Salvo as vaias para Luiz Felipe Scolari no telão, Brasília estava disposta a receber a Seleção com carinho para a disputa de terceiro lugar contra a Holanda, no Mané Garrincha. Hino à capela, salva de palmas a Neymar, grito de pentacampeão e tudo mais.
Tudo ruiu em dois minutos, quando a Holanda marcou o primeiro dos 3 a 0, e levou o terceiro lugar da Copa do Mundo do Brasil.
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Uma das cinco alterações do time titular, Maxwell fora escalado especialmente para reforçar a marcação na esquerda contra as investidas de Robben. Pois foi exatamente por ali que o carequinha passou até ser contido por Thiago Silva fora da área e o juiz argelino Djamel Haimoudi marcar pênalti. O Brasil preferiu não pegar pesado na reclamação. Thiago escapou de ser expulso, e Van Persie converteu.
A partir daí, a Seleção foi desmascarando por conta própria a tese da comissão técnica de que o que ocorrera contra a Alemanha fora uma "pane de seis minutos". Em Brasília, ela se estendeu por todo o primeiro tempo, tanto técnica quanto psicologicamente.
Melhor jogador da primeira fase segundo a Fifa, David Luiz se transformou em uma cabeleira descontrolada campo afora. Terminou penalizado na jogada do segundo gol. Ao tentar apartar um cruzamento tranquilo, vigiado por outros dois brasileiros, David cabeceou para dentro da área. Blind agradeceu e converteu.
O retrato de David na primeira etapa foi o chapéu aplicado por Robben em plena área holandesa, onde o zagueiro tentava resolver tudo sozinho.
Não era o mesmo Brasil que enfrentou a Alemanha porque a Holanda, em vantagem, recuou para suas bem postadas linhas de defesa. E também porque, individualmente, o Brasil estava melhor. De Oscar e Ramires vieram as melhores jogadas. Mas sempre contidas com competência - ou com faltas - pelos holandeses.
A essa altura, a torcida brasiliense largara a Seleção de mão. Apoiava nas jogadas de ataque, mas não se furtava em fazer a ola, em deixar os assentos mais cedo pra não pegar fila no bar. Até um irônico grito de "Fred, Fred!" foi ensaiado.
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Na volta do intervalo, com Fernandinho no lugar de Luis Gustavo e Hernandes no de Paulinho, o Brasil foi mais incisivo, mas sem grandes resultados práticos. O ímpeto de Maicon levou o lateral a ter o nome gritado pela torcida, mas o segundo tempo seguia um enfadonho jogo de investidas brasileiras e rebatidas holandesas.
Aos 25 minutos, a torcida levantou pedindo pênalti de Blind sobre o Oscar, mas o juiz amarelou o brasileiro por simulação. Contato, houve. Tanto que a lesão na canela tirou o lateral holandês de campo.
Hulk ainda entrou para tentar alguns chutes, mas, aos poucos, o Brasil foi parando de ameaçar a defesa da Holanda. E quando o fazia, os comandados de Van Gaal voavam em contra-ataque puxados por Robben, o craque do jogo pela Fifa.
Minutos antes do final, um ensaio de "olé" para a Holanda chegou a ser reprimido pela maioria. Provavelmente não haveriam tantas vaias ao final, não fosse o derradeiro e humilhante gol de Wijnaldum, selando o 3 a 0 e lembrando a torcida da completa reversão de expectativas que foi a Copa para o Brasil - ao menos dentro de campo.
COPA DO MUNDO, TERCEIRO LUGAR, 12/7/2014
BRASIL - 0
Julio César; Maicon, Thiago Silva, David Luiz e Maxwell; Luiz Gustavo (Fernandinho, int), Paulinho (Hernanes, 11'/2ºT), Ramires (Hulk, 26'/2ºT), Oscar e Willian; Jô. Técnico: Luiz Felipe Scolari
HOLANDA - 3
Cillessen (Vorm, 47'/2ºT); De Vrij, Vlaar e Martins Indi; Wijnaldum, Blind (Janmaat, 25'/2ºT), Kuyt, De Guzmán e Clasie (Veltman, 43'/2ºT); Robben e Van Persie. Técnico: Louis Van Gaal
Gols: Van Persie (H, 2'/1ºT), Blind (H, 16'/1ºT) e (Wijnaldum, 45'/2ºT)
Cartões amarelos: Thiago Silva (B), Oscar (B), Fernandinho (B), De Guzmán (H) e Robben (H)
Arbitragem: Djamel Haimoudi, auxiliado por Redouane Achik e Abdelhak Etchiali
Local: Mané Garrincha, Brasília
ZH Esportes