Fui ao estádio como torcedor. Ganhei um ingresso para Brasil x Coreia do Sul muito próximo ao gramado e tive oportunidade de ter uma das grandes experiências possíveis numa Copa do Mundo.
Como estava sem compromisso com as entregas de conteúdo, coloquei meu manto do Grêmio. Deu sorte. Mesmo que não use em outras partidas, levarei junto comigo.
Minha localização no estádio era Bloco 104, segunda coluna, assento 19. Me dei por conta que estava em meio aos familiares e amigos dos jogadores da Seleção Brasileira. Fiquei próximo à família do Alex Telles, mas facilmente consegui reconhecer quem era a turma de quem dos demais jogadores.
Vi a dona Rose Bachi, esposa de Tite. Parecia feliz com o desempenho do time, que acabou com a partida em 45 minutos. O técnico do Brasil foi responsável por um momento de risos da "nossa turma", quando dançou o pombo com Richarlison. Parecia uma plateia de stand up, rindo com alegria de um momento engraçado e de parceria entre treinador e jogadores.
Foi interessante estar próximo dessas pessoas. Independentemente do que acontecer por aqui, eles são torcedores daqueles homens que vão a campo. Uma torcida genuína, guiada pelo amor de quem vê todo o esforço de um atleta de alto rendimento. Ver isso de perto foi importante para eu me humanizar em relação à Seleção Brasileira.
Vai passar, Telles!
Ao final da partida, percebi a movimentação lenta de um dos atletas da delegação. Arrastava a perna e fazia gestos em direção à arquibancada, dando a entender de que iria até aquelas pessoas.
Era Alex Telles, cortado por lesão. Escoltado por Fernandão, segurança do Grêmio e da Seleção Brasileira, foi até os seus familiares. Abraçou seus pais e irmã. Um por vez. É isso que sempre precisamos quando passamos por um momento ruim. Abraço de quem se importa com a gente.
Fui até o Telles, nosso parceiro de longa data de O Bola nas Costas, e disse o tradicional "tamo junto". Fizemos uma foto e postei. Horas depois recebi uma mensagem do próprio Telles: "Foi mal a minha cara na foto. Tava tristão, mas vai passar, mano. Na próxima a gente bate uma foto na alegria. Dia 18", escreveu.
Eu estou triste pelo Telles. Nosso conterrâneo, está realizando o sonho de todo menino que sonhou em ser jogador de futebol. O que me conforta é relembrar aquele abraço dos familiares dele. Ele está triste? A gente também. Mas um abraço da família é tudo o que sempre precisamos.