A 40 quilômetros de Doha, existe um Catar bem diferente do que se vê na capital. Na região de Al-Shahaniya, nada de prédios altos, envidraçados, modernos. O caminho é formado por uma estrada de asfalto e muita areia do deserto na volta. Esse é o trajeto que leva até o "camelódromo" do país. Mas engana-se quem acha que lá vai encontrar promoções, compre um, leve dois ou algo parecido. O lugar é onde se pratica o esporte que é paixão nacional: as corridas de camelo.
Os camelos árabes são, na verdade, dromedários, criados na base de leite, mel e tâmaras. E as competições dão prêmios que podem ultrapassar os R$ 5 mil. Tudo financiado pelo governo ou por patrocinadores. A disputa é dividida por categorias que levam em conta a idade, o tamanho e o sexo do animal. Os dromedários podem correr uma velocidade de 65 km/h, em provas de quatro, seis ou oito quilômetros.
Os jóqueis são robôs, comandados por controle remoto. Isso por causa de uma polêmica: menores de idade é que montavam nos animais, mas o risco de acidentes e denúncias de abusos dos direitos humanos levaram à proibição. Também não se pode fazer apostas no país islâmico. Então, quem ganha dinheiro com com as corridas é o fazendeiro, dono do dromedário e sua equipe.
Dando uma voltinha
Subir num dromedário dá medo, não dá para negar. Eles têm cerca de dois metros de altura. Mas não há possibilidade de estar diante de um deles, ter a oportunidade de montar e não viver essa experiência. Claro que essa voltinha foi com um rapaz conduzindo o animal e bem devagarinho. Vocês não pensaram que eu tentaria algo que chegasse próximo a uma corrida, né? Nenhuma chance.
Andei por só 10 minutinhos, o suficiente para entender porque os cataris amam tanto os dromedários. Os animais são dóceis, chegam perto da gente quase que tentando dar um beijinho, gostam de um carinho e são muito tranquilos. Foi realmente um grande passeio, eu amei! E mesmo com aquele frio na barriga, não dava para ir embora sem subir na corcunda de um dromedário pela primeira vez.
Um café tipicamente árabe
Não bastasse tudo o que já tínhamos visto, ainda fomos convidados para tomar um café da tarde em uma fazenda onde se criam os dromedários. Entramos num majilis, que significa "lugar para sentar". Lá já tinha uma bandeja de frutas nos esperando. Entre elas, a bergamota tão querida dos gaúchos para curtir uma lagarteada. Uma delícia, bem docinha.
Para comer, duas regras são importantes: a sola dos pés não deve ficar de frente para a comida e a mão para se servir é a direita. Experimentamos também o karak, um chá com especiarias e leite, uma bebida indiana bastante consumida pelos cataris e saborosíssima. De resto, foi só desfrutar do momento. Salamaleico, amigos.