Oitenta pontos, 24 vitórias, apenas quatro derrotas e só 28 gols sofridos. Tudo isso é fácil de fazer quando um clube tem estrutura, dinheiro, torcida, bons jogadores e o melhor técnico da América do Sul (tá, talvez dispute com Jorge Sampaoli).
A campanha corintiana só é surpresa para quem não conhece Tite. Como no RS todos conhecemos, vamos cortar por aqui e falar sobre o que realmente importa: o melhor time do Brasil. Entre os 20 participantes do Brasileirão ninguém é melhor do que o São Paulo.
Ou, ao menos, ninguém tem a camisa mais pesada.
Vamos lá: o ano começou com Muricy Ramalho, desgastado pelos resultados e debilitado por uma diverticulite. Em abril, não aguentou a pressão e saiu. Assumiu Milton Cruz, que, na verdade, é o único técnico efetivo do clube. Mesmo que seja interino.
O time foi eliminado nas semifinais do Estadual e caiu nas oitavas da Libertadores.
Em julho, chegou Juan Carlos Osorio, com status de revolucionário, fala mansa e estudo. Após quatro meses, quando conseguiu dominar o vestiário, brigou com o presidente.
Voltou Milton Cruz.
Alguns dias depois, o São Paulo implodiu. Carlos Miguel Aidar virou ex-presidente depois de ser gravado pelo vice, Ataíde Gil Guerreiro, desviando dinheiro. Nisso tudo, até soco na cara, dado pelo vice no presidente, rolou. E rolou também uma nova contratação de técnico.
Doriva - que só não veio parar no RS porque seu antigo empregador era Eurico Miranda, que ainda passou uma carraspana no presidente do Grêmio, lembram? - sai da Ponte Preta e assume o São Paulo. Três dias depois, Aidar renuncia.
Por incrível que pareça, é o único momento em que os resultados de campo se equiparam aos bastidores: em sete jogos, quatro derrotas.
Voltou Milton Cruz.
Em campo, o time alterna resultados esperançosos, como o 4 a 2 de virada no Atlético-MG, e fiascos históricos, como o 6 a 1 para o Corinthians.
Numa situação assim, o normal é pensar na zona de rebaixamento, certo? Por muito menos do que isso, alguns clubes caíram em anos anteriores.
Então, como explicar o quarto lugar e a iminente vaga para a Libertadores - se o São Paulo vencer o Figueirense, e o provavelmente já rebaixado Goiás - para um clube que passou por tudo isso? Simples: o time é muito bom, mesmo tendo alguns dos jogadores mais preguiçosos do Brasil.
Tivessem dado esse grupo a Tite, o São Paulo teria sido campeão brasileiro em agosto. Com soco na cara de dirigente e sem torcida no estádio.