Em outubro, o Rio Grande do Sul teve 27,13 mil pedidos de seguro-desemprego. É o menor número em 10 anos — novembro de 2010 foram 22,89 mil requisições. Em comparação com outubro de 2019, houve recuo de 19,2% nas solicitações. O benefício temporário é voltado a trabalhadores com carteira que foram demitidos sem justa causa.
Em maio, em meio às restrições a atividades econômicas para reduzir a transmissão do coronavírus, o Estado chegou a registrar 66,82 mil pedidos. Em fevereiro, antes da crise, haviam sido 27,8 mil solicitações. Em setembro, foram 27,32 mil pedidos.
Para o economista Ely José de Mattos, professor da Escola de Negócios da PUCRS, apesar do recuo recorde de requisições do seguro-desemprego, ainda há incertezas sobre o nível de reação do mercado de trabalho a partir de 2021. É que medidas de estímulo à economia e proteção de empregos devem terminar em dezembro. Esse pacote inclui o auxílio emergencial e a contrapartida paga pelo governo federal a trabalhadores que tiveram redução de jornada e corte de salários.
– Hoje, a questão é se a retomada será sustentável a partir do início do ano que vem, quando não teremos mais os auxílios do governo federal. A pergunta é: continuaremos retomando empregos, ou haverá uma estabilização em níveis ainda menores do que antes da pandemia? Difícil cravar uma previsão. Mas, com alguma atividade retomada, não esperaria necessariamente uma queda. Mas, certamente diminuirá o ritmo da retomada, pois o auxílio é um dinheiro com muito impacto sobre a atividade econômica. Isso vai depender, além da vacina, das ações do governo em termos de reformas, por exemplo – analisa.
De janeiro a outubro, foram 364,4 mil solicitações ao total, 7,5% a mais na comparação com igual período de 2019. O total de trabalhadores demitidos que pediram o benefício neste ano é maior do que a população de Canoas, estimada em 348,2 mil pessoas — terceiro maior município do Rio Grande do Sul em número de habitantes.
De acordo com Mattos, a queda nas requisições de seguro-desemprego está alinhada com o arrefecimento da crise e fortalecimento da atividade econômica.
– Existe algum otimismo com relação ao mercado de trabalho, sim. A recuperação de empregos está sendo mais rápida do que eu previa que seria lá em abril e maio. Mas ainda existe uma questão setorial. O setor de serviços, por exemplo, ainda não está recuperando empregos. Indústria e agricultura estão — avalia.
No mês passado, o setor de serviços registrou o maior número de requerimentos de seguro-desemprego, com 37,8%, seguido do comércio (28,4%), indústria (22,8%), construção (7,2%) e agropecuária (3,7%).
Os homens correspondem a 57,5% dos pedidos, enquanto as mulheres são 42,5%. Quase um terço dos trabalhadores, 31,9%, está na faixa de 30 a 39 anos, e a maioria, 53%, tem Ensino Médio completo.
Em 2020, o seguro-desemprego varia de R$ 1.045 (salário mínimo) a R$ 1.813,03. O número de parcelas vai de três a cinco, dependendo de quanto tempo o beneficiário trabalhou antes do desligamento e de quantas vezes o auxílio já foi solicitado.
Os trabalhadores podem realizar o encaminhamento do benefício, após sete dias da dispensa, pela internet (através do aplicativo Carteira de Trabalho Digital ou do portal www.gov.br) ou presencialmente em agências FGTAS/Sine, mediante agendamento.