Eddie Jordan, um dos principais nomes da Fórmula 1 nas últimas décadas, morreu aos 76 anos nesta quinta-feira (20), vítima de um câncer de próstata.
De acordo com comunicado da família do empresário, ele faleceu pacificamente, cercado de sua família na Cidade do Cabo, após batalhar de forma agressiva contra o câncer nos últimos 12 meses.
Equipe Jordan
O irlandês foi dono da equipe Jordan, que competiu na F1 entre 1991 e 2005. Nesses 14 anos, pilotos como Michael Schumacher, Rubens Barrichello e Damon Hill passaram pela Jordan. Ao todo, a equipe conseguiu seis vitórias no circuito.
A equipe foi onde Schumacher teve a primeira oportunidade na principal categoria de automobilismo. O estreante alemão correu no Grande Prêmio da Bélgica de 1991.
Em 2006, Jordan vendeu a equipe para o grupo Midland.
Quem foi Eddie Jordan
Edmund Patrick Jordan nasceu em Dublin, na Irlanda, em 30 de março de 1948. Quando pequeno, a família se mudou para Bray, cidade próxima, por recomendações médicas: Eddie desenvolveu acrodinia aos dez meses de vida. A doença é provocada por exposição ao mercúrio e causa inchaço nas extremidades do corpo, nariz e face.
Na adolescência, Jordan cogitou se juntar a um seminário e se tornar padre, segundo o Grande Prêmio. No entanto, tomou outro rumo: cursou Contabilidade e trabalhou no Banco da Irlanda como escriturário na cidade de Mullingar.
Depois, ele foi para uma agência em Dublin, até que passou o verão na ilha de Jersey, trabalhando como contador de dia e num bar à noite após uma greve bancária em 1970.

Foi nessa época que Eddie começou o contato com o automobilismo. Ao voltar para Dublin, comprou um kart e começou a correr. Ele venceu o campeonato irlandês de kart em 1971, foi para o Campeonato Irlandês de Fórmula Ford em 1974 e, no ano seguinte, chegou à Fórmula 3 — mas acabou perdendo a temporada seguinte depois de quebrar a perna esquerda em um acidente.
Após a recuperação, Jordan mudou para a Fórmula Atlântica, em 1978. No ano seguinte, competiu a F3 Britânica ao lado de Stefan Johansson, sob o nome Team Ireland. No mesmo ano, participou de uma etapa da Fórmula 2 e ainda testou com a McLaren.
Em 1979, surgiu a Eddie Jordan Racing, primeira equipe oficial do irlandês, com os pilotos David Leslie e David Sears. Em 1983, contratou Martin Brundle para disputar a F3 Europeia. Quatro anos depois, contou com Johnny Herbert no time para vencer o campeonato da F3 Britânica em 1987.
Jordan também teve uma equipe na F3000, o então degrau final até a Fórmula 1, novamente em parceria com Herbert e Martin Donnelly, em 1988. Na temporada seguinte, a equipe Jordan dominou a temporada da F3000 com Jean Alesi.
Em 1991, Eddie fundou a Jordan Grand Prix. Ela teve papel fundamental na carreira de um piloto em especial: Michael Schumacher. O futuro heptacampeão da F1 estreou na categoria com o icônico carro verde e azul, com direito a um impressionante sétimo lugar no grid de largada.
Quimioterapia e otimismo
O empresário anunciou o diagnóstico de câncer em 2024. Em fevereiro deste ano, no podcast Formula for Success (Fórmula para o Sucesso, em português), em que Eddie Jordan apresenta junto a David Coulthard, ele detalhou como estava o andamento da quimioterapia.
— Estou no meio de um ciclo de quimioterapia no momento, que aconteceu hoje, enquanto fazemos esta gravação, e em boa forma — disse, na ocasião.
Jordan encorajou os ouvintes a cuidarem da saúde e avaliar os riscos de câncer:
— Devo dizer, rapazes e moças, não tenham medo. Vão e façam o teste — comentou o empresário. — Há uma oportunidade inacreditável de bons cuidados médicos em todo o mundo agora, e a quimioterapia.
"Nunca haverá alguém como Eddie Jordan"
Amigos, ex-colegas e fãs lamentam a morte de Jordan nas redes sociais. Damon Hill, que correu pela equipe do empresário, disse que "nunca haverá alguém como Eddie Jordan":
— Estamos todos muito tristes e chocados. Sabíamos que Eddie estava lutando contra a doença e, embora soubéssemos que era sério, pensávamos que houvesse uma chance que ele vencesse — disse o piloto.
O perfil oficial da F1 publicou uma mensagem no X, lamentando a notícia da morte de Jordan.
"Estamos profundamente tristes por saber da perda de Eddie Jordan. Com a sua energia inesgotável, ele sempre soube como fazer as pessoas sorrirem, permanecendo genuíno e brilhante o tempo todo. Eddie foi um protagonista de uma era na Fórmula 1 e fará muita falta", escreveu Stefano Domenicali, diretor-executivo da Fórmula 1, em publicação.
O perfil da Aston Martin também publicou uma nota em rede social, reconhecendo o impacto de Jordan: "Seu impacto será sentido na comunidade do automobilismo pelas próximas gerações".