Alegando atraso no pagamento de salários e direitos de imagens, jogadores do Figueirense se recusaram a entrar em campo contra o time do Cuiabá na noite nesta terça-feira (20). Com isso, o time levou WO em partida da 17ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro.
Após horas de indefinição no hotel em que a delegação estava hospedada em Cuiabá (MT), os atletas foram até a Arena Pantanal, mas não chegaram a um acordo com a diretoria e permaneceram dentro do vestiário.
Seguindo o regulamento da CBF, o árbitro da partida, Pathrice Wallace Corrêa Maia, aguardou durante 30 minutos a presença dos visitantes antes de declarar o resultado de 3 a 0 contra o Figueirense, que será julgado pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e pode ser multado em até R$ 100 mil.
Em caso de reincidência no WO, o CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva) prevê que a equipe seja excluída da competição e tenha todos os seus resultados anteriores anulados.
Os atletas protestam contra a direção do clube há algum tempo, e, desde a última sexta-feira, essa possibilidade já era cogitada. Trinta e um deles assinaram uma notificação extrajudicial na qual mostraram a intenção de não treinar ou jogar até que houvesse um acerto financeiro.
A diretoria prometeu quitar as pendências até o dia 28 de agosto, mas a proposta foi recusada pelos jogadores.
A situação exposta nesta terça-feira mostra um fracasso da medida adotada em 2018 pela agremiação para lidar com as suas finanças. Em janeiro do ano passado, o Figueirense concluiu sua transição para uma empresa de sociedade anônima, e 95% das ações ficaram com a holding Elephant.
Durante esse processo de mudança, o clube contou com aporte financeiro de Marcos Meira, citado em laudo da Operação Lava-Jato de outubro de 2016, bem como Cláudio Honigman, conhecido por atuar em ações suspeitas de lavagem de dinheiro com Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. Ele recebeu depósitos de empresa controlada pelo doleiro Alberto Yousseff.
O advogado Marcos Meira entrou em contato com a reportagem de GaúchaZH por meio de uma nota oficial:
"O referido laudo citado na matéria não tem como alvo Marcos Meira, mas, sim, a empreiteira Odebrecht. O escritório do advogado aparece numa lista com mais de dez mil pagamentos de fornecedores, entre 2008 e 2014. Mais do que isso, é importante deixar claro um fato objetivo sobre o laudo: o documento não faz qualquer análise ou juízo de valor sobre a conduta de Marcos Meira.
Passados quatro anos da produção do laudo, uma certidão emitida pela Justiça Federal do Paraná, de agosto deste ano, mostra que não houve abertura de inquérito ou denúncia contra o advogado, o que atesta a lisura de seus atos na relação contratual com a empreiteira. Marcos Meira jamais foi chamado a esclarecer quaisquer fatos à Lava Jato desde a divulgação da reportagem, mesmo estando sempre à disposição das autoridades. O advogado ressalta ainda o importante papel da imprensa em dar publicidade às investigações da Polícia Federal e também seus desdobramentos na Justiça Federal"