No imaginário da maioria dos calouros que optam pelo curso de Odontologia está um profissional vestindo jaleco branco, atuando dentro de um consultório. Os caminhos para os recém-formados, no entanto, são diversificados. Há pouco mais de dois anos no mercado de trabalho, Caroline Weber, 25 anos, encontrou no retorno à universidade uma opção de atuação profissional. A passagem pelos bancos acadêmicos foi, portanto, um momento crucial para a jovem - de desconstrução de conceitos e visualização de novas possibilidades.
Inspiração na vivência
Como a maioria de seus colegas, Caroline ingressou no curso de Odontologia sonhando em ter seu consultório, seu próprio equipamento e a valorização que a profissão de dentista propunha. Queria ser ortodontista, lembra, inspirada pelos consultórios que frequentou quando mais nova. Durante o curso, no entanto, a jovem vivenciou experiências que permitiram ampliar as possibilidades de atuação.
- Pude perceber que o momento atual do mercado de trabalho é de se integrar com outras profissões, modificando um pouco aquele modelo antigo, pré-existente, do consultório - conta.
Integração
Ainda antes de receber o diploma, Caroline iniciou uma Residência Integrada em Saúde, no Grupo Hospitalar Conceição. O curso, explica a jovem, integra algumas profissões da área da saúde como enfermagem, odontologia e medicina, com foco de atuação nas unidades municipais.
- São dois anos de curso, com carga horária semelhante a uma residência médica, embasando muito bem o nosso trabalho - conta.
Em seguida, a jovem investiu em um concurso público na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para atuar como professora substituta na área de saúde coletiva.
Retorno à sala de aula
Organizar e ministrar aulas, substituir professores ausentes e ser tutora de estagiários curriculares fazem parte das atividades diárias de Caroline. No total, são 40 horas de trabalho semanais, que incluem visitas às unidades de saúde que estão recebendo alunos, além de horas na biblioteca organizando material e até tarefas que desenvolve em casa.
- Meu contrato como professora substituta é de seis meses, mas há possibilidade de ficar mais tempo. Minha ideia é seguir na área acadêmica, mas também estou fazendo concursos no setor que me especializei, a saúde coletiva - revela.
Mercado competitivo
Apesar de o consultório ainda ser opção de muitos colegas, Caroline conta que a maioria dos colegas ainda está estudando - em pós-graduações, mestrados ou residências - ou focada em passar em concursos públicos. O setor, garante, emprega muitos dentistas hoje em dia.
- O mercado é muito competitivo, então indico que os estudantes procurem uma formação específica após a graduação - diz.
Como muitos se formam cedo, avalia, é difícil decidir que rumo tomar após a formatura. Por isso, aconselha:
- Pesquisem, estudem e se qualifiquem o máximo que puderem, principalmente no início da carreira.
Planos para o futuro
Uma das áreas que interessam a odontóloga é a atuação em postos de saúde, como dentista em equipes de saúde da família. Assim, poderá exercer todos os aprendizados adquiridos na residência.
- Optei por sair um pouco da odontologia como profissão individual e investir no diálogo com outras áreas da saúde. Afinal, tratamos de uma parte muito importante do corpo humano, que é a boca - diz, orgulhosa.
E, para quem já vislumbrou um leque amplo de atuação, Caroline se mostra aberta ao aprendizado.
- Estou experimentando áreas que eu gosto para, depois, definir melhor o foco do meu trabalho - afirma.