Capitã da Seleção Brasileira, Marta lamentou a frustração gerada pela eliminação precoce com o empate sem gols com a Jamaica, nesta terça-feira (2). O resultado deixou o Brasil na terceira colocação do Grupo F.
— É difícil falar num momento desses. Não era assim nem nos meus piores pesadelos, a Copa que eu sonhava. Mas ainda é só o começo. O povo brasileiro pedia a renovação, e está tendo renovação. A única velha aqui (no elenco) sou eu. A maioria são meninas que têm muito talento e um caminho enorme pela frente. Eu termino aqui, mas elas continuam — disse a camisa 10, contendo a emoção.
A visão da seis vezes melhor do mundo é de um futuro ainda melhor para a modalidade. Assim como ela cresceu em uma cultura que não mostrava ídolos para ela, a alagoana espera que a sociedade siga torcendo e acreditando nas jogadoras de futebol feminino:
— Quero que as pessoas, no nosso Brasil, mantenham o entusiasmo que tinham quando começou a Copa. Estamos vendo seleções que tomavam goleadas nas outras Copas e agora estão jogando de igual. Isso mostra que o futebol feminino cresce, e que é um produto rentável, que dá prazer de assistir — complementou.
— Não tem mais Copa para a Marta, mas estou muito grata. Estou muito contente pelo que estou vendo acontecer no futebol feminino no Brasil e no mundo — despediu-se.
Questionada sobre as dificuldades dentro de campo no duelo contra a Jamaica, Marta apontou para o nervosismo no campo ofensivo. Com 73% da posse de bola, a Seleção finalizou 18 vezes, contra apenas 3 tentativas das jamaicanas.
— A comunicação estava difícil entre a gente no ataque, fazer com que a bola ficasse no chão e as trocas de passe continuassem. Faltou paciência para trabalharmos a bola perto da área. E isso tornou tudo mais difícil, pois era o jogo que a Jamaica queria. Sabíamos que elas viriam assim. Os números mostram que estivemos com a bola o tempo todo, só uma equipe queria jogar. Nessas horas que precisa manter a posse perto da área porque qualquer deslize delas nos daria a chance de um passe para dentro da área.
A camisa 10 pediu para que as pessoas que vivem o futebol feminino não valorizem as críticas de quem não está dentro do contexto.
— A renovação tem que continuar. Temos que continuar apoiando as gurias, pois ano que vem tem olimpíada. Do mesmo jeito que o ambiente animou agora, que continuem apoiando, que seja contínuo pois o trabalho tem que continuar. Confio muito no trabalho que é feito pela comissão técnica e nas meninas. Temos que pensar nos nossos familiares e nas pessoas que sempre apoiaram, pois vão continuar apoiando. Continuem apoiando. Os críticos vão sempre existir — comentou.
Sobre o favoritismo, Marta ponderou que ele não foi suficiente:
— Entramos favoritas mas não fizemos o suficiente para sair com as vitórias. Temos talentos e uma equipe forte? Temos. Mas infelizmente hoje nosso jogo não deu certo. A Jamaica foi mais inteligente para cozinhar o jogo.
A técnica Pia Sundhage também lamentou o desempenho das jogadoras no empate sem gols. Para a sueca, a falta de oportunidades ofensivas foi determinante para que a vitória não acontecesse.
— Primeiramente, tínhamos de ter criado mais chances e precisávamos finalizar melhor. A Jamaica jogou bem e nós não conseguimos. É muito triste, pois tínhamos expectativas de fazer uma Copa muito boa. Aqui estamos e temos que encarar o resultado — disse a treinadora.
Esta foi apenas a terceira eliminação nesta fase inicial do torneio. As outras duas vezes tinham sido em 1991 e 1995, as primeiras edições.
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