Por Leandro Pompermaier
Líder do Tecnopuc Startups
Sempre que deparamos com ambientes descolados, pensamos: “Certamente eu trabalharia neste lugar. Não acredito que eles tem pufes coloridos e uma roda gigante no meio de uma sala de reuniões. Com certeza tem um unicórnio por aqui”. Mas o que nos atrai nesses ambientes além do visual, das cores e objetos cuidadosamente posicionados e do desejo de trabalhar em um local com uma geladeira cheia de comes e bebes?
Por muito tempo, a humanidade viveu a era do tijolo, que evoluiu um pouco para a era do pufe colorido. Ambientes abertos, aconchegantes, com regras flexíveis e, muitas vezes, melhores do que as nossas próprias casas. Aí veio a covid-19 e fomos forçados a descobrir nossas casas, nossas cadeiras não tão aconchegantes, nossa vista não tão glamourosa e nossa “copa” não tão recheada.
Nos primeiros meses, queríamos de volta o que tinham nos tirado, o lanche, o café na cafeteria ou um campeonato de Fifa no meio da tarde com colegas. Mas, depois, muitos de nós começaram a perceber o valor de estar em casa, de pijamas, fazendo o próprio café com torradas e trabalhando. Trabalhando muito. Vendo que as possibilidades de conexões com pessoas eram infinitas. Que a nossa equipe já não estava restrita àquele espaço do quinto andar de um prédio. A nossa equipe estava no mundo. Alguns em apartamentos, alguns na praia, alguns no campo. Todos trabalhando, ainda mais do que no antigo momento de vida. E felizes. Encontramos desafios e oportunidades de construção de um modelo híbrido, a distância. Mas não só um modelo, e sim a forma como percebemos o mundo: o tijolo não nos controla, nós controlamos o tijolo.
Outro ponto importante é a nova corrida do ouro. E, desta vez, o ouro é a transformação digital. O que era conteúdo de palestra e eventos virou foco da estratégia de startups, micro e grandes empresas. A inovação tecnológica agora é cobiçada por mercenários do desenvolvimento econômico e social. As startups viraram a coqueluche da população empresarial. Todas as empresas querem ter as suas startups de estimação. Por isso, começam a se aproximar dos ecossistemas existentes e a criar os seus próprios. Hub A, Hub B, Programa de Aceleração X, Desafio do Super Y etc.
E como fazer com que a inovação chegue ao mundo corporativo nesse modelo anywhere? É o próximo passo, o tal do futuro que já chegou. Em um mundo tão aberto como o de hoje, o grande desafio é descobrir os novos talentos empreendedores e os negócios que estão sendo criados longe das bancadas das universidades e dos parques tecnológicos e levá-los até esses ambientes.
Ficam algumas questões para refletir: os ecossistemas de inovação serão absorvidos pela sociedade ou a sociedade será o próprio ecossistema de inovação? Qual o papel dos negócios em um ecossistema de inovação? Qual é o valor que entregamos para o nosso cliente? E se ele estivesse fisicamente distante da sede da nossa empresa, entregaríamos valor a ele? Como tangibilizar os ativos do ecossistema no ambiente digital?
As respostas estão nesses eixos importantes: pessoas + colaboração/engajamento + impacto + diversidade + negócios.
E os desafios se colocam a partir de quatro questões:
- Como criamos nossa visão para o futuro e identificamos as prioridades para chegar lá?
- Como inspiramos e capacitamos as pessoas?
- Como executamos em meio a mudanças constantes?
- Como ser (equipe) anywhere ter (ferramentas) o anywhere como proposta de valor?
Já as oportunidades surgem a partir de quatro eixos:
- Escala
- Inspiração de dentro para fora
- Ressignificação dos ambientes físicos
- Conexões (ampliação de possibilidades)
É a partir daí que podemos imaginar uma nova era, adaptados não apenas para sobreviver, mas para prosperar.