O brasileiro Felipe Massa abriu o jogo após iniciar trâmites para processar a Fórmula 1 por conspiração no mundial de 2008. Ele concedeu entrevista nesta quinta-feira (24) ao programa Globo Esporte, da TV Globo, e explicou o motivo pelo qual está entrando com uma ação contra a F1 e a Federação Internacional de Automobilismo (FIA).
— Eu fiquei muito chateado, porque estamos aqui para fazer o esporte — disse indignado Massa, que pilotava pela Ferrari na época.
A conspiração alegada pelo piloto brasileiro se refere ao episódio conhecido como "Singapuragate". Na volta 12 do GP da Singapura de 2008, o espanhol Fernando Alonso foi o primeiro piloto a parar nos boxes. Duas voltas depois, seu companheiro de Renault, o brasileiro Nelsinho Piquet Jr., perdeu o controle do carro e bateu. Isso gerou um safety car e deu vantagem para quem já havia realizado a parada.
Massa contou com uma infelicidade da Ferrari, que se atrapalhou e deixou a mangueira de combustível presa ao carro. No fim, o brasileiro recebeu punições e terminou o GP na 13ª colocação. Um ano depois, foi revelado que Piquet Jr. bateu de propósito, a pedidos da sua equipe, para auxiliar Alonso.
— A manipulação aconteceu antes do pit stop que teve o erro da mangueira de combustível. Aquela corrida deveria ter sido cancelada, ou na pior das hipóteses travada na volta 14 — afirmou Massa.
Motivação de Massa para buscar justiça
O brasileiro resolveu começar a buscar justiça após declarações recentes de Bernie Ecclestone, ex-chefe da F1, de que sabia de uma manipulação e de que o piloto brasileiro poderia ter ficado com o título mundial, desbancando Lewis Hamilton, campeão da edição.
— Depois de 15 anos, a gente ouviu a entrevista do Ecclestone falando que eles (chefes da categoria) sabiam em 2008 e não fizeram nada para não riscar o nome da F1. Estou aqui para brigar por justiça. O automobilismo brasileiro perdeu muito com isso — relatou.
Flavio Briatore, chefe da Renault na época, foi banido definitivamente da F1; Pat Symonds, um dos engenheiros da equipe, foi suspenso por cinco anos; e Nelsinho Piquet Jr. teve sua promissora carreira na categoria encerrada de maneira precoce. Apenas Alonso, o grande beneficiado, e que tinha conhecimento do plano, como ficou comprovado, seguiu ileso.
— Descobri em 2009 e fiz tudo o que era possível para mostrar que as coisas não estavam acontecendo da maneira certa. Ninguém foi punido de verdade. Depois de dois anos, o Pat Symonds voltou. O Briatore voltou em pouco tempo. No final, ninguém foi punido por uma roubalheira — desabafou Massa.
Naquela temporada, o título foi decidido no Brasil, no circuito de Interlagos. Massa estava sete pontos atrás de Hamilton. Ele precisava vencer a corrida e torcer para o inglês ficar fora do top 5. O brasileiro fez o seu papel e quando cruzou a linha de chegada era o campeão. No entanto, na última curva, Hamilton conseguiu ultrapassar Timo Glock e terminou na quinta colocação. A diferença entre os dois foi de um ponto.
Caso a corrida de Singapura fosse cancelada, o brasileiro ficaria com mais pontos e venceria o campeonato, uma vez que Hamilton somou seis pontos por ter terminado na terceira posição.
— Me sinto campeão e acredito que todos os brasileiros que sofreram com aquela corrida também. Seria uma comemoração incrível em Interlagos — finalizou Massa.