A tradicional rivalidade já estabelecida entre brasileiros e argentinos na Libertadores agora terá seu primeiro capítulo no futebol feminino para uma equipe do Rio Grande do Sul. A última rodada reserva para o Inter o encontro com o Boca Juniors valendo a liderança da chave. Os times entram em campo nesta quinta-feira (12), às 19h30min (horário de Brasília), no Estádio Metropolitano de Techo, em Bogotá.
Mesmo com a vaga assegurada para às quartas de final, o Inter lutará para terminar na primeira colocação do seu grupo. Neste momento, com 100% de aproveitamento em duas rodadas, uma vitória ou até um mesmo um empate já garantem a conquista de mais um objetivo dentro da competição.
O posicionamento dentro da chave também será decisivo para definir a rival das quartas de final. As Gurias Coloradas irão enfrentar um dos clubes que está no Grupo C. Entre os potenciais adversários estão Corinthians, Colo-Colo e Libertad Limpeño. No melhor cenário, assegurando a liderança, poderia evitar de enfrentar o time paulista, que se tornou uma pedra no sapato.
A partir do peso do duelo, a preparação da comissão técnica avalia dois principais aspectos, começando pela questão física. Com o desgaste de jogar a cada três dias e da altitude de 2.600 metros de Bogotá, local do jogo, algumas atletas poderão ser preservadas. Há também a situação individual das jogadoras penduradas. São quatro nomes titulares que estão nesta condição: as laterais Tamara Bolt e Eskerdinha, a meia Analuyza e a atacante Belén Aquino.
Apesar do regulamento prever que os cartões serão zerados a partir da fase de matas, caso uma atleta pendurada receba o segundo amarelo, estará suspensa nas quartas de final. Capelinha, que recebeu o segundo amarelo contra o América de Cali, está suspensa. A meio-campista estará à disposição para o próximo jogo.
— É um jogo bem casca de banana. Ao mesmo tempo em que estamos classificados, a gente quer muito a primeira colocação para ter um confronto do mesmo do nível que a gente espera nas quartas de final. Sabemos também que temos uma condição hoje de equipe, com quatro jogadoras próximas da suspensão se tomarem o amarelo. Então, é tentar achar esse equilíbrio. O mais importante é que quem entrar estará preparada — destacou o técnico Lucas Piccinato em entrevista à reportagem de GZH.
Oportunidade para novos nomes
Para a partida, ao menos uma modificação já está confirmada: Zóio vai assumir a titularidade na vaga de Capelinha. Além da troca por suspensão, outros nomes poderão ser novidades na escalação.
Para as laterais, Roberta é principal opção para a preservação de Tamara Bolt ou Eskerdinha, ambas penduradas. No mesmo cenário, Fabiola Sandoval e Soll, que entraram nas duas partidas ao longo do segundo tempo, contribuindo para os placares, podem conquistar a titularidade pela primeira vez, nas vagas de Belén Aquino ou Analuyza.
— Todas as trocas até agora têm entrado com um nível de preparação muito bom. E a gente espera que quem entrar consiga executar um nível muito alto, que é o que a Libertadores tem pedido até agora —apontou o treinador colorado.
Os perigos do Boca Juniors
No primeiro confronto com o Boca Juniors no futebol feminino, o Inter irá encontrar a equipe que é a atual vice-campeã da competição e busca seu título inédito. Maior campeã do futebol argentino na modalidade, a equipe está em sua oitava participação — é o segundo clube com mais participações na história da Libertadores.
É um elenco com diversas potencialidades, começando pela treinadora. Florencia Quiñones foi anunciada em abril deste ano pelo clube para a vaga de Jorge Martínez, acusado de abuso sexual por uma funcionária do clube. Aos 36 anos, a ex-jogadora já passou pelo próprio Boca, pelo Barcelona e pela seleção argentina. Já havia sido auxiliar-técnica nas categorias de base do clube.
O time que sofreu apenas dois gols, assim como o Inter, tem uma goleira à nível de seleção: Laurina Oliveros, de 30 anos. No clube desde 2020, é um dos principais nomes do grupo. Titular do gol da seleção da Argentina, acabou ficando de fora da Copa do Mundo Feminina por uma lesão na mão.
No meio-campo, também será necessário atuação redobrada com Camila Gómez. A camisa 10 do Boca é responsável por comandar as principais ações da partida. Além disso, marcou dois gols na vitória sobre o Nacional e é artilheira da equipe no torneio.
— É um jogo que a gente estava aguardando. Almejando desde que saiu o grupo. O Boca fez uma Libertadores de 2022 muito boa. Deixou pelo caminho a Ferroviária na fase de grupos, depois pegou o Corinthians, passou pelo Corinthians, e fez uma grande final. É uma equipe muito cancheira e que sabe jogar. E sabe jogar muito bem no contra-ataque. Vai ter de ser uma arma nossa saber limitar esses contra-ataques da equipe do Boca e, ao mesmo tempo, jogar o nosso jogo — projetou o técnico Lucas Piccinato.