Se o início de 2017 de Antônio Carlos Zago não foi o que ele esperava com a demissão do Inter, o fim do ano deve reservar grandes e positivas emoções ao treinador. Depois de aceitar o desafio de comandar um instável Fortaleza pela Série C, o treinador comandou o retorno da equipe cearense à Série B do Brasileirão, e agora projeta o título da competição e a renovação para 2018.
Em entrevista à GaúchaZH, Zago comenta o clima de festa desde sábado, fala sobre a reapresentação desta quarta-feira, diz estar acompanhando a saga do time de Guto Ferreira na Série B e revelou o pedido pelas contratações de Leandro Damião, junto ao Flamengo, e Camilo, do Botafogo – os dois chegaram no segundo semestre.
Confira trechos da entrevista:
Qual o sentimento para este momento, já que você esteve no Inter, deixou o clube com um trabalho contestado, volta à Série C e consegue o acesso.
Em relação ao trabalho contestado no Inter, para quem entende de futebol, eu acho que não teria sido contestado. Foi interrompido por contestações por pessoas que não vivem o futebol. Era um time que tinha sofrido muito o ano passado, me chamaram para uma reformulação, e não era de um dia para o outro que se faz. Leva um tempo, a diretoria sabia. E acabou interrompido no meio do caminho, mas isso faz parte do passado. É importante falar do Fortaleza, que tem uma das maiores torcidas do futebol brasileiro. A equipe volta à Série B no ano do seu centenário, que é importante para o clube. Fazendo um bom trabalho, tendo uma aceitação da imprensa, do clube e da torcida. Feliz por tudo que aconteceu.
Por que a escolha pelo Fortaleza?
Apareceram alguns clubes da Série B, eu via que não era o momento de pegar e dirigir essas equipes. O Fortaleza foi mais em cima de uma declaração que eu dei o ano passado, quando eu vi quase 60 mil pessoas em lágrimas, quando o Juventude eliminou o Fortaleza. Disse que estava triste pelo torcedor do Fortaleza, que era um time que merecia Série A e não B. Apareceu o convite, analisei o elenco, vi os jogadores que tinham. Acabei fazendo uma escolha pelo Fortaleza. Não escondi que não queria voltar para a Série C, mas sendo o Fortaleza, tinha algo diferente.
Quando você chegou ao Fortaleza, o time estava como você encontrou o Inter no início de 2016, após o queda para a Série B?
Era um time assim, já tinha passado com isso pelo Internacional, e devolver a confiança aos jogadores. Aqui (no Fortaleza), foi o mesmo trabalho, fazer com que os jogadores acreditassem no potencial deles. É uma equipe que tinha sido muito criticada pelo Campeonato Cearense, foi eliminada na Copa do Nordeste, Copa do Brasil. Mas tinha como objetivo a Série C. E a equipe cresceu na hora certa e conseguiu o acesso.
O jogo do acesso foi com muitas emoções. Vocês perdiam para o Tupi por 1 a 0 e, se sofresse mais um gol, não subiria novamente à Série B como vem acontecendo com o Fortaleza há oito anos.
O primeiro jogo fizemos uma excelente apresentação em casa, ganhamos de 2 a 0, um placar importante. Sabíamos das dificuldades em Juiz de Fora. Tupo joga a base de bola alçada na área, tem jogadores de 1m95cm, acabamos sofrendo um pouco. A equipe soube manter a calma em momentos importantes, e soube levar o placar até o fim.
Você só viu problema anímico ou tinha outros fatores, como salários atrasados?
Problema anímico teve, o mesmo vivido no Inter. A gente soube trabalhar bem isso. Fortaleza não tem salários atrasados. Presidente que entrou em maio colocou tudo em dia, não só os jogadores, mas os funcionários também. Está praticamente em dia com tudo.
Apesar do acesso, o ano do Fortaleza ainda não terminou. Você seguirá no comando do Fortaleza em 2018?
Subir para a Série B é mais importante do que o título. Mas chegamos até aqui e vamos batalhar para chegarmos a um título inédito para o clube, que é o Brasileirão. Em 2018, a expectativa é renovar o contrato e seguir esse trabalho no ano que vem?
Então já teve conversas?
Ainda não, só foi festa até agora (risos). Mas as coisas vão acontecer no momento certo.
Você tem acompanhado o Inter na Série B?
Acompanho, claro. A minha vida é o futebol. Queira ou não, nos últimos três meses chegaram dois nomes importantes: Damião e o Camilo. Camilo mesmo não sendo muito aproveitado, quando entra, faz a diferença.
Faltaram esses nomes para compor o grupo quando treinavas o Inter?
Não, não faltaram. Damião e Camilo eu já tinha conversado com a direção desde o início do ano e chegaram depois. São dois jogadores que estão contribuindo bastante. Damião é de referência, eu gostaria de ter contado com ele. No início do ano era caro, e nós não tínhamos um jogador de referência. Faz gols e qualquer treinador gostaria de contar.
Essas duas contratações então passaram por você?
Não é essa questão. Já tínhamos falado sobre ele. Damião desde o início do ano falávamos. Camilo foi quando apareceu um problema no Botafogo, sugeri que fizéssemos contato. Mas o Damião, desde o início do ano tínhamos falado sobre ele. O importante é que, para o bem do Inter, o Damião chegou e está dando resultado.
E a festa do acesso já terminou? Grupo já está pensando no Sampaio Corrêa?
Festa foi até ontem (domingo). Hoje (segunda), cada um está fazendo a sua. Voltamos a treinar na próxima quarta para encarar o Sampaio Corrêa aqui na segunda. E a gente espera passar pela semifinal e final.