Mesmo com a liberação das aulas presenciais em Porto Alegre, 40 das 207 instituições municipais de Educação Infantil permaneceram com as portas fechadas ou não receberam alunos nesta segunda-feira (5). A Secretaria Municipal de Educação (Smed) informou que as instituições podem ter tido problemas no abastecimento de comida devido a um surto no setor de distribuição de alimentos. As escolas que receberam normalmente a merenda terão que dar explicações à pasta.
De acordo com o calendário, a retomada está permitida para os alunos matriculados na Educação Infantil, Ensino Profissionalizante, 3º Ano do Ensino Médio e Ensino de Jovens Adultos (EJA).
Durante a tarde, a reportagem de GZH esteve em cinco escolas da zona norte da Capital. Em quatro, professores e servidores trabalhavam na limpeza, organização e reparos das estruturas