Em uma categoria tão equilibrada e disputada como a Stock Car, não se podia esperar outra coisa que não uma briga intensa pelo título. Mas a batalha que Daniel Serra e Thiago Camilo vêm protagonizando em 2017 mostra, em detalhes, a força e a competitividade do grid. Após nove etapas, os dois estão separados por apenas quatro pontos — 259 a 255 para Serra —, com números quase iguais: duas vitórias para cada lado nas 17 provas disputadas até aqui.
Mais do que tudo, é a regularidade que os mantêm no topo, com uma boa vantagem de 45 pontos para Felipe Fraga, o terceiro colocado, maior vencedor do ano com quatro triunfos. Por isso mesmo, os dois principais concorrentes ao campeonato admitem que, a partir de agora, com a etapa de Tarumã — a 10ª do calendário, com apenas mais duas pela frente na sequência —, o momento é de pensar, também, na realização do sonho inédito de ser campeão.
Donos de estilos parecidos de pilotagem, Serra e Camilo dividem a mesma cidade natal (São Paulo), idade (33 anos) e até mesmo as cores dos carros (amarelo), além do fato de terem estreado nas suas equipes nesta temporada. Na hora de falar sobre o que o campeonato reserva para essa reta final, os dois usam argumentos parecidos — com métodos bem diferentes para explicar seus pontos. Daniel é mais lacônico, e Thiago explica em minúcias o que pensa. Os dois vêm dominando a temporada 2017 desde o início, apesar de sempre terem dito que era cedo pensar no título. Agora, o papo é outro.
— O jeito menos difícil de ganhar um campeonato é ganhando corridas. Lógico que, depois da largada, quando você sabe com quem está disputando, tem que prestar atenção neles. Mas temos de correr a nossa corrida, e não a corrida deles. É assim que temos feito, e é assim que vai continuar até o final — disse Serra, piloto do carro 29 da Eurofarma RC.
— Nesta fase do campeonato, restando três corridas, começa a ter uma certa distância dos três primeiros para os outros concorrentes. Quem vem mais atrás depende de combinações de resultados. Com o cenário do ano todo, tem se desenhado para isso. Para mim, tanto quanto para o Daniel, temos de manter essa constância nas rodadas duplas. Tudo pode acontecer, mas que o Daniel está muito forte e constante em todas as etapas, e também temos conseguido isso, é inevitável dizer. É essa constância que nos leva a ser candidatos ao título. Acredito que o campeonato vá ser definido no detalhe mesmo — explicou Camilo, que comanda o carro 21 da Ipiranga Racing.
Os dois rivais reconhecem o bom momento de Felipe Fraga, que cresceu na segunda metade do campeonato e vem de três vitórias nas últimas quatro etapas, além da regularidade de Átila Abreu. Porém, ambos sabem que estão em situação privilegiada para acompanhar a disputa — e tentar aumentar a vantagem na briga pelo título.
— Eles estão competindo entre eles, tentando chegar nos dois primeiros. Temos uma distância razoável, mas que não tira eles da disputa. Temos de ficar de olho — afirmou Daniel. Thiago foi na mesma frequência. — O Fraga é um concorrente a mais. Ele vem nessa sequência de três vitórias em quatro etapas, mas não estava melhor do que nós dois na Argentina e levou vantagem nas adversidades. Ele tem potencial, vem demonstrando isso. Mas acredito que, de Londrina para cá, a supremacia que a Eurofarma tinha apresentado no início do ano acabou. Evoluímos nosso carro, e estamos mais perto deles.
Da mesma forma, os dois repetem o discurso sobre o que precisa ser feito para buscar o título nas etapas finais — após Tarumã, a Stock Car volta a Goiânia e encerra o ano em Interlagos, em prova única com pontuação dobrada.
— Se eu falar que temos que trabalhar mais, é mentira, pois temos trabalhado 100% desde o começo do ano. É continuar fazendo isso, focados no nosso caminho e não preocupado com os outros, nem deixar que influenciem no que estamos fazendo — concluiu Daniel.
— A gente tem que pensar corrida a corrida. As corridas que vêm pela frente têm características diferentes, e sempre conseguimos nos adaptar bem para ter bons resultados — finalizou Thiago.