O Brasileirão 2018 chegou ao fim com 29 trocas de técnicos em 38 rodadas. É o terceiro maior índice da competição desde que ela passou a ser disputada por 20 clubes, em 2006. Fica atrás somente dos anos de 2010 e 2015, quando aconteceram 31 mudanças. Neste campeonato nacional, apenas três times não mudaram de treinador: Grêmio, Inter e Cruzeiro. E trocar o técnico deu resultado? GaúchaZH fez uma análise de todas as movimentações.
Das 29 trocas, 22 foram decisões dos clubes e sete dos treinadores. Quando a medida partiu das diretorias, os resultados melhoraram em 13 casos - cerca de 59%. Já quando o técnico pediu para sair, as substituições encontradas pelos dirigentes pioraram o desempenho das equipes em 71.4%
Atual técnico do Flamengo, e sem saber se vai continuar no cargo em 2019, Dorival Júnior assumiu o clube carioca no final de setembro, em substituição a Maurício Barbieri. Ele conseguiu superar seu antecessor no desempenho e chegar ao vice-campeonato brasileiro.
— Quando você pega um trabalho em andamento, algumas etapas já foram alcançadas. É natural que se esteja acompanhando essa provável equipe e que você já chegue com conhecimento um pouco diferente — garantiu Dorival.
Como treinador, Dorival começou a carreira em 2002, na Ferroviária-SP. Depois passou por mais 20 clubes. Seu maior período de permanência aconteceu no Santos, três temporadas, entre 2015 e 2017.
— A desvantagem de assumir um clube em meio de temporada, talvez seja por você não ter montado o elenco dentro das condições que imagina. Quando você desenha um elenco é um pouco diferente — resumiu o treinador do Flamengo.
Adilson Batista assumiu o América-MG no final de julho. Ele substituiu Ricardo Drubscky, que ficou apenas duas rodadas no cargo após o pedido de demissão de Enderson Moreira. Este último trocou o time mineiro pelo Bahia. O técnico relativizou o fato de assumir em meio a uma competição:
— Já trabalhei em diversas situações. São vários fatores que você tem de analisar. Observar se é um ano eleitoral no clube, a qualidade do elenco, o tempo que você está parado. Se você pega nos meses oito ou nove, aquele período de jogos quarta e domingo, você não tem tempo para treinar.
Adilson, antes de assumir o América-MG, estava desempregado desde 2015. Mesmo demitido, ele não se mostrou decepcionado:
— A gente fez bom jogos lá com o América. Retomou e foi importante.
As 22 demissões do Brasileirão 2018
América-MG (três trocas, duas demissões)
Ricardo Drubscky - 2 jogos - Aproveitamento: 0%
- Pegou o time em 13º e entregou em 17º
Adilson Baptista - 19 jogos - Aproveitamento: 35%
- Pegou o time em 17º e entregou em 18º
Givanildo de Oliveira - 5 jogos - Aproveitamento: 40%
- Pegou o time em 18º e finalizou na mesma posição.
Sport (três trocas, duas demissões)
Claudinei Oliveira - 16 jogos - Aproveitamento: 39,5%
- Pegou o time em 17.º e entregou em 14º
Eduardo Baptista - 8 jogos - Aproveitamento: 16,6%
- Pegou o time em 14º e entregou em 19º
Milton Mendes - 12 jogos - Aproveitamento: 50%
- Pegou o time em 19º e finalizou em 17º
Botafogo (duas trocas, uma demissão)
Marcos Paquetá - 4 jogos - Aproveitamento: 25%
- Pegou o time em 9º e largou em 11º
Zé Ricardo - 21 jogos - Aproveitamento: 47,6%
- Pegou o time em 11º e finalizou em 9º
Ceará (duas trocas, uma demissão)
Marcelo Chamusca - 6 jogos - Aproveitamento: 16,6%
- Começou o Brasileirão e saiu em 19º
Lisca - 29 jogos - Aproveitamento: 47,1%
- Pegou o time na lanterna e finalizou em 15º
Chapecoense (duas trocas, duas demissões)
Gilson Kleina - 16 jogos - Aproveitamento: 37,5%
- Começou o Brasileirão e largou em 16º
Guto Ferreira - 13 jogos - Aproveitamento: 33,3%
- Pegou o time em 16º e saiu em 17º
Claudinei Oliveira - 9 jogos - Aproveitamento: 48,1%
- Assumiu em 17º e acabou em 14º
Corinthians (duas trocas, uma demissão)
Osmar Loss - 17 jogos - Aproveitamento: 37,2%
- Pegou o time em 3º e entregou em 8º
Jair Ventura - 15 jogos - Aproveitamento: 31,1%
- Assumiu em 8º e finalizou em 13º
Fluminense (duas trocas, uma demissão)
Marcelo Oliveira - 25 jogos - Aproveitamento: 37,3%
- Assumiu em 12º e entregou em 14º
Fábio Moreno - 1 jogo - Aproveitamento: 100%
- Pegou na última rodada em 14º e ficou em 12º
Paraná (duas trocas, duas demissões)
Rogério Micale - 18 jogos - Aproveitamento: 25,9%
- Abriu o Brasileirão e largou em 20º
Claudinei Oliveira - 11 jogos - Aproveitamento: 9%
- Pegou a equipe na lanterna e não a deixou.
Dado Cavalcanti - 9 jogos - Aproveitamento: 22,2%
- Assumiu na lanterna, melhorou o desempenho mas foi insuficiente para deixar a 20.ª posição.
