Paredes com vazamento, água que cai pelas escadas e um cheiro de esgoto que está por todo o espaço, incluindo as salas de aula. Essa é a realidade enfrentada por alunos e professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental José Mariano Beck, no bairro Bom Jesus, na zona leste da Capital. O colégio enfrenta o problema há três anos, mas o fato se agravou nos últimos dez dias, quando houve um vazamento nos banheiros.
Apesar do odor no local, os banheiros não estão interditados. Além disso, por vezes, as crianças são obrigadas a pisar em poças de água, formadas pelo vazamento das paredes da estrutura, para acessar algumas partes do prédio. A escola iniciou as atividades em 1992, contando, portanto, com tubulação antiga.
— Com as reportagens (sobre a investigação feita pelo GDI em relação a livros e materiais acumulados em depósitos), teve uma força-tarefa que fez um trabalho paliativo e que resolveu parcialmente a questão de abastecimento. Aí, com as descargas em funcionamento pleno, acaba colapsando a rede de esgoto. Já vieram vários engenheiros aqui, fizeram laudos e a gente não tem essa prioridade no atendimento — apontou.
A diretora alegou que, no contato com a Smed, a resposta foi de que a José Mariano Beck seria acrescentada a um edital como prioridade dentro dos projetos de outra secretaria municipal, a de Obras. Para lidar com o impacto, foi sugerido um hidrojateamento (tecnologia para limpar fossas e tubulações) para amenizar o problema, mas a escola não possui recursos.
– Cada chuvarada é preocupante aqui na Bom Jesus. Vai assoreando, que nem ali no Ipiranga. De tempo em tempo, a prefeitura tem que limpar. Nesses declives aqui, a terra entra para dentro dos esgotos. Fora isso, tem a questão de que é muito arborizado, e como os esgotos são muito antigos, a maioria já está estourada por causa das raízes — relatou.
O ambiente escolar
Pais e mães denunciaram os problemas registrados no colégio municipal durante os últimos dias, no entanto, não tiveram retorno referente a resolução da situação. Uma delas foi Ana Lúcia dos Santos, mãe de uma das alunas da instituição e presidente do Conselho Estudantil.
Há dez anos trabalhando no serviço de limpeza da escola, ela convive diariamente com o problema registrado no local.
– Para nós (setor de limpeza) é ruim, porque a gente tem que lidar com as águas ali, fica correndo tudo, e as crianças estão de chinelinho, pisam, podem cair, se sujar, se machucar. É ruim, porque daí fica um cheiro ruim e os banheiros a gente limpa, faz de tudo para cuidar — lamentou.
O que diz a Smed
A Secretaria Municipal de Educação (Smed) diz que a Escola José Mariano Beck faz parte de um conjunto de instituições que estão em prédios antigos e que ficaram muitos anos sem o devido investimento em manutenção. Em nota, a pasta alega que “foi preparada uma licitação de reformas emergenciais em dezenas de escolas. O processo burocrático está em fase de conclusão e em 30 dias as obras devem iniciar”.
Enquanto isso, segundo o órgão da prefeitura, “em parceria com a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) e o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), serão providas soluções paliativas para reduzir os danos à comunidade escolar”. Uma equipe do Dmae realizou um serviço emergencial para solucionar o problema temporariamente.