Confirmado no grid da Fórmula 1 em 2025, Gabriel Bortoleto afirmou nesta quarta-feira (6) que se inspira no ídolo Ayrton Senna para mostrar "garra e dedicação" nas pistas da categoria a partir da próxima temporada. O piloto de 20 anos assinou contrato de "múltiplos anos" com a equipe Sauber-Audi, encerrando um retrospecto de sete anos sem um brasileiro como titular na F1.
Bortoleto chega à principal categoria do automobilismo mundial no embalo do título da Fórmula 3, conquistado no ano passado, e da liderança da F-2, que compete neste momento e é o favorito a ficar com o troféu. Cauteloso, o brasileiro disse esperar mais dificuldade na F1.
— É uma categoria bem mais complicada do que F2 e F3, não temos como saber como vamos acabar o campeonato. Tem muitas atualizações ao longo da temporada. Mas quero mostrar garra, dedicação, vontade de ganhar, vontade de fazer acontecer, isso é muito típico do brasileiro — afirmou o piloto, nesta quarta-feira (6), em entrevista coletiva.
Bortoleto disse estar ciente das limitações enfrentadas pela Sauber, que é a pior equipe do Mundial de Construtores deste ano. Em 10º e último lugar da tabela, o time suíço é o único que não pontuou até agora.
— Não vai ser fácil. Não vou chegar na F1 ganhando corrida ou ganhando campeonato. Não temos como saber se vai acontecer. Mas vou mostrar garra na pista, não serei mole — declarou.
— Você mostra o seu valor ao fazer uma ultrapassagem bonita, faz um treino legal, faz coisas interessantes na chuva, mostra realmente que você é uma pessoa diferenciada. Acho que é isso que define o brasileiro e é assim que eu me defino. Sou uma pessoa que tento me inspirar no Ayrton Senna e é algo que eu tenho muita vontade de me tornar cada vez mais — completou.
Empolgado com a vaga na F1, Bortoleto admitiu que a "ficha ainda não caiu".
— Acho que é meio impossível eu entender agora o tamanho desta responsabilidade de representar o Brasil na F1. É algo muito recente para mim.
Como foi a negociação
O piloto brasileiro revelou que a negociação com a Sauber-Audi começou a ser concretizada há cerca de um mês.
— Eu entrei no escritório do Mattia Binotto (chefe da Sauber) e ele me fez umas 3 mil perguntas em menos de um minuto para ver se eu tinha resposta para todas elas. Eu lembro muito bem, foi muito legal. Foi um momento especial essa conexão. Ele me mostrou o projeto Audi e o que ele desejava para a equipe e para mim. Ficou claro que os dois queriam ficar juntos — disse Bortoleto, entre risos, ao lado do seu novo chefe.
O brasileiro negou as especulações de que ele seria emprestado pela McLaren para a Sauber por um ano e voltaria ao time inglês em 2026. Atualmente, Bortoleto faz parte da academia da McLaren.
— Não teve tanta implicação quanto à McLaren, como a mídia colocou, falando de negociação e liberação. Não foi assim. Foi algo bem mais pacífico e calmo. Mas faz parte, foram especulações. A McLaren não tinha uma vaga na F1 para 2025 e eu gostei muito do projeto da Audi — comentou.
Paciência
Bortoleto disse estar ciente da expectativa que vai gerar nos fãs brasileiros de F1. Mas pediu paciência.
— Acredito que a torcida tem uma noção da situação que estamos passando agora. E eu espero que todos nos apoiem e peço paciência assim como eu vou ter paciência no meu próprio crescimento. Para quem conhece a minha carreira sabe que eu não tive anos fáceis no meu começo, tanto no kart quanto nas fórmulas. Mas tive a paciência de esperar para quando tivesse o carro, pudesse entregar os resultados.
O brasileiro revelou que a Sauber vem passando por diversas mudanças, visando as temporadas 2025 e 2026, quando a F1 passará por grandes novidades nos motores dos carros.
— Sabemos que a Sauber está numa situação que não é muito fácil agora. Mas eu vejo todas as mudanças que estão fazendo agora, as pessoas que estão trazendo para o time. Tem bastante coisa positiva acontecendo aqui e sabemos que não é um projeto de um ano, é um projeto que vai levar tempo. Temos ambição de ganhar, mas não será rápido. A questão é progredir passo a passo, vamos crescendo juntos. Não vou chegar 100% pronto, tem as coisas da F1 que preciso aprender.
Sobre o seu futuro, Bortoleto afirmou que seguirá integrando a equipe da McLaren até o fim da temporada da F-1, que contará com mais três etapas em 2024. Ele só começará a trabalhar diretamente na Sauber ao fim do campeonato. Mas não definiu como será sua rotina. Há a possibilidade até de mudar de país — atualmente mora na Itália.
— Ainda não sei se vou mudar de país, vou tomar essa decisão em conjunto com a equipe. Preciso ver o planejamento de dias de simulador, dias de oficina em que preciso estar presente. Sou um piloto que gosto de me envolver muito com as equipes em que estou. Vou querer passar bastante tempo aqui porque, na F1, as equipes são muito maiores que na F2 e F3. Pretendo passar mais tempo aqui na Sauber, mas vamos ver ainda. É uma questão a ser estudada — declarou.