A estratégia adotada por Tite de preservar os titulares do Brasil na última rodada da fase de grupos rendeu uma semana de descanso. Ainda que seja a única que poupou os 11 titulares, na derrota para Camarões, o Brasil não foi a seleção que conseguiu mais dias livres de descanso para seus craques entre duelos decisivos antes das fases eliminatórias.
Entre os classificados para as quartas de final, França e Portugal são os que mais conseguiram deixar seus jogadores frescos para a reta final. É importante dizer, ainda, que assim como o Brasil com equipe alternativa, os europeus também perderam seus duelos nessa circunstância na fase de grupos, Tunísia e Coreia do Sul, respectivamente.
A França preservou parte dos titulares na última rodada por também estar com a classificação encaminhada. Assim, os que não jogaram tiveram nove dias de “folga”, dois a mais do que os brasileiros. A derrota por 1 a 0 dos franceses para a Tunísia teve a presença apenas de Varane e Tchouameni, que eram reservas mas atuaram como titulares depois disso.
Já Portugal escalou um time misto contra os adversários na terceira rodada. O descanso para os que não atuaram foi de oito dias. Os portugueses também perderam sua partida com equipe alternativa, para a Coreia do Sul.
— O descanso maior é uma vantagem, como pudemos ver dentro de campo com o resultado e desempenho destas equipes, quanto mais tempo melhor. Mas é preciso enxergar o futebol como um todo, os aspectos técnicos, táticos e anímicos, que influenciam também no desempenho físico. Este conjunto faz a nossa Seleção Brasileira ter outra vantagem, porque temos um time de preparadores e assistentes técnicos de ponta — avalia o professor de Educação Física na Unisinos e ex-fisiologista do Grêmio, José Leandro Oliveira.
Outra que poupou metade do time ao final da fase de grupos foi a Espanha, mas acabou eliminada nas oitavas para o Marrocos, nos pênaltis. O time africano foi outro que precisou disputar todos os jogos até aqui com a equipe principal.
A Croácia, cujo técnico reclamou do pouco tempo de descanso entre os duelos decisivos e ainda precisou encarar uma prorrogação e uma disputa de pênaltis nas oitavas de final, não pôde poupar seus principais atletas por ter lutado pela classificação até a última rodada do Grupo F.
Além da Croácia, Marrocos, Argentina, Inglaterra e Holanda são as cinco equipes que chegam às quartas de final sem preservar jogadores titulares em nenhum momento, precisando recuperar seus atletas no tempo padrão de três a quatro dias de descanso entre cada partida.
Considerando toda a caminhada, serão sete jogos em 27 dias, no caso da Holanda, primeira das oito restantes a estrear, no dia 21 de novembro, ou em um intervalo de 24, se for Portugal, que fez o primeiro jogo três dias depois. A final está marcada para o próximo dia 18 de dezembro.
— Na reta final é preciso priorizar 100% o descanso. Não existe nenhuma técnica melhor de repouso físico e mental para o atleta do que o sono, combinado, claro, aos tratamentos de fisioterapia e exames fisiológicos, desde que estejam com a cabeça também 100% naquele jogo e nessa fase decisiva — pondera José Leandro
Descanso extra para titulares das quartas de final:
França
9 dias: entre a vitória por 2 a 1 sobre a Dinamarca, dia 26 de novembro, pela segunda rodada da fase de grupos, e o 3 a 1 contra a Polônia, dia 4 de dezembro, pelas oitavas.
Portugal
8 dias: entre a vitória por 2 a 0 sobre Uruguai, no dia 28 de novembro, na fase de grupos, e a goleada sobre a Suíça, dia 6 de dezembro, pelas oitavas.
Brasil, única seleção a poupar todos os 11 titulares
7 dias: entre a vitória sobre a Suíça, dia 28 de novembro, na fase de grupos, e a goleada por 4 a 1 sobre a Coreia do Sul, no dia 5 de dezembro, pelas oitavas.