A final da Copa do Mundo entre França e Croácia tem muito mais do que o envolvimento de duas seleções em um jogo de futebol. Carrega, do lado francês, forte influência da colonização do continente africano. Do lado croata, marcas históricas da dissolução da Iugoslávia nos anos 1990.
As seleções, que se enfrentam 20 anos depois da semifinal na Copa do Mundo de 1998, são formadas por atletas com fortes identidades culturais e talentos esportivos disseminados pela Europa.
GaúchaZH conta as histórias de três jogadores de cada seleção que estarão frente a frente no próximo domingo, em Moscou.
O lado francês
Paul Pogba
Começou a jogar aos seis anos, com passagens por clubes de base na França — Roissy-en-Brie, Torcy e Le Havre. Com 16 anos, ainda na base, transferiu-se para o Manchester United. A mudança gerou grande repercussão, porque o Le Havre acusou o United de aliciamento. A Fifa decidiu que a transferência foi legal.
O meio-campista se profissionalizou em 2011 pelo United. Depois de uma temporada, Pogba decidiu não renovar o contrato e foi para a Itália. Na Juventus, consolidou-se como um jogador de alto nível.
Em 2016, logo depois do vice-campeonato francês na Euro, foi o protagonista da maior transferência da história do futebol mundial. Por 105 milhões de euros, voltou ao Manchester United.
Os altos e baixos ao longo da carreira fizeram com que ele não fosse considerado um pilar para a França, mas fez uma Copa do Mundo sólida e ajudou na campanha até a decisão.
Antoine Griezmann
Sobrenome alemão, ascendência portuguesa, carreira espanhola. Antoine Griezmann, de 27 anos, pode ser considerado um produto da miscigenação europeia. Do lado paterno, tem origem alemã — por isso o sobrenome germânico. Do outro lado, seu avô materno nasceu em Portugal e foi jogador do Paços de Ferreira. Nascido em Mâcon, no leste da França, Antoine jogou em dois times pequenos da cidade antes de se transferir para o Real Sociedad ainda nas categorias de base, quando tinha 14 anos.
Começou a carreira profissional no mesmo Real Sociedad em 2009 e se transferiu para o Atlético de Madrid em 2014 por 30 milhões de euros. Apesar de morar na Espanha desde jovem, sempre optou por defender a seleção francesa — jogou pelos azuis já nas categorias de base e na seleção adulta desde 2014.
Samuel Umtiti
O zagueiro de 24 anos não é natural da França, mas a identificação levou a uma decisão fácil em um tema delicado. Samuel nasceu em Yaoundé, capital de Camarões, em 14 de novembro de 1993. Dois anos depois, ele e seus três irmãos foram levados por seus pais e se estabeleceram em Lyon.
Antes de completar seis anos, Umtiti começou a jogar no Menival. Com oito, já era jogador amador do Lyon. Subiu para o profissional aos 18 anos, em 2012.
Na hora de decidir por qual seleção jogaria, recebeu grande incentivo da federação camaronesa — e até uma conversa com o ídolo local Roger Milla. Mas a decisão estava tomada.
— Eu ainda tenho família em Camarões, mas fui só duas vezes para lá. É parte das minhas raízes, mas não me lembro de como era morar lá. Minha escolha já foi feita, bem pensada. Quero defender a França desde o começo — disse Samuel, quando anunciou a escolha pela seleção francesa.
Com 22, foi contratado por 25 milhões de euros para jogar no Barcelona.
Em sua carreira pela seleção francesa, o zagueiro havia marcado dois gols antes da Copa — ambos em amistosos. O primeiro em partidas oficiais chegou na hora perfeita: o gol da vitória sobre a Bélgica por 1 a 0 que garantiu a França em sua primeira final de Copa do Mundo desde 1998.