Reunidos durante toda a quinta-feira, os participantes do TEDxUnisinos saíram no Teatro do Bourbon Country com a mensagem de que a inspiração é o caminho para mudar o mundo educacional.
Os palestrantes internacionais e nacionais convidados são referência na área e dividiram experiências edificantes para tornar a atividade de educar algo mais prazeroso para alunos e professores. O evento é parceiro da campanha A Educação Precisa de Respostas e tem o apoio da Fundação Mauricio Sirotsky Sobrinho. Veja as principais ideias apresentadas:
Andy Hargreaves
O diretor da Faculdade de Educação do Boston College falou sobre escolas de alto desempenho. Ao investigar organizações que atuam nas áreas de empreendedorismo, esporte e educação, e que conseguiram transformar o fracasso em sucesso, Hargreaves enumerou alguns fatores que contribuíram para a mudança:
- Eles não quiseram ser o melhor da área deles. Quando se quer correr para o topo força-se a pensar no curto prazo, planejando metas inatingíveis, o que pode estimular fraudes corporativas.
- Não seguiram os passos de outros locais que atingiram o sucesso antes, mas criaram seu próprio jeito de subir lentamente.
- Nenhuma delas estabeleceu metas para forçar as pessoas a entregar resultados sob a ameaça do medo.
- Tinham um sonho inspirador sem deixar de lembrar do lugar de onde vieram.
- Não faziam segredo das melhores ideias. Ao contrário, compartilhavam sempre. Isto estimula a própria criatividade e a de outras pessoas.
Caio Dib
Jornalista, tem 22 anos, e no ano passado viajou pelo Brasil para conhecer projetos educacionais inspiradores em 58 cidades. Ele conta detalhes da viagem no site http://caindonobrasil.com.br e, no encontro desta quarta-feira, destacou algumas ideias:
- Em Brasília conheceu uma escola em que se preza muito pela disciplina e que se ensina o "não gosto". Em uma visita ao colégio, viu uma menina de dois anos jogando areia no rosto de um colega. O professor falou para ela não fazer, pois o coleguinha não gostava. Ela parou na mesma hora. Este é um valor para a vida. São pequenas atitudes que ajudam a formar cidadão.
- Uma professora perguntou para um garoto de nove anos o que ele queria ser quando crescesse. Ele respondeu que queria ser um elegante dançarino de tango. Ela fez com que o tango virasse o centro da sua alfabetização. Em dois meses estava alfabetizado. Isto significa saber olhar para o aluno.
- Educação acontece em qualquer lugar, até mesmo na rua, debaixo de um pé de manga.
Richard Gerver
Começou a vida trabalhando como ator e redator publicitário. Em 1992, tornou-se docente e, cinco anos depois, já era um dos professores mais famosos da Inglaterra. Foi consultor de política educacional do governo Tony Blair. Ele falou sobre a importância do professor:
- A função primária de um professor é ajudar que cada um dos alunos vejam em si um mundo de possibilidades.
- Não importa a complexidade da turma com que o professor lide, ele precisa se comprometer em se certificar de que existe um ser especial em cada um de seus alunos.
- A formação deve estar voltada para o conteúdo, mas também para a cidadania, solidariedade.
Veja o relato de Richard Gerver sobre os dois heróis que teve na vida:
"O primeiro foi um professor. Quando eu era um garotinho, meus pais se divorciaram e a maior parte dos meus professores estava preocupada em ensinar matérias. Um professor de literatura reparou que eu estava diferente e quis me ajudar. Como ele dava aulas de teatro, me incentivou a fazer aulas também, me ajudou a interpretar para que eu pudesse viver as minhas emoções através das emoções de outras pessoas. Até curei a gagueira. O segundo, foi um menino do primeiro ano do Ensino Fundamental, na primeira turma em que dei aula. Era uma escola pobre. Ele tinha necessidades especiais. Estávamos arrecadando dinheiro para ajudar uma fundação de crianças carentes. Ele veio com 150 dólares. Achei que era muito dinheiro. Liguei para a mãe dele. Ela explicou que aquele foi um dinheiro que ele mesmo juntou para trocar de bicicleta, mas estava sensibilizado com a situação das crianças necessitadas e havia desistido da compra. Vinte anos depois, me encontrei com ele. Descobri que se tornou especialista em trabalhar com pessoas que tinham deficiências mentais e físicas e todo o mês de dezembro viajava para fazer caridade em uma tribo da Índia. O Gary não se tornou um acadêmico, mas o melhor cidadão do século 21 que eu já conheci".