Vasco (duas trocas, uma demissão)
Jorginho - 7 jogos - Aproveitamento: 33,3%
- Pegou o time em 12º e entregou em 15º
Alberto Valentim - 18 jogos - Aproveitamento: 33,3%
- Assumiu em 15º e finalizou em 16º, no limite da zona de rebaixamento.
Vitória (duas trocas, duas demissões)
Vagner Mancini - 16 jogos - Aproveitamento: 37,5%
- Começou o Brasileirão e saiu em 13º
Paulo C. Carpegiani - 14 jogos - Aproveitamento: 35,7%
- Assumiu em 13º e entregou em 17º
João Burse - 8 jogos - Aproveitamento: 16,6%
- Pegou em 17º e caiu ainda mais para 19º
Atlético-MG (uma troca, uma demissão)
Thiago Larghi - 29 jogos - Aproveitamento: 52,8%
- Começou o campeonato e foi tirado na 6.ª colocação.
Levir Culpi - 9 jogos - Aproveitamento: 48,1%
- Assumiu em 6.º e terminou na mesma colocação com aproveitamento inferior ao antecessor.
Atlético-PR (uma troca, uma demissão)
Fernando Diniz - 12 jogos - Aproveitamento: 25%
- Abriu o campeonato e saiu em 19º
Tiago Nunes - 26 jogos - Aproveitamento: 61,5%
- Pegou na vice-lanterna e terminou em 7º
Bahia (uma troca, uma demissão)
Guto Ferreira - 8 jogos - Aproveitamento: 33,3%
- Começou o campeonato e quando foi demitido estava em 18º
Enderson Moreira - 27 jogos - Aproveitamento: 44,4%
- Assumiu na zona de rebaixamento e acabou em 11º
Flamengo (uma troca, uma demissão)
Maurício Barbiéri - 26 jogos - Aproveitamento: 61,5%
- Fez dois terços do Brasileirão e deixou o time em 4º
Dorival Júnior - 12 jogos - Aproveitamento: 66,6%
- Assumiu e fez ótimo trabalho. Terminou como vice-campeão.
Palmeiras (uma troca, uma demissão)
Roger Machado - 15 jogos - Aproveitamento: 51,1%
- Começou a competição e estava em 6º quando foi demitido.
Luiz Felipe Scolari - 22 jogos - Aproveitamento: 81,8%
- Histórico. Felipão não perdeu um jogo sequer e terminou em 1º
Santos (uma troca, uma demissão)
Jair Ventura - 13 jogos - Aproveitamento: 38,4%
- Começou a disputa e largou em 15º
Cuca - 23 jogos - Aproveitamento: 49,2%
- Pegou perto do Z-4 e terminou em posição intermediária: 10º
São Paulo (uma troca, uma demissão)
Diego Aguirre (demitido) - 33 jogos - Aproveitamento: 58,5%
- Começou a disputa e chegou a ser líder. Quando caiu, era 5º
André Jardine - 5 jogos - Aproveitamento: 33,3%
- Apesar de se manter na mesma posição do antecessor, o desempenho piorou bastante. Finalizou em 5º
Treinador bombeiro
Técnico responsável pela recuperação do Ceará no Brasileirão, o gaúcho Lisca não tem dúvida em falar da profissão no Brasil.
— Todo o projeto e sonho de um treinador, é um trabalho a médio e longo prazo. Uma estruturação, um início de temporada. Isso é o que todos nós buscamos, mas no futebol brasileiro isso é quase uma utopia. Qual treinador hoje no futebol brasileiro que não é bombeiro? — questionou Lisca em entrevista ao UOL, em junho.
O treinador ficará no Ceará em 2019. Nesta temporada, ele assumiu o time na lanterna do Brasileirão e sem nenhuma vitória. Depois de 29 jogos, escapou do rebaixamento e por pouco não classificou o "Vozão" à Copa Sul-Americana do próximo ano.
— A nossa média de permanência em um clube no Brasil é de três meses e 17 dias, algumas vezes mais. Então, é uma realidade do mercado — resignou-se Lisca.
Eles pediram para sair
Sete trocas de técnicos aconteceram no Brasileirão motivadas pelos profissionais e não pelos clubes:
Nelsinho Baptista (Sport) - 2.ª rodada
Fábio Carille (Corinthians) - 6.ª rodada
Jorginho (Ceará) - 6.ª rodada
Zé Ricardo (Vasco) - 9.ª rodada
Abel Braga (Fluminense) - 12.ª rodada
Alberto Valentim (Botafogo) - 12.ª rodada
Enderson Moreira (América-MG) - 13.ª rodada
As saídas de Carille, Zé Ricardo, Abel, Valentim e Enderson foram bem ruins para os clubes que os perderam. Só as mexidas de Nelsinho e Jorginho deram certo.
Interinos relâmpagos
Entre uma troca e outra, alguns clubes utilizaram profissionais de forma interina por poucas rodadas. Em alguns casos, o desempenho deles, foi melhor do que os efetivados posteriormente.
Bruno Lazaroni - Botafogo - um jogo (um ponto) - aproveitamento: 33,3%
Cláudio Prates - Bahia - três jogos (quatro pontos) - aproveitamento: 44,4%
Serginho Chulapa - Santos - dois jogos (um ponto) - aproveitamento: 16,6%
Valdir Bigode - Vasco - quatro jogos (seis pontos) - aproveitamento: 50%
Wésley Carvalho - Palmeiras - um jogo (três pontos) - aproveitamento: 100%