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— Quem diria que um dia eu estaria ali dentro vestindo a camisa do Juventude. É um sonho, um momento único.
A Karol de 11 anos de idade, que torcia para o Ju nas arquibancadas do Alfredo Jaconi, vislumbrava estar ali dentro defendendo as cores do clube. Mas não pensava que um dia, aos 21 anos, aquilo sairia do mundo utópico para o real.
— Desde pequena, sempre fui apaixonada pelo Juventude. Sempre ia no estádio ver os jogos. Sempre olhei de fora, da arquibancada, como um sonho. Quando eu recebi a proposta para jogar no Juventude, foi um sonho que realizei. Agora, sábado, disputar um acesso dentro do Jaconi é uma coisa que não tem preço. Não tem dinheiro nenhum que pague, estou ansiosa para viver esse momento — avalia a meia, em entrevista para GZH.
Um dos momentos mais marcantes que viveu nas arquibancadas no Alfredo Jaconi é o que buscará repetir neste sábado (27), às 15h, diante do Pinda. Em setembro de 2013, o Juventude começou a se reerguer no cenário nacional. Após a queda brusca da Série A à Série D, o clube buscou o primeiro acesso naquela temporada. As partidas mais emblemáticas — e decisivas — foram contra Londrina e Metropolitano, diante do torcedor.
Em 8 de setembro, o Ju tinha de passar pelo time paranaense para seguir lutando para subir. A situação, que parecia controlada após gol de Rafael Pereira, ganhou ares de dramaticidade quando o Londrina empatou. O relógio já passava dos 40 minutos e o Alviverde precisava de dois gols para se classificar. As esperanças de acesso pareciam escorrer por entre os dedos, mas aí brilhou a estrela de um cara.
— Logo após o gol da Londrina, o torcedor começou a gritar "eu acredito". Até me arrepio em falar, porque começo a lembrar de tudo que foi aquele jogo. Não foi só especial para o clube e para a torcida, mas para o Zulu também. Foi um divisor de águas, onde muita gente conhecia o atleta Zulu apenas e, após esse jogo, o comentário era o "Zulu do Juventude". Então, para mim, sem dúvida nenhuma, é um jogo inesquecível — relembra o centroavante Zulu, que marcou dois gols e garantiu a classificação do Ju ao mata-mata decisivo, em entrevista a GZH.
O que Zulu não lembra é do fato que aconteceu antes da partida. Antes de ir para a arquibancada torcer pelo Ju, Karol esperou a chegada do elenco ao Alfredo Jaconi e pediu foto para o centroavante e para o zagueiro Diogão. O defensor, inclusive, foi um dos principais responsáveis pelo acesso. No confronto decisivo, em Caxias, tirou em cima da linha a bola que daria o acesso ao Metropolitano.
— Eu era fãzaça deles dois. As fotos foram antes de começar o jogo (decisivo contra o Londrina) e elas vieram com a sorte. Zulu fez os gols da classificação, e é um grande cara. Fiquei muito feliz naquele momento, pulei, gritei, chorei na arquibancada. É um sentimento que só quem vive sabe — complementa a camisa 10 do Ju:
— O time estava desacreditado (depois do gol do Londrina), foi lá, fez dois gols e é um momento incrível. Só quem é juventudista sabe. Eu fico feliz porque, quando deu o apito final, os jogadores estavam muito emocionados, os torcedores chorando, foi um momento único.
![Arquivo pessoal / Karol Oliveira Arquivo pessoal / Karol Oliveira](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/7/9/7/2/2/7/4_fa67a2d23dd1c44/4722797_c74c5c1337ebafa.jpg?w=300)
Agora, contra o Pinda, Karol tem a chance de colocar seu nome na história do clube, junto com os de Zulu e Diogão. Para isso, espera contar com o apoio da papada nas arquibancadas do Alfredo Jaconi. Além disso, também terá uma torcida especial lá dos Estados Unidos.
— Aproveita o momento, tanto você quanto as outras atletas, concentradas do início ao fim, mas nem preciso dizer porque isso é de praxe. Por mais que, nós, atletas, planejamos fazer as coisas corretas, às vezes elas saem do eixo. Então, mantenha o foco e a fé, é o mais importante, porque o restante vai se encaixar e a torcida vai junto com vocês. Boa sorte e sucesso nesse acesso — disse o centroavante Zulu, que agora atua como coach nos EUA.
Em 2013, foram mais de sete mil torcedores empurrando o Juventude rumo a uma vitória épica diante do Londrina. Agora, a expectativa das gurias é contar com ao menos metade disso para escrever o capítulo mais importante do futebol feminino alviverde.
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— É uma emoção enorme tu jogar com torcida, com as pessoas te apoiando, te erguendo, te incentivando, porque querendo ou não é um gás maior que a gente tem. Desde o ano passado, estamos com essa torcida nos apoiando. E, especialmente para mim, que tenho minha família por perto, meus amigos sempre ali me apoiando. Não tem sensação melhor — ressalta a meia.
Uma vitória separa as Gurias Jaconeras do acesso. O primeiro do futebol feminino do clube. O primeiro do interior gaúcho. O que ficará para a história.