido campeão da Série Ouro e da Taça Brasil pela extinta Enxuta, de Caxias do Sul, em 1995, Fininho fez parte da consolidação da ACBF uma gigante do futsal.
Pelo time de Carlos Barbosa, conquistou o Estadual em 1996, 1997, 2002 e 2004, a Liga Nacional em 1997 e 2004, do Sul-Americano em 2002 e 2003 e do Mundial de Clubes, em 2004, entre a demais taças por outros times brasileiros.
Depois de tentar a carreira como treinador, com a qual obteve sete títulos regionais, Fininho foi anunciado, no final do ano passado como responsável pelas formação de novos atletas na ACBF. O futuro de cerca de 400 crianças passam pelos olhos de Fininho, nas escolinhas de Carlos Barbosa, Salvador do Sul e Garibaldi.
Em entrevista a GZH, Fininho comenta os desafios da nova função e lembra momentos importantes da história nas quadras, desde a origem do apelido até a glória com os mundiais pelo Brasil.
Como tem sido trabalhar com as categorias de base?
Na base, trabalhamos dos 6 até os 15 anos. Conversei com a minha esposa e, se tratando de Carlos Barbosa, ACBF, Rio Grande do Sul, onde tive uma trajetória muito bacana, tentei abrir mão da carreira como treinador para poder vir e começar a trabalhar com essa garotada. Tento, acima de tudo, trabalhar a formação do ser humano e, além disso, formar o atleta.
Havia uma ideia de transformar as escolinhas de futsal da ACBF em franquias, para serem espalhadas pelo Brasil. Esse projeto avançou?
É uma das situações que já está em pauta, mas o primeiro passo é organizar bem, em termos da metodologia. Nesse primeiro semestre, a ideia é fazer isso. Deixar redondinho. Então, daqui a pouco, é possível começar o projeto. Já temos alguns convites, até de fora do Estado, mas primeiro temos que organizar dentro de casa.
Voltando no tempo, como foram os seus primeiros contatos com o futsal?
Eu comecei jogando futebol de campo. Depois, comecei a jogar o futsal também. Eu treinava duas vezes por semana em cada modalidade. Sonhava em ser um atleta, conhecido, e agradeço a Deus e aos meus pais por sempre me incentivarem, assim como os professores que eu peguei durante a minha adolescência. Com 16 anos, estava saindo de casa para jogar no Votorantim, de Recife. Aí começou a caminhada. Com 19 anos, peguei a seleção brasileira e fui campeão do mundo. Daí para frente, foi só trabalhar. Eu não esperava que a carreira fosse tão grande, mas graças a Deus foi uma carreira bacana.
Em 1995, você jogou pela antiga Enxuta, time que fez muito sucesso no Rio Grande do Sul na década de 1990. Nordestino, você sentiu dificuldades na adaptação no extremo sul do Brasil?
A única coisa que preocupava muito era o frio, mas foi tranquilo. Em 1994, eu joguei no Inpacel, do Paraná, onde já peguei bastante frio. A vinda para a Enxuta foi muito boa porque era uma potência. Dois anos antes, eu tinha passado pelo Sumov, do Ceará, que já era uma referência. A maioria dos jogadores da seleção brasileira em 1995 estava no Rio Grande do Sul. No ano seguinte, fui para Carlos Barbosa.
Quais as principais lembranças que você tem do período vitorioso na ACBF?
A minha saída da Enxuta para a ACBF foi um pouco turbulenta. Sair da Enxuta, que era uma potência e ir para a ACBF, uma equipe de interior na época, não foi fácil. Algumas pessoas ficaram chateadas. A ideia era renovar com a Enxuta, mas eu não estava gostando das condições que estavam me oferecendo. Não que eu quisesse ganhar mais que alguém, mas eu queria o que achava justo. Para assinar contrato com a ACBF, era preciso pegar liberação. A Enxuta não quis dar liberação. Houve um certo desconforto. Chegaram a falar que eu não ia mais para a seleção brasileira. Fiquei até 1998 na ACBF. Aí fui para o Vasco, depois para o São Paulo e, em 2001, retornei para Carlos Barbosa. Foram vários títulos. Esses dias me falaram que eu sou o único atleta que participou de todos os primeiros títulos da ACBF: o primeiro Campeonato Gaúcho, a primeira Liga Nacional, o primeiro Sul-Americano, que é a Libertadores, e o primeiro Mundial de Clubes. Fiz a escolha certa. Ao todo, fiquei oito anos na ACBF como jogador.
Em que momento da carreira surge o apelido de Fininho?
Foi lá na minha terra, em João Pessoa. Eu estava com 7 anos, mais ou menos. Os patins era uma febre. Aqueles patins largos. Eu fui ver meus irmãos mais velhos jogarem uma pelada. Estava faltando um e eu entrei. Teve um pênalti, e pedi para bater. Daí meu irmão falou "tu é muito fininho, tu não vai conseguir". Aí já viu, né? Fininho para cá, Fininho para lá, "deixa o Fininho bater". Eu ficava bravo. O apelido pegou. Culpa do meu irmão mais velho.
Chegando em 2024, o que você espera da ACBF na Série Ouro e na Liga Nacional?
A ACBF sempre entra para brigar por títulos. Não vai ser diferente, tanto na Liga Nacional, quanto no Estadual. O André Bié (treinador) vem fazendo um trabalha bacana dede o ano passado. Neste ano, ele fez várias mudanças. A gente espera que a ACBF comece bem nesta sexta-feira, contra o Blumenau. Quanto ao Estadual, a ACBF não vai disputar a Liga, que é uma competição difícil, mas a Série Ouro também não é fácil. Só que a Série Ouro te dá acesso à Taça Brasil. Então, é importantíssima essa conquista. É um ano longo, mas a ACBf tem camisa e tem time para chegar nas competições em alto nível.