A possibilidade de a presença de estudantes em salas de aula de escolas públicas e privadas dos ensinos Fundamental, Médio e Superior do Rio Grande do Sul em 2021 se tornar obrigatória tem recebido apoios e críticas. Para alguns, o retorno presencial dos alunos é essencial não só para o aprendizado, mas para o retorno do convívio educacional. Para outros, tornar a volta obrigatória seria um problema grave.
O médico José Paulo Ferreira, da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, disse nesta quarta-feira (3), em entrevista ao Gaúcha+, que é favorável à volta às aulas, especialmente para a educação básica, mas que isso não deveria ser imposto à sociedade gaúcha.
— A gente é absolutamente a favor da volta das crianças ao colégio. Mas a obrigatoriedade causa um ranço jurídico. Tu não podes obrigar a pessoa que se sinta em risco (a ir para a escola) — destacou Ferreira.
Se a medida for aprovada, o modelo adotado seria híbrido, apesar da presença obrigatória. Para evitar aglomerações e o contágio por coronavírus, as turmas seriam divididas pela metade, e cada grupo se revezaria em sala de aula e a distância em intervalos de dias definidos pela escola. A lotação seria de no máximo 50% da capacidade da sala, com distanciamento entre as cadeiras. Quem ficar em casa nos dias de aula remota receberá atividades para realizar a distância, enquanto os colegas estarão na escola, e vice-versa.
Nesse modelo, a presença seria exigida para todos, exceto estudantes e professores que fazem parte dos grupos de risco para o coronavírus. No ano passado, os pais podiam optar, mesmo com filhos saudáveis, se os levariam à escola ou se os manteriam no ensino 100% remoto.
— É importante as crianças voltarem ao colégio. Importante voltarem a socializar. A ter o ensino formal adequado. Dependendo da idade, a criança sofre muito no ensino online. Em algum momento, vai dar um buraco de conhecimento nessa geração — afirmou o pediatra José Paulo Ferreira.
Ouça a entrevista completa:
O médico destacou que se viu, ao longo de 2020, que as crianças, mesmo podendo contrair o coronavírus e desenvolver a covid-19, geralmente sofrem muito menos com a doença do que os adultos e, especialmente, os mais idosos.
— A criança é pouco transmissora. Se viu que as pessoas pegam (o coronavírus) de maneira muito branda, têm uma resposta final muito tranquila. Algumas pessoas ainda estão muito assustadas, tem muito terrorismo — disse o médico.