Pela primeira vez em 33 anos de história a Uruguaianense chega a uma decisão estadual do futsal adulto. E, na final do próximo domingo (3), terá de enfrentar nada menos que a atual campeã, ACBF, potência da modalidade com três títulos mundiais na bagagem.
Para o presidente da Uruguaianense, Biro Almeida, os dois jogos contra o time de Carlos Barbosa representam um desafio de alta dificuldade, mas, ao mesmo tempo, a alegria que premia a boa temporada.
Em entrevista à GZH, o dirigente avalia a trajetória do clube em 2023 e analisa o primeiro duelo contra a ACBF, no Ginásio Schmitão, às 11h. A partida de volta será em 10 de dezembro, no mesmo horário, no Centro Municipal de Eventos Sérgio Luiz Guerra, em Carlos Barbosa. A final chega no penúltimo ano de gestão de Almeida, que está no terceiro ano de presidência.
Como você avalia a temporada da Uruguaianense até agora?
Fizemos um ano com algumas oscilações. Começamos com a Taça Farroupilha, que envolve times da nossa região. Perdemos a semifinal para o Santa Rosa. Bateu um pouco de dúvida no nosso elenco e na nossa torcida. A partir de abril, no começo de maio, seguimos com oscilações, e tivemos uma troca, não por demissão, mas por opção do nosso treinador Paulinho Gambier, optou pela saída para novos desafios. A gente trouxe o Fabinho Gomes, que estava no Brasília Futsal, time que jogava a Liga Nacional. Iniciamos com ele essa arrancada na Liga Gaúcha, obtendo 12 vitórias consecutivas. Ficamos em terceiro lugar na fase classificatória. Aí, começamos as oitavas de final fazendo um jogo dificílimo contra a equipe de Marau, mas ganhamos as duas partidas. Começamos a sofrer um pouco contra o time de Carazinho. Perdemos por 7 a 1 lá e, na volta, na Bombonera da Fronteira, como ficou conhecida por vocês, ganhamos no tempo normal, com 1.650 pessoas no ginásio lotado. Empatamos na prorrogação e, nos pênaltis, fomos vencedores. Pela terceira vez na história da Uruguaianense, chegamos a uma semifinal. Tivemos uma derrota lá (contra o Passo Fundo). Aqui, com ginásio cheio — os ingressos se esgotaram em oito horas — conseguimos a classificação.
Durante o Gauchão, a Uruguaianense perdeu, ao menos, sete jogadores que foram transferidos para outros times. Como foi lidar com essas mudanças?
A gente sofreu muito. Os jogadores foram para Arábia Saudita, Emirados Árabes, Hungria, Itália, Espanha e times da Liga Nacional. O grande problema é que, na época, nós estávamos melhorando na tabela. Vínhamos de seis vitórias seguidas. Várias das peças que perdemos eram os melhores jogadores da temporada. Mas, ao mesmo momento, a gente conseguiu trazer jogadores de fora do país e que atuavam aqui no Brasil. Foi difícil. Uma incógnita. O coletivo da Uruguaianense, organizado pelo nosso treinador Fabinho Gomes, prevaleceu. Hoje, estamos nessa final. Apenas quatro jogadores que começaram o ano ainda seguem juntos no time.
Nesse momento de comemoração, quais outros bons momentos da Uruguaianense surgem na memória?
Antes do jogo (contra o Passo Fundo), eu falava para os atletas que, na primeira semifinal da Uruguaianense, em 1994, eu com 8 anos, estava entrando na quadra de mãos dadas com os jogadores. Vinte e nove anos depois eu, como presidente, estava no vestiário falando isso, dando o apoio, para a Uruguaianense chegar à primeira história da final. Foi muito emocionante para mim. É muito satisfatório para quem, desde pequeno, acompanha a instituição. A torcida é muito apaixonada, mas também cobra muito. Nos satisfaz quando a gente vê uma comunidade inteira parando a cidade para assistir um jogo, estar ligado em GZH, com vocês nas narrações, é satisfatório para quem administra o time.
O jogo contra a ACBF é o maior desafio da história da Uruguaianense?
É o maior desafio. É um dos maiores times de futsal do mundo. A gente se espelha muito neles, pela gestão que eles têm. Em 2021, enfrentamos a ACBF nas quartas de final. Torna-se muito difícil passar porque tem questões financeiras e de jogadores que eles trazem, de todos os lugares do mundo. Atletas diferenciados. No ano passado, a gente pegou o Atlântico nas quartas. Sabíamos que, pela classificação, que a gente ia pegar eles (Atlântico ou ACBF). O Atlântico teve um tropeço, e a gente foi na final para pegar essa potência. Temos o fator casa. Em todo o Gauchão, temos apenas um empate em casa. O resto é tudo vitória. O nosso fator casa tem que ser preponderante. A gente tem que sair com a vitória. O empate é ruim? Não é. mas a gente vai fazer de tudo para sair com a vitória na frente dessas 1.650 pessoas, de toda essa atmosfera que nossa torcida cria. Sabemos que é dificílimo. Se a gente ganhar aqui, sabemos que vamos ter 40 minutos em Carlos Barbosa para poder sofrer, tentar o empate ou até uma vitória. Se tivermos uma derrota no tempo normal, tem mais os 10 minutos da prorrogação, que aí é outro jogo, no qual as equipes se equiparam mais.
Você acredita que o ambiente criado pela torcida no Ginásio Schmitão faz com que a Uruguaianense ganhe jogos?
Faz, com toda a certeza. A gente tem um ginásio, que é do Sest Senat, que a quadra é 20 (largura) por 40 metros (comprimento). Quando a gente joga fora, nas quadras maiores, a gente treina lá e não treina no nosso, que é de 36 (metros de comprimento). A gente sabe marcar, sabe jogar na quadra menor. Se tu pegares as equipes que treinam ou jogam em quadras maiores, eles ficam perdidos ou têm menos espaços para fazer as jogadas. Contamos com nossos treinos diários e a marcação encaixada pela nosso treinador. E o principal que é a nossa torcida, não só organizada, mas toda a torcida que lota o ginásio, que, quando começa a cantar, vira o sexto homem e faz com que os nossos jogadores deem um pouco a mais e que os nossos adversários sintam um pouco a perna e não joguem tão bem. É uma atmosfera que impressiona bastante.