Para Antônio Carlos Zago, o Inter não teve paciência para esperar a maturação do time formado por ele durante a Série B. Em entrevista ao programa Bola da Vez, da ESPN Brasil, o ex-técnico colorado disse que tem convicção de que a equipe subiria com tranquilidade caso ele tivesse sido mantido no cargo.
– Olhando os números, olhando o que a equipe fez até a minha demissão, eu acho que faltou um pouco de paciência. É a paciência que às vezes o diretor e o torcedor não têm com o treinador. Porque o ano passado, o Internacional jogava de uma maneira diferente. Lá no Sul, o Inter é o time do toque de bola, e o Grêmio sempre foi aquela equipe mais raçuda. (...) Se você olha a história do Inter, com Falcão, Batista, Figueroa, era um time de toque de bola. Procurei me encaixar na cultura, na filosofia, na característica do Internacional. Se você pegar em todas as partidas que eu fiz, tivemos maior número de posse de bola, em poucos jogos que tivemos menos de 60% de posse de bola. (...) Procurei implantar uma filosofia diferente daquela que se praticava no ano passado, de bolas alçadas, de ligação direta. Se você perguntar lá no Sul, foi assim. Não é fácil você implantar uma metodologia diferente numa equipe – analisou.
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Zago disse que as dificuldades no Beira-Rio passaram pela formação do elenco durante a temporada, além da pressão que existia pela má temporada de 2016.
– Você não tem um grupo formado, você pega uma equipe que caiu para a Série B, uma pressão muito grande em cima. Jogadores chegando em janeiro, fevereiro, março, abril e até maio, como Pottker e Cirino. Então, não é um time pronto ainda. Acho que não teria dificuldade (para subir) porque os jogadores já estavam acostumados com o meu trabalho. Se chegar agora um ou outro jogador, o grupo já está praticamente fechado. (...) Pela qualidade do elenco, por ser um clube grande na Série B, acho que o Internacional, se tivesse continuado com o meu trabalho, iria subir tranquilamente. Está patinando agora porque houve essa mudança de treinador. Não é de uma hora para outra que o Guto (Ferreira) vai chegar e implantar a filosofia, os seus pensamentos, os seus conceitos dentro do Internacional. Vai levar um certo tempo para que os jogadores possam se adaptar ao novo treinador – avaliou.
Na avaliação do ex-técnico do Inter, demitido em maio, D'Alessandro e uma sequência de comissão técnica no ano passado poderiam ter salvado o clube do rebaixamento.
– Se o D'Alessandro tivesse ficado no Inter ano passado, talvez não teria caído. Se o Inter tivesse bancado um ou talvez dois treinadores, também não teria caído. (...) Teria uma sequência de trabalho. O Argel, quando foi demitido, já estava há um ano no Inter e foi demitido depois de cinco derrotas. Aí contrataram o cara que foi o maior ídolo do Inter em todos os tempos, que foi o Falcão. Em cinco jogos, meteram o pé na bunda do maior ídolo da história. O cara é ídolo, tem que ser respeitado pelo que fez no clube, como o Marcos, o Rogério. Não tiveram respeito nenhum, demitiram depois de quatro ou cinco rodadas. Não deram o tempo necessário para qualquer treinador, mesmo que não fosse o Falcão. Precisaria de um tempo a mais para implantar sua filosofia. É difícil falar disso no Brasil. Veio o Celso, que tem uma história bonita no Inter, mas não teve uma sequência de vitórias. E terminou mandando o Celso faltando três rodadas e contratando o Lisca, coitado, que não poderia fazer nada. Seria muito difícil fazer alguma coisa faltando três rodadas. Faltou este planejamento. Foi totalmente errado no ano passado – completou.
Desde que assumiu o Inter, Guto Ferreira conseguiu apenas duas vitórias, contra Figueirense e Náutico. Foram também empates contra Juventude, América-MG, Santa Cruz e Paraná. O time está no sexto lugar na Série B, com 14 pontos.