Fim da angústia para Deco. Após longo julgamento nesta sexta-feira, que durou cerca de cinco horas, o jogador foi punido com uma pena de 30 dias pelo uso das substâncias hidroclorotiazida (diurético que combate a hipertensão arterial) e carboxi-tamoxifeno (metabólico do tamoxifeno), presentes em vitaminas de farmácia de manipulação, mas como já havia cumprido esse período na suspensão preventiva, está liberado para atuar. O meia havia sido flagrado em exame realizado após a partida contra o Boavista, válida pelo Campeonato Carioca. Cercado pela imprensa após a "absolvição", o apoiador falou sobre o futuro.
- Quero encerrar minha carreira com a dignidade que mereço. Infelizmente não pude participar de um grande sonho que é a Libertadores, isso foi tirado, mas temos tempo ainda. Essa história não acabou e vamos ver o que vai acontecer daqui para frente - afirmou o jogador.
Desde o dia 6 de abril, quando fez sua última partida pelo Fluminense antes da suspensão preventiva, Deco vivia o drama da expectativa do julgamento. Veterano, o atleta tem 35 anos e não queria que uma possível punição "manchasse sua carreira".
Para o julgamento, o luso-brasileiro dispensou o auxílio do clube e decidiu contratar a empresa "Bichara e Motta advogados" sendo representado pelo advogados especializados em direito desportivo, Marcos Motta e Bichara Neto. A linha para a defesa encontrada foi o histórico limpo do atleta no futebol.
Durante seu depoimento, Deco demonstrou a habitual serenidade e ressaltou que quando jogava na Europa, cada atleta recebia tratamento individualizado com vitaminas. Assim que chegou ao Fluminense, a medicação era generalizada e, por isso, ele optou por se tratar de maneira individual. O apoiador revelou que toma a mesma medicação há três anos e, desde então, passou por cerca de 10 exames antidopings e nunca foi pego.
No decorrer do julgamento, Marcos Motta também convocou para testemunhar em defesa de Deco, o médico pessoal do atleta, Sérgio Puppin, que revelou por que o jogador precisava fazer a utilização das vitaminas. Sobre a contaminação, ele disse que pode ter ocorrido até mesmo pela ventilação do laboratório, já que em um mesmo local são trabalhadas diversas substâncias diferentes. Por isso, para ele pode ter ocorrido um acidente e responsabilizou a farmácia, dizendo que não irá mais indicá-la aos seus pacientes.
Isto posto, a Universidade Federal Fluminense confirmou que as cápsulas ingeridas por Deco estavam com as duas substâncias presentes, ou seja, contaminadas. A segunda testemunha de defesa reiterou o resultado das análises e confirmou a presença das substâncias tamoxifeno e hodrocloriazida na fórmulas manipuladas, tanto em cápsulas como em sachês.
Após quase três horas de julgamento, a procuradoria elogiou a defesa do jogador, mas estranhou o fato de nenhum médico do Fluminense ter se pronunciado sobre o caso, já que o próprio jogador diz que teve autorização do clube para usar os medicamentos. Assim, a procuradora Caroline Nogueira manteve a denúncia e pediu para que os auditores não se deixassem levar por casos similares, dando a entender que ninguém utilizasse como base a absolvição do meia Carlos Alberto.
Por fim, o advogado do apoiador, Bichara Neto lembrou que o atleta fez questão de investigar como a substância entrou no organismo dele. Por isso, pediu uma análise na Universidade Federal Fluminense que comprovou que as cápsulas ingeridas estavam contaminadas com as duas substâncias dopantes e encerrou sua argumentação apelando para o histórico sem manchas em toda a carreira do meia.
A estratégia deu certo e sensibilizou os auditores, que decidiram votar pela suspensão de 30 dias do atleta, período este já cumprido na suspensão preventiva e por isso, Deco está liberado para atuar. Visivelmente aliviado pelo resultado, o meia viajará com o grupo de jogadores para o período de treinamentos em Orlando, nos Estados Unidos e está apto para reforçar a equipe no Campeonato Brasileiro tão logo a competição seja reiniciada no próximo dia 7 de julho, quando enfrentará o Botafogo.