Primeiro país do continente a retomar as competições de futebol durante a pandemia de coronavírus, o Brasil agora estuda um próximo passo: reabrir os portões dos estádios para os torcedores. Com este objetivo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) organizou uma reunião virtual nesta quinta-feira (24), que contou com a presença dos 20 clubes participantes da Série A.
— Nos reunimos com os clubes, que disseram que poderíamos voltar, mas a volta tem de ser isonômica. Ou seja, igual para todos os clubes. E talvez a volta deva acontecer só no returno, ou nas rodadas finais. Mas é apenas o início dos debates. Falei com quase todos os prefeitos das capitais, inclusive com o Nelson Marchezan (prefeito de Porto Alegre), que me disse que não pode, que a prioridade é a volta das escolas. Foi um diálogo muito tranquilo — afirmou o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, em entrevista concedida ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (25).
Presentes no encontro, dirigentes de Grêmio e Inter defenderam a mesma opinião, conforme já antecipado por GZH. Ambos os clubes concordam que o retorno do público deva acontecer de maneira igualitária, ao mesmo tempo para todos os participantes do campeonato.
— A opinião quase majoritária, dos 19 clubes, é igual à da CBF, que é voltar todo mundo junto — afirmou o dirigente da CBF. — O Ministério da Saúde aprovou e, se as autoridades municipais e estaduais aprovarem, voltaríamos respeitando a isonomia entre clubes e a volta gradual com todo o protocolo de saúde — completou.
Atualmente, a 20ª rodada — que corresponde ao início do segundo turno do Brasileirão — está prevista para o dia 8 de novembro. Porém, na semana passada, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro divulgou que pretendia realizar um teste no dia 4 de outubro, na partida entre Flamengo e Athletico-PR, no Maracanã. Inclusive, conforme revelou Feldman, este posicionamento motivou uma discordância durante o plenário.
— Todos os 20 clubes estavam presentes, sem excessão, mais as nove federações dos Estados participantes da Série A. E o presidente Rogério Caboclo (da CBF) colocou uma decisão de que o plenário gostaria de debater sobre o retorno do público nos estádios. Neste momento, o presidente Rubens Salles (da federação fluminense) disse que a assembleia não tinha autonomia para tomar essa decisão. Por que ele fez isso? Ele quer que a decisão seja tomada de maneira independente no Rio de Janeiro, o que os clubes discordam. Aí houve uma altercação, mas acreditamos que já está superado — revelou.
Uma situação que ainda pode provocar debates no futuro diz respeito à possibilidade de que nem todas os governantes liberem a presença de torcida nos estádios. No caso da dupla Gre-Nal, por exemplo, tanto o governador gaúcho, Eduardo Leite, como o prefeito porto-alegrense, Nelson Marchezan Júnior, se mantêm contrários à proposta. Desta forma, Grêmio e Inter podem ter de mandar seus jogos em outras cidades, ou até mesmo em um Estado vizinho.
— O presidente Caboclo perguntou: "Se por acaso tiver alguma cidade que não possa voltar, vocês aceitariam se deslocar para outra cidade?" Os 19 clubes, apenas um não, aceitaram disputar suas partidas com mando de campo que não o original. Nós achamos que deve haver uma margem de 20 a 30% que deve ser compensada com deslocamentos. Mas 70% dos Estados e municípios devem aceitar para termos um retorno equilibrado — concluiu Feldman.
Adiamento de partidas
O tema voltará a ser analisado pela entidade que regula o futebol brasileiro. Outra decisão debatida no encontro virtual foi em torno da possibilidade de adiamento da partida entre Palmeiras e Flamengo, agendada para este domingo. O pedido foi feito pelo clube carioca depois de um grande número de atletas testarem positivo para covid-19 durante a viagem para o Equador, para jogo pela Libertadores. A CBF, porém, não acatou e manteve a partida para este fim de semana.
— Qualquer jogo suspenso ou cancelado complicaria muito, porque teremos dificuldade em encontrar outra data. Então, pedimos aos clubes para registrarem 40 jogadores. Eles têm de se esforçar, apoiar e evitar a supensão de jogos, mesmo com grande quantidade de contaminados, desde que não se corra riscos de saúde — avaliou o secretário-geral.