
A discussão sobre a preservação de jogadores é recorrente no futebol brasileiro. Neste ano, a questão deve ser ainda mais debatida por conta do acúmulo de jogos ocasionada pela pandemia do coronavírus. Tradicionalmente, Grêmio e Inter costumam escalar times mistos e até reservas durante o Brasileirão. Mas afinal, qual a melhor alternativa? A dupla Gre-Nal deve ou não poupar jogadores no principal campeonato do país? Abaixo, a opinião de cinco colunistas de GaúchaZH.
Diogo Olivier
Não tem como fugir disso, ainda mais em um ano de pandemia. No Atlético-MG, que não tem nenhum outro campeonato para jogar, o técnico Jorge Sampaoli está rodando os jogadores e já usou mais de 20 atletas nos jogos do Brasileirão. O importante é não poupar em bloco, mas sim avaliar caso a caso para em todas as partidas ter um time com a espinha dorsal. O ideal é avaliar por setores. No exemplo do Grêmio, se não joga o Geromel, joga o Kannemann. Enfim, tudo isso para se perder o menos possível de conjunto.
Filipe Gamba
Entendo que há momentos em que as preservações se justificam e esse é um deles. O torcedor sempre será contra a preservação de jogadores, salvo raríssimas exceções. Quando o assunto envolve a ausência de atletas titulares em um campeonato como o Brasileirão a indignação é ainda maior. Afinal, o Grêmio não conquista a principal competição do país desde 1996 e o Inter desde 1979 e todo esse movimento de reprovação é compreensível.
Tenho como princípio ser contra poupar jogadores, mas antes de formar uma opinião sobre acertos e erros de preservações é preciso levar em consideração uma série de aspectos: riscos de lesão, maratona de jogos, competições consideradas prioritárias e desgaste em função de viagens. Porém, nesse ano atípico há um novo elemento, o longo tempo de parada das equipes em função da pandemia do coronavírus. Ou seja, acrescenta-se às justificativas anteriores o fato dos atletas terem ficado aproximadamente quatro meses sem disputar uma partida. Talvez, pelo fato de não estar disputando uma outra competição concomitantemente e pelo fato de estarmos ainda nas primeiras rodadas do Brasileirão, isso provoque ainda mais a contrariedade do torcedor.
Leonardo Oliveira
A dupla Gre-Nal não só deve como vai ser obrigada a poupar jogadores. O torcedor faz o raciocínio de que os atletas ficaram quatro meses parados, mas serão muitos jogos em poucos dias. Tem questões de viagem, de desgaste. Por mais que os jogadores tenham todo o acompanhamento, eles vivem sob um estresse mental muito grande. O jogador não é uma maquina. O Brasil tem dimensões continentais. É preciso cumprir viagens longas. Além disso, o calendário não permite treinos, não permite a recuperação dos jogadores. No caso específico do Grêmio, que poupou contra o Ceará, teve também a questão da média de idade dos jogadores. Os atletas que o Renato preservou têm mais do que 30 anos. A estratégia se mostrou correta e o Grêmio conquistou um ponto fora de casa.
Luciano Périco
Deve poupar. Não há como manter competitividade colocando em campo os titulares o tempo inteiro. Jogador de futebol não é máquina. A fisiologia tem que ser um foco importante para o treinador decidir quem deve jogar. Além do Flamengo, de Jorge Jesus, qual foi a outra equipe que teve êxitos, em mais de uma competição, sem alternar as formações? É importante ter um planejamento para escolher as melhores partidas para poupar atletas. Analisar também os desgastes das viagens e o poderio dos adversários que terá pela frente.
Pedro Ernesto
Não se trata de querer ou não querer poupar, é uma questão necessidade. Grêmio e Inter têm viagens muito longas, como foi o caso do Tricolor com o Ceará. Se viaja na terça, joga na quarta e volta na quinta. Os dois clubes estão em três competições e vão ter viagens para tudo que é lado com jogos quarta e domingo sempre. O Grêmio ainda tem a final do Gauchão, que são mais dois jogos difíceis. Enfim, terão que poupar jogadores, sim. Não tem querer ou não querer, pois é uma necessidade inarredável.