É inegável que o futebol feminino ganhou espaço e destaque nos últimos anos, mas quando o assunto é comandar seleções, as mulheres ainda não são maioria. Das 32 nações classificadas para disputar a Copa do Mundo Feminina, apenas 11 terão treinadoras. GZH apresenta quem são elas e quais os objetivos destas equipes para a competição.
África do Sul
Nascida na Cidade do Cabo, a ex-jogadora e agora treinadora Desiree Ellis está no comando da seleção sul-africana desde 2016, mas foi em 2022, quando conquistou Copa Africana das Nações, que a equipe teve o seu resultado mais expressivo. Ao longo da trajetória rumo ao título inédito e continental, as sul-africanas sofreram apenas um gol nos três jogos eliminatórios.
Apostando no esquema tático 4-1-4-1, conhecido por ser uma maneira mais equilibrada de se postar em campo, a equipe vem com quatro defensoras, três meio-campistas e uma centroavante. A ideia principal é fazer com que a bola chegue aos pés da talentosa atacante Thembi Kgatlana, 27 anos, e de Jermaine Seoposenwe, 29 anos. Na prática, uma defesa sólida com a experiente Noko Matlou, 37 anos, e um ataque fluído. Outra jogadora que merece atenção é Hildah Magaia, 24 anos, que foi escolhida como a melhor jogadora do Campeonato Feminino do Sul da África em 2020, e ainda marcou os dois gols da final contra Marrocos na Copa Africana das Nações.
O principal objetivo desta seleção é garantir a primeira vitória em mundiais e, quem sabe, passar para a fase de mata-mata.
Bônus: esse esquema tático é o mesmo que foi utilizado pela seleção masculina da Alemanha na Copa do Mundo de 2014.
Alemanha
Martina Voss-Tecklenburg é treinadora da equipe alemã desde 2018 e, foi no ano passado que chegou à final da Eurocopa. Não levantou a taça da competição, mas o vice-campeonato da UEFA Euro feminina deu o impulso que faltava para o futebol feminino germânico.
A treinadora prefere o esquema tático 4-3-3, com futebol intenso, pressão e marcação alta. A seleção alemã aposta no bom preparo físico, já que algumas jogadoras chegam a percorrer mais de 10 quilômetros ao longo das partidas, roubadas de bola no campo das adversárias e acionando as atacantes rapidamente para criar chances de gol.
As alemãs pretendem chegar ao pódio nesse mundial. Para isso contam com a atacante e cérebro do time, Alex Popp, 32 anos. A jogadora é capitã da equipe e se destaca pelo jogo aéreo. Outra atleta que chama atenção é a volante Lena Oberdorf, 21 anos, que em março deste ano foi escolhida, no The Best Fifa Football Awards, para a Seleção Mundial Fifa FIFPRO.
Bônus: a seleção alemã é a única a ter conquistado ao menos dois títulos com as equipes femininas e masculinas. Além disso, de acordo com a Fifa, em cinco mundiais a equipe foi eliminada por seleções que foram campeãs nas respectivas competições.
Brasil
Desde 2019, a Seleção Brasileira tem como treinadora Pia Sundhage, uma das comandantes mais vencedoras e prestigiadas do futebol feminino. Os torcedores que acompanharem a equipe vão perceber uma troca de bastão entre gerações quase que completa. Não teremos, por exemplo, Cristiane e Formiga ao lado de Marta, que enfrenta problemas físicos.
A sueca tem apostando em uma defesa sólida, já que conta com atletas altas e mais técnicas. Também variou o esquema tático neste ciclo de mundial, mesmo que o mais utilizado seja o 4-4-2. Pegando essa estratégia como base, o time apresentaria linhas de jogadoras mais próximas, compactadas, com jogo mais coletivo e bola no chão. Foi com esse futebol coeso que conquistou a Copa América feminina no ano passado e disputou a Finalíssima contra a seleção inglesa.
Além da rainha Marta, a equipe brasileira tem a meia-atacante Debinha, 31 anos, e a atacante Kerolin, 23 anos, ambas com habilidade técnica. É com essa reestruturação do futebol brasileiro que a Seleção busca avançar para a fase de mata-mata e ir além.
Bônus: o Brasil integra o grupo de seleções que participaram de todas as edições da Copa do Mundo Feminina.
China
A treinadora chinesa Shui Qingxia tem um currículo recheado de conquistas, como atleta foi pentacampeã asiática e medalhista de prata. A seleção da China está sob o seu comando desde 2021. E, já em 2022, Qingxia conseguiu quebrar um jejum de 16 anos ao conquistar a Copa Asiática sobre a Coréia do Sul.
O esquema tático é 4-4-2, assim como o Brasil em muitas partidas, tem o equilíbrio defensivo como chave para o sucesso. A equipe busca superar as quartas de final, que vem sendo um obstáculo nos últimos mundiais.
Em quem devemos ficar de olho? Além da treinadora, quem se destaca é a atacante Wang Shanshan, 33 anos, pois tem força física e habilidade. Já foi eleita melhor jogadora da Copa Asiática de 2022 e Jogadora do Ano na China.
Bônus: as melhores campanhas da seleção chinesa foram um quarto lugar na Suécia 1995 e o vice-campeonato nos EUA 1999.
Costa Rica
Com Amelia Valverde, a seleção da Costa Rica chega a sua segunda participação em Copa e quer alcançar as oitavas de final, o que seria a melhor campanha em mundiais. A treinadora assumiu a equipe em 2015, na primeira participação do país, e mudou o futebol feminino costarriquenho ao estabelecer equipes para observar as novas gerações de atletas.
A estrela do time é a meio-campista Raquel Rodríguez Cedeño, 29 anos, que já disputou 100 partidas pela Seleção da Costa Rica, com 55 gols, tornando-se a maior artilheira da equipe, segundo dados da Fifa.
Bônus: a Costa Rica foi eliminada pelo Brasil na Copa de 2015, por 1 a 0.
Inglaterra
Enquanto nação, a Inglaterra ostenta uma das ligas de futebol feminino mais bem estruturadas e isso se reflete na Seleção, que tem um dos melhores elencos, seja atletas titulares ou reservas. Sob o comando de Sarina Wiegman desde 2021, a equipe conquistou a Eurocopa feminina do ano passado em casa. A ambição desta equipe é levar a taça para a sua população apaixonada por futebol.
A treinadora frequentemente usa o esquema 4-2-3-1, com variação em algumas partidas se aproximando do 4-3-3, apostando em um futebol fluído e envolvente, sem deixar a garra de lado.
A jogadora de destaque dessa equipe é a meio-campista Keira Walsh, 26 anos, considerada por muitos o cérebro e o coração do time. A atleta dita o ritmo e é dona de passes decisivos no ataque.
Bônus: Wiegman recebeu o prêmio The Best Fifa de Melhor Treinadora no futebol feminino pela terceira vez na carreira.
Irlanda
A estreante em mundiais chega sob o comando de Vera Pauw, que apesar da classificação inédita para a competição, não agrada a todos. O esquema tático 5-4-1 adotado pela equipe rende críticas por ser muito defensivo, mas que tem se mostrado eficaz.
A seleção irlandesa tem um forte sistema defensivo e meio-campo, até pela estratégia de jogo não poderia ser diferente. Além disso, a bola parada também é um trunfo.
A camisa 10 da equipe é a meio-campista Denise O’Sullivan, 29 anos, que é colocada por muitas treinadoras na prateleira de melhores jogadoras do mundo. A atleta mantém a regularidade do ótimo futebol há vários anos. A equipe busca sobreviver a um grupo duro que tem Austrália, Nigéria e Canadá. Com toda a certeza, seria um sonho chegar nas oitavas de final.
Bônus: a talentosa centroavante Abbie Larkin, 18 anos, subiu para a seleção profissional aos 16 anos.
Itália
O futebol feminino italiano vive momentos de altos e baixos. Com Milena Bertolini como treinadora desde 2017, a Copa do Mundo Feminina de 2023 é a chance da seleção se reerguer e mostrar todo o seu potencial.
As atletas também carregam consigo o "dever" de promover o futebol feminino para um país que recém profissionalizou o campeonato. Como podemos observar, há muito em jogo neste mundial.
Bertolini gosta do esquema 4-3-3, mas também como alternativa o 4-4-2, quando explora jogadas pelas pontas, com um meio-campo versátil e próximo do ataque. A equipe tem a atacante Cristiana Girelli, que atua bem nos dois esquemas propostos pela treinadora.
Bônus: o melhor desempenho desta seleção foi alcançar as quartas de final nas edições da China e França.
Nova Zelândia
A seleção anfitriã da Copa do Mundo já disputou cinco mundiais, mas nunca passou da fase de grupos, sendo este o principal objetivo nesta edição. A técnica Jitka Klimkova busca reverter a sequência negativa de 10 jogos sem vencer, tendo como ponto fraco a pouca força ofensiva.
A treinadora está com a equipe desde 2021 e tem como proposta de mudar a mentalidade e fazer com que o time jogue para ganhar, ou seja, abandonar uma postura totalmente defensiva. Klimkova aposta na zagueira Ali Riley, 35 anos, como a líder para essa mudança de comportamento.
Bônus: a Nova Zelândia nunca venceu em uma Copa do Mundo, somando 15 partidas sem vitória.
Noruega
A seleção da Noruega tem como treinadora a melhor jogadora da história do país, a ex-meio-campista Hege Riise. A equipe que já tem uma taça mundial em seu currículo, inclusive com Riise no elenco, tem como ponto forte o setor defensivo. Desde que assumiu em 2022, nos últimos cinco jogos, o time não sofreu gols.
A treinadora vem organizando o time sob o esquema tático 4-3-3. Porém, isso pode mudar já que conta com o retorno das principais jogadoras a ponta Caroline Graham Hansen, 28 anos, e a atacante Ada Hegerberg, 27 anos.
Bônus: as escandinavas chegaram duas vezes à final da Copa do Mundo feminina, mas venceram em apenas uma das oportunidades.
Suíça
Desde o final de 2022, a seleção da Suíça tem como técnica a ex-jogadora alemã, Inka Grings. Apesar dos bons números como atleta, tornando-se a terceira maior artilheira da Alemanha, com 64 gols, ela não conseguiu estar nos elencos das campeãs do mundo em 2003 e 2007. Entretanto, foi campeã europeia duas vezes com a seleção da Alemanha.
É com esse forte currículo de conquista de sua treinadora que a Suíça chega para a segunda participação em mundiais. Contudo, o time ainda não encaixo e nem conseguiu vencer sob o comando de Grings, que frequentemente, opta pelo 4-4-2.
A atacante Ramona Bachmann, 32 anos, e a meio-campista Riola Xhemaili, 20 anos, são as apostas da treinadora para mudar o cenário e supreender na Copa do Mundo feminina.
Bônus: com 57 gols, Bachmann é a segunda atleta com mais jogos e a segunda maior artilheira da história da seleção feminina da Suíça.