Passar uma temporada estudando no Exterior é o sonho de muita gente - e o intercâmbio conta com um leque de diversas possibilidades que vão muito além do curso de idiomas. Há oportunidades para fazer estágio, cursar parte da faculdade em outro país e até concluir uma graduação completa fora do Brasil.
Você quer aprender uma nova língua ou adquirir mais fluência naquela que já fala? Prefere estudar um assunto desconhecido ou complementar as lições que recebe por aqui? Planeja conseguir experiência profissional para sua carreira ou está mais preocupado em pagar as despesas? Descobrir as próprias respostas a perguntas como essa já pode ajudar muito na hora de definir para onde ir e o que fazer.
Para mostrar diferentes possibilidades de trabalho e estudos em outros países, fomos atrás do exemplo de estudantes que conheceram outros idiomas e culturas em partes variadas do globo. De cursos de francês e inglês a estágios e trabalhos remunerados, passando por cursos de extensão e experiências acadêmicas, confira o relato de quatro jovens que, antes de voltar para o Brasil, decidiram desbravar o mundo.
Curso de idiomas
Francês na França
Morar fora do Brasil e aprimorar o conhecimento de outras línguas eram dois desejos antigos de Raquel Rapach, 24 anos. A mestranda em Administração decidiu, no ano em que concluiu a graduação, aprimorar o francês no Exterior: trocou a festa de formatura por uma viagem de estudos.
Experiências anteriores no Canadá e na Inglaterra contribuíram para que Raquel soubesse o que esperar. Não sendo nenhuma novata em passar um tempo longe de casa, a preparação foi mais fácil - mas nem por isso menos planejada. Saber o que e onde queria estudar ajudaram a intercambista a fazer a escolha certa.
Raquel optou por um curso de francês com duração de três meses e meio na escola France Langue, em Paris. Única brasileira da turma, ela pôde ter contato integral com a língua francesa e aprender com as culturas diversas de seus colegas. Além das lições no idioma, as aulas envolviam passeios pela Cidade Luz: tudo para conciliar ensino e vivência em outra língua.
- Foi uma experiência incrível porque não apenas estudamos o idioma em si, mas também sua origem. Tivemos aulas envolvendo cultura, gastronomia, história, literatura, arte, política, um pouco de tudo! - resume Raquel.S
Semestre acadêmico
Design na Espanha
Ao longo de meio ano em Valência, na Espanha, a estudante de Design Roberta Mandelli, 22 anos, conciliou dois aprendizados. Com aulas na Universitat Politècnica de València (UPV), adquiriu fluência também em espanhol. A chance veio por meio de um convênio com a Universidade de Caxias do Sul (UCS) - muitas instituições têm programas semelhantes.
No semestre fora, os universitários descobrem como é a preparação em outros países para a carreira que desejam seguir. Roberta pôde complementar a própria formação - e a experiência, ela garante, deve render frutos na vida profissional. O destaque, porém, vai para o aprendizado pessoal.
- A gente muda completamente, aprende a se virar e a resolver todo tipo de problema, afinal está sozinho em outro país - diz Roberta.
Apesar da dificuldade de aprender, em outro idioma, matérias diferentes daquelas que viu no Brasil, a estudante relata que ter aulas no Exterior é vantajoso em todos os aspectos. Mesmo tendo se preparado bem antes da viagem, Roberta gostaria de ter planejado ainda mais: ao chegar à universidade espanhola, descobriu que as disciplinas que tinha escolhido já não estavam mais disponíveis.
Experiência profissional
Estágio em Xangai
Os últimos anos têm sido bastante internacionais para Douglas Renosto, 23 anos. Estudante de Administração na ESPM, ele coleciona intercâmbios: esteve na Califórnia (EUA), em Barcelona (Espanha) e até do outro lado do mundo, na China. A mais recente oportunidade surgiu durante um programa de extensão na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e o levou até uma empresa de logística internacional em Xangai, a maior cidade chinesa.
- Viver na China é viver fora da zona de conforto 24 horas por dia, sete dias por semana. A cada minuto que passa, você se sente mais parte de todo aquele sistema: é uma mistura de poluição com prosperidade, de paz de espírito com caos generalizado. Sem dúvida, a experiência mais marcante na minha vida - define Douglas.
Serviços diferenciados qualificam agência de intercâmbio gaúcha
Leia mais notícias sobre intercâmbio em Zero Hora
Diferente dos outros intercâmbios, o estágio não havia sido planejado - e ele hoje define a experiência como "transformadora". Na bagagem, Douglas carrega também um período de estágio nos Estados Unidos, contribuindo para ele ter uma visão mais global de negócios que deve ajudá-lo a começar a própria empresa.
Ao contrário de muitos estudantes, ele optou por não buscar o Ensino Superior assim que deixou a escola, antes procurando expandir seu conhecimento sobre culturas diversas in loco - objetivo muito bem definido anos antes da partida, o que facilitou a preparação.
Trabalho e estudo
Faculdade nos EUA
A professora de inglês Marília Savicki Lorandi, 26 anos, participou de um programa que a permitiu estudar e trabalhar nos Estados Unidos legalmente. No programa de intercâmbio cultural chamado Au Pair, estrangeiros como ela são convidados por famílias americanas para cuidar de suas crianças. Durante dois anos - um a mais que o prazo inicial, graças ao comum acordo entre ela e os hospedeiros -, Marília pôde descobrir mais sobre a cultura dos EUA.
Ela morou com uma família em Cleveland (Ohio) e aproveitou também para aprimorar seu inglês. Não só em seus diálogos diários com os demais moradores da casa, mas também por meio de aulas no Notre Dame College, onde cursou matérias da graduação em Língua Inglesa. O conhecimento contribuiu para os ensinamentos que ela hoje passa aos alunos.
- Sou professora de inglês desde os 16 anos, e sempre pensei na possibilidade de viajar, de morar fora. Em 2011 fui atrás de programas que me permitissem ir ao Exterior para uma experiência cultural, e descobri esse - explica ela.
Marília destaca como a experiência de vida contribuiu para as lições que ela hoje repassa. E, além do período nos Estados Unidos, a jovem completou sua experiência internacional com um curso de inglês em Dublin, na Irlanda, que durou um mês - opção mais acessível para quem busca uma alternativa menos intensa.
Saiba mais
É possível sair do Brasil com o estágio garantido. A Associação Brasileira de Intercâmbio Profissional e Estudantil (abipe.org.br) oferece programas de estágio remunerado no Exterior. O estágio também é uma das oportunidades oferecidas pelo programa Ciência sem Fronteiras (leia abaixo).
Por onde começar?
Para cada tipo de intercâmbio, existe um caminho a percorrer.
Curso de idiomas
Agências de intercâmbio oferecem pacotes incluindo o curso e outras facilidades, como acomodação e passeios turísticos.
Semestre acadêmico
O estudante pode se informar na instituição em que estuda no Brasil - comumente existem convênios que preveem o intercâmbio bilateral entre instituições brasileiras e estrangeiras.
Graduação integral
Consulte o consulado do país onde pretende estudar (alguns deles oferecem informações) ou entre em contato com a instituição a que deseja se candidatar. Sites de universidade costumam oferecer informações detalhadas sobre ingresso de estrangeiros.
Ciência sem Fronteiras
O programa do governo federal (cienciasemfronteiras.gov.br) incentiva a internacionalização por meio do intercâmbio. Focado nas áreas de ciência e tecnologia, o CsF oferece oportunidades no Exterior para alunos de graduação e pós-graduação que incluem estágios e semestres acadêmicos. Os estudantes selecionados recebem bolsas e aulas no idioma principal do país para onde são enviados.