Alberto Valentim considera que a quinta passagem como técnico interino foi a sua melhor à frente do Palmeiras. Apesar da derrota para o Atlético-PR por 3 a 0, no último domingo, o time conseguiu seu objetivo e encerrou o Brasileiro na vice-liderança, o que rende ao clube uma premiação de R$ 11,3 milhões e a vaga à fase de grupos da Libertadores.
O resultado após 11 jogos (seis vitórias, um empate e quatro derrotas) não lhe garantiu a vaga de comandante para 2018 — Roger Machado acabou escolhido. Valentim foi convidado a permanecer como auxiliar no próximo ano, e esteve com Alexandre Mattos na última segunda-feira. O ex-jogador gostou do que ouviu na reunião, mas ainda não decidiu se topa mais uma vez ocupar a função ou se deixa o clube. A promessa é de que a definição de seu futuro será informada em poucos dias.
No fim de 2016, ele tomou a decisão de trilhar novos caminhos, quando trocou o cargo de auxiliar para assumir o Red Bull no Paulistão. Recentemente ele foi sondado por Atlético-PR e Sport, e já declarou ter como próxima meta na carreira começar um trabalho como técnico em um grande clube.
Antes de definir sua situação no Verdão, o então técnico fez um balanço sobre este trabalho. Para ele, Roger encontrará como legado jogadores importantes recuperados, casos de Borja e Keno, e uma equipe organizada. Leia a entrevista na íntegra abaixo:
Qual o balanço que você faz deste trabalho?
Meu modo de ver um balanço muito positivo, em relação a números, à pontuação que fizemos. Estamos em segundo lugar, subimos duas posições de quando eu peguei, se não me engano. E também um pouquinho do que a gente viu em campo. Vimos uma equipe organizada, que finalizou muito. Sofremos alguns gols, sim, mas a equipe teve, no meu modo de ver, em oito o comando, com padrão, jogando melhor.
Os jogadores pediram seguidamente a sua efetivação. Como reage a este apoio recebido do elenco?
Fico muito feliz. Foi um time que muitas coisas aconteciam no treino e a gente levava para o jogo. Jogadores que consegui recuperar, como o Borja, o Keno, que depois foi muito bem, o Dudu que foi bem, enfim. Todos os jogadores conseguiram evoluir muito no individual e no coletivo quando o time jogou bem. Fico feliz pelo reconhecimento dos jogadores. Parte destes números bons, da avaliação positiva que faço é porque eles acreditaram no trabalho.
No Palmeiras, seu trabalho é elogiado, mas a falta de experiência foi citada para não o efetivar. Qual sua opinião sobre a decisão?
Eu falo assim: é uma escolha. Escolha. Meu trabalho está aí para que as pessoas vejam. É um trabalho de qualidade, que os números mostram, com qualidade de jogo. Já falei inúmeras vezes que preciso melhorar, agora cada um escolhe o que é melhor para o clube. Respeito.
Quando tomou sua decisão, o que pesou a favor a sequência como treinador e a favor de uma possível permanência no Palmeiras?
Eu adoro o Palmeiras, adoro este ambiente, venho trabalhar feliz aqui, já falei isto para a diretoria algumas vezes. Eu me sinto muito feliz aqui. Todos sabem que quero ser treinador, o fato de continuar aqui como auxiliar é por causa do clube, por causa dos jogadores, das pessoas que trabalham aqui, eu aprendi a gostar muito deste clube.
Você citou o fato de ter recuperado Borja. Como se deu este processo? Foi só com treino, com conversas...
Nas duas partes. O Borja falei que seria uma coisa pessoal, que preciso recuperar este jogador. Então conversei com ele, sim, que precisaria entender algumas coisas. Mas treinamos muito com ele também, até em treino fechado, eu massacrava ele, um termo que gosto de usar, massacrava ele para fazer coisas que acho que iria ajudá-lo. E ele comprou a ideia também e fez por merecer a melhora que teve, com gols, volta para a seleção, enfim. Cobrava movimentos, compactação, ser um jogador mais aplicado taticamente. Nós iríamos fazer um jogo que ele mais gosta, dentro das características dele. O combinado meu foi o seguinte: você faz certos movimentos que eu te pedir, ofensivo e defensivo, e depois eu cobro dos jogadores para esta bola chegar até você. Esta foi uma troca que fiz com ele e deu certo.
Qual o legado que você deixa para o Roger Machado?
Acho que o Roger viu um time organizado, com padrão de jogo, um time que sabe diferenciar as duas fases do jogo, que procurou jogar com muita posse, mas finalizando também. Foi um time que marcou bem, que foi um Palmeiras em quase todos os jogos, comandamos oito dos nossos jogos, contra o Corinthians, repito, foi igual. O Roger vai pegar tudo que estou falando para vocês.
Qual o seu teto como treinador?
Eu quero fazer primeiro um grande trabalho em um grande clube, este é meu primeiro grande objetivo. Fazer com que as pessoas lembrem, até desta conversa que estamos tendo e outras em um passado recente, falando que o Alberto está conseguindo repetir o que falou lá atrás. E eu ouço dos jogadores isto. Eles falam: estamos conseguindo fazer as coisas que treinamos. Isto aí, até brinco, uso um termo com eles que não preciso falar aqui, mas eu quase... (risos). Porque é muito gostoso você ver no vídeo, ou no campo mesmo, do banco, 'puxa, estamos repetindo o que treinamos ou o que fizemos no jogo passado'. Mas minha ideia é treinar um grande clube, fazer um grande trabalho.