A final do Gauchão de Futsal terá uma equipe estreante em decisões e outra que acumula taças no armário. A ACBF está em busca da 15ª conquista estadual e, no próximo domingo (3), encara a Uruguaianense, no primeiro duelo pelo título de 2023. A partida será às 11h, no Ginásio Schmitão, e terá transmissão do YouTube de GZH e da Rádio Gaúcha.
O time de Carlos Barbosa é a maior grife do futsal gaúcho e, ano após ano, apresenta o maior investimento entre os clubes do Rio Grande do Sul. Nesta temporada, a ACBF foi eliminada nas quartas de final da Liga Nacional de Futsal (LNF) e na semifinal da Copa RS. Mais do que nunca, a taça do Gauchão é grande alvo dos olhares serranos de Carlos Barbosa.
Em entrevista à GZH, o presidente da ACBF, Luir Scheibel, comenta a disputa contra a Uruguaianense e avalia o ano da equipe. Ele admite que, "na teoria", por conta do investimento alto e da qualidade dos jogadores, a Laranja Mecânica pode ser considerada favorita, mas acredita que, quando a bola rola, os times se igualam. Leia abaixo.
Na manhã desta sexta-feira (1º), às 10h30min, a delegação da ACBF pega a estrada para o percurso de quase 700 quilômetros até Uruguaiana. O grupo dorme na cidade e faz o reconhecimento de quadra no sábado (20) pela manhã. O jogo da volta será em 10 de dezembro, em Carlos Barbosa, também às 11h.
Como você avalia a temporada da ACBF em 2023?
A avaliação que a gente faz da temporada é boa. Para alguns, talvez não seja tão satisfatória. A gente participou da Copa RS, se classificou bem na primeira fase. No mata-mata, perdemos o primeiro jogo fora, ganhamos em casa, mas, nos pênaltis, fomos eliminados. Na Liga Gaúcha, o Atlântico ficou na nossa frente, mas acabou caindo fora. Na Liga Nacional, a gente caiu nas quartas para o Joinville. Pelos fatos que aconteceram durante o ano, é uma temporada boa. É óbvio que a gente sempre almeja títulos. O sonho de consumo é a Liga Nacional, mas você tem que fazer o dever de casa. O nosso foco está 100% na Liga Gaúcha. O maior desafio que nos resta é contra a Uruguaianense, que em casa se impõe muito. A torcida apoia bastante. Vamos lá para sair com a vitória, se der, ou com o empate.
Em 2023, a ACBF conseguiu investir da mesma forma que em anos anteriores?
A gente não chega em uma final da Liga Nacional desde 2015, quando fomos campeões. Quando você cai da Liga Nacional, a cobrança é muito grande. A gente sempre investe uns 10% a mais a cada ano. Só que no ano que vem vamos dar um plus maior. O cenário mudou muito. Hoje em dia, praticamente 100% dos jogadores têm procurador, empresário, isso inflacionou o mercado. Além disso, o mercado mundial inflacionou muito. A gente concorre com quem trabalha com dólar ou euro. Então, é um (real) para cinco ou até mais. Uma proposta de US$ 5 mil equivale a R$ 25 mil. Para um clube nacional, isso é uma realidade um pouco alta. Mas a ACBF mantém um planejamento e vai observando o mercado. É óbvio que, às vezes, você faz algum investimento, e a peça não retorna o que você espera.
Vai depender muito de como vão ser os primeiros minutos, se a nossa equipe vai entrar concentrada, bem focada, para não levar um gol logo.
LUIR SCHEIBEL
Presidente da ACBF
Nós também tivemos a chegada do treinador André Bié no início da temporada. Ele tem um estilo de jogar. Ele gostaria de um ou outro jogador com perfil que se adeque melhor ao jogo dele, mas o comportamento da equipe foi muito bom. Os jogadores que estão aqui se entregaram para caramba. A gente teve a saída do Roni, que não estava prevista no início do ano. A gente contratou. Veio o Meira no meio do ano, mas não conseguiu fazer uma boa pré-temporada. Perdemos o Daniel, um fixo de muita qualidade. Fez falta. O Bianchini se machucou já faz um mês e pouco e não joga mais esse ano. O Ryan tá suprindo muito bem a ausência dele. Nós não tínhamos uma equipe recheada. Tínhamos uma equipe curta. Então, a gente sempre almeja o topo. A gente está correndo bastante atrás da Liga Gaúcha para conquistar o 15º título. A torcida e todo mundo cobra. Não digo que é uma questão de honra, mas todo mundo vai lutar ao máximo.
À frente de uma das principais equipes de futsal do mundo — tricampeã mundial, inclusive — como você avalia o nível técnico do Gauchão deste ano?
Melhorou. O Sercca que fez a semifinal com a gente é uma bela equipe. A Afucs, de Seberi, também. O time de Carazinho, o Passo Fundo, a AGE, de Guaporé. A nossa Liga Gaúcha ficou muito boa. As equipes investiram em jogadores de fora, alguns sub-20 foram subindo. O pessoal que vem em Carlos Barbosa elogia muito a nossa estrutura. E a gente diz que não é fácil. A ACBF ficou 20 anos amadora antes de ser profissional, mas, se manter no topo não é fácil. O que a gente precisa no esporte é seriedade. A nossa diretoria é toda voluntária. O conselho também. A gente não ganha um real para fazer esse trabalho. Nós temos mais de 400 crianças nas nossas escolinhas. Então, a gente cuida como um todo. As federações devem se unir, sem pensar em interesses próprios. Por isso, que o futsal não é olímpico. A Liga Gaúcha tem uma regra, a Nacional é outra, nas federações são outras, isso não é bacana para o esporte. A Liga Gaúcha está em um caminho bacana. Tomara que as equipes continuem o investimento.
Depois da queda do Atlântico, nas oitavas, a ACBF ficou com a melhor campanha entre os sobreviventes e também é a equipe que mais investe no futsal, além de ser a atual campeã. Você acredita em um leve favoritismo da ACBF para a final?
Na teoria seria isso, mas na prática é diferente. Você sabe que o ginásio estará complemente lotado. A gente sabe que alguns torcedores acabam se alterando. Então, a pressão é normal. O que não pode é descambar para a violência. A gente vê relatos que o pessoal acaba jogando água, enfim, algumas coisas que não são legais para o esporte. Como vai estar todo mundo ligado, o respeito é muito importante em uma final como essa. Vai ter muita pressão. A gente sabe que o jogo vai ser muito difícil. Por mais que a gente possa ser favorito, nesse jogo não tem. Vai depender muito de como vão ser os primeiros minutos, se a nossa equipe vai entrar concentrada, bem focada, para não levar um gol logo porque aí pode mudar o rumo do jogo. Isso aí o Bié vai trabalhar bem com os jogadores. Cada minuto concentrado, ligado. Numa final, não tem motivação maior. Vamos buscar o melhor resultado possível em Uruguaiana.