O ano de 2023 representa mais uma oportunidade para a Seleção Brasileira feminina buscar um feito inédito: a conquista de uma Copa do Mundo. Se recordar o passado representa uma inspiração ao futuro, a edição de 2007 pode servir de grande aprendizado para uma nova geração que tem um longo caminho a percorrer.
Presente em todas as edições das Copas, o Brasil tem duas colocações no pódio ao longo de oito torneios. A mais expressiva está no ano de 2007, quando ficou com o vice-campeonato. Antes da chegada à decisão do título, em Xangai, é preciso destacar a campanha no Jogos Pan-Americanos.
Naquele mesmo ano, no Rio de Janeiro, a Seleção conquistou o seu segundo ouro de forma consecutiva. O feito é considerado como um dos grandes marcos para a modalidade. A vitória por 5 a 0 sobre o Estados Unidos, em um Maracanã com mais de 67 mil pessoas, fez com que os torcedores brasileiros olhassem de uma outra forma para o futebol de mulheres.
O lugar mais alto do pódio coroou uma campanha impecável. Em seis jogos, foram seis vitórias, com 33 gols marcados e nenhum sofrido. Triunfos sobre as seleções do Uruguai, Jamaica, Equador, Canadá, México e, na final, os Estados Unidos. A artilheira da equipe foi Marta, com 12 gols, seguida por Cristiane, que balançou as redes oito vezes.
A Copa histórica
Com os talentos de Marta, Cristiane, Formiga, além de Pretinha, Maycon, Tânia Maranhão, Daniela Alves e Ester, o time comandado por Jorge Barcellos passou com certa tranquilidade na fase de grupos: 5 a 0 sobre a Nova Zelândia, 4 a 0 sobre a China e 1 a 0 sobre a Dinamarca.
No primeiro mata-mata, nas quartas de final, enfrentou a Austrália. A Seleção chegou a abrir 2 a 0 no placar, com gols de Formiga e Marta. Mas De Vanna e Colthorpe deixaram tudo igual. A decisão parecia se encaminhar para a prorrogação até que aos 30 minutos do segundo tempo, Cristiane apareceu para a fazer a diferença e garantir a classificação.
Novo atropelo sobre os EUA
Na semifinal, o Brasil não tomou conhecimento dos Estados Unidos. Diante das bicampeãs mundiais, teve sua melhor atuação no Mundial da China, e encerrou a série invicta de 51 partidas das adversárias.
O placar de 4 a 0 foi comandado pelo ataque de ouro de Marta e Cristiane, que ainda contaram com uma ajudinha das adversárias, a partir do gol contra de Leslie Osborne. A goleada foi marcada também por um dos gols mais bonitos de Mundial, que saiu dos pés de Marta. (Confira os gols)
Decisão contra a Alemanha
A classificação para a final em Xangai representou um momento histórico: era a primeira vez que o Brasil chegava a uma decisão de título em Copa do Mundo. Pela frente, teve a forte seleção alemã.
Depois de um primeiro tempo em 0 a 0, a volta do intervalo foi desastrosa para o Brasil. Logo aos 7 minutos, em uma falha da defesa brasileira, Birgit Prinz, eleita a melhor jogadora do mundo por três vezes, completou para o gol após o cruzamento de Smizek.
Minutos depois, Marta teve a chance do empate, mas desperdiçou a penalidade. Aos 41 minutos, Laudehr marcou o segundo gol e decretou a festa germânica.
Apesar da perda do título, Marta, a camisa 10 do Brasil, foi eleita a artilheira da Copa de 2007 com sete gols e escolhida a melhor jogadora do torneio.
Quem eram as convocadas
Para o Mundial, o técnico Jorge Barcellos manteve as 18 atletas que conquistaram a medalha de ouro no Pan do Rio, além de outras três novidades. Da lista a seguir, há nomes que ainda seguem em atividade. A goleira Bárbara, por exemplo, atua no Flamengo. Cristiane está no ataque do Santos. A zagueira Aline Pellegrino atua na CBF, como coordenadora das seleções femininas. Simone Jatobá, ex-lateral, é a treinadora da seleção sub-17.
- Goleiras: Andréia, Bárbara e Thaís Helena
- Zagueiras: Aline Pellegrino, Elaine, Tânia e Mônica
- Laterais: Daiane Rodrigues (Bagé), Rosana Augusto, Simone Jabotá e Michele
- Meio-campistas: Andréia dos Santos (Maycon), Daniela Alves, Ester, Grazielle e Renata Costa
- Atacantes: Cristiane, Pretinha, Marta, Formiga e Kátia Cilene
A escalação do Brasil na final contra a Alemanha: Andreia; Elaine, Aline (Kátia), Tânia (Pretinha) e Renata; Ester (Rosana), Maycon, Formiga, Daniela, Marta e Cristiane. Técnico: Jorge Barcellos.
Como era o futebol feminino em 2007
O sucesso da Seleção Feminina, com as conquistas consecutivas das medalhas de ouro em 2004 e 2007, além do vice-campeonato Mundial, fizeram com a CBF voltasse a promover competições.
A partir daquele mesmo ano, nasce a chamada Copa do Brasil. Ela antecede à Taça Brasil, competição amadora de futebol feminino, que perdurou de 1983 a 2007. Naquele momento, a modalidade não era desenvolvida em todos os clubes — algo que passa a ser obrigatório para times da Série A a partir de 2019.
O Campeonato Brasileiro, uma das principais competições do calendário feminino, é criado apenas em 2013. A partir de 2017, a fórmula é alterada: além da série principal, é instituída a Série A-2, equivalente à Segunda Divisão.
Uma nova chance em 2023
Neste ano, no Mundial da Austrália e Nova Zelândia, o Brasil terá a oportunidade de melhorar o retrospecto. Nas duas últimas edições, a equipe não conseguiu passar da fase de oitavas de final.
As campanhas do Brasil em Copas do Mundo
- 1991 - 9° lugar - não passou da fase de grupos
- 1995 - 9° lugar - não passou da fase de grupos
- 1999 - 3° lugar - venceu a disputa do terceiro lugar contra Noruega
- 2003 - 5° lugar - eliminação nas quartas para a Suécia
- 2007 - 2° lugar - perdeu o título para a Alemanha
- 2011 - 5° lugar - eliminação nas quartas para os EUA
- 2015 - 9° lugar- eliminação nas oitavas para a Austrália
- 2019 - 10° lugar - eliminação nas oitavas para a França