Gabriel Bortoleto talvez seja a maior esperança de um brasileiro pilotar de novo na Fórmula 1. Seu desempenho nas categorias de base mostra isso. Ter sido campeão da Fórmula 3, em seu ano de estreia, lhe rendeu contrato na academia da McLaren e vaga na Fórmula 2.
Mostrando que o título no ano passado não foi ao acaso, logo na primeira vez em um F2, Bortoleto foi o pole no Bahrein — seu companheiro de equipe, o indiano Kush Maini, tinha sido o mais rápido, mas foi desclassificado por irregularidades no carro. Pela Invicta Racing, o brasileiro espera fazer uma ótima temporada para conseguir chances na F1 em breve.
— Espero que, se tudo correr bem na F2, o objetivo é de fazer testes de F1 este ano. Mas tudo depende do desempenho na pista — diz Bortoleto, em entrevista exclusiva para GZH.
Para conseguir essa oportunidade inicial, ele precisa de bons resultados durante as 14 etapas da F2 em 2024. No Bahrein, ele mostrou seu cartão de visitas. Além da pole na corrida principal, que ocorrerá no sábado (2), a partir das 7h30min, Bortoleto largará em 10º na prova sprint, que será nesta sexta-feira (1), às 11h15min.
Nesta temporada da categoria mais próxima da Fórmula 1, os carros foram modificados e o novo modelo que será utilizado nos próximos três anos é o mais próximo possível de um F1, para facilitar o desenvolvimento dos jovens pilotos.
— Gostei do carro, bem parecido com o do ano passado, mas continua sendo pesado. Em relação à pilotagem, é bem parecido, tem bastante aerodinâmica em curva de alta velocidade e tem um estilo bem diferente de pilotar, que eu estou gostando bastante. As expectativas são boas, eu diria que fizemos bons treinos e trabalhamos bastante — afirma Bortoleto.
Além de todo o talento já demonstrado, o brasileiro vem recebendo o apoio da McLaren. Ele entrou na academia da equipe britânica — uma das mais vencedoras da F1 e que teve Ayrton Senna como um dos principais pilotos da história — e isso vai lhe proporcionar uma preparação melhor ao longo da temporada da F2.
— A McLaren está me apoiando com muitos simuladores de F1. Tenho aprendido como melhorar como piloto, como me comunicar com os engenheiros, com a equipe, prestado atenção nas reuniões que o Norris e o Piastri participam, e eu tenho a oportunidade de acompanhar as vezes — conta o brasileiro, que já revelou se inspirar em Senna, em outra entrevista realizada com a reportagem.
Mesmo que seja difícil a entrada na F1, como ocorre com o compatriota Felipe Drugovich — campeão da F2 em 2022 —, que segue como reserva da Aston Martin pelo segundo ano seguido, Bortoleto sabe que precisa aproveitar as oportunidades da melhor maneira. A ida de Lewis Hamilton à Ferrari em 2025 vai mexer no mercado de pilotos da F1 e essa pode ser uma chance para o brasileiro obter uma vaga em uma equipe menor.
— É sempre bom quando um grande nome como o Lewis Hamilton acaba se movimentando, porque abre vaga em equipe de ponta. Dessa forma, os pilotos tentam se movimentar para pegar essa vaga. Não faço ideia de quem seria esse piloto, mas seria alguém de alguma equipe de base, como Williams e Racing Bulls. Abrindo vagas nessas equipes menores, os pilotos de outras categorias, como a F2, podem se beneficiar — explica.
O futuro de Bortoleto é promissor. A torcida para que ele se destaque e chegue à Fórmula 1 é grande, visto que o fã brasileiro de automobilismo está carente de um representante na principal categoria do mundo. Desde 2017, quando Felipe Massa estava na Williams, não há um piloto titular no grid. O último brasileiro a participar de corridas foi Pietro Fittipaldi, pela Haas em 2020, substituindo o então titular Romain Grosjean nas duas últimas etapas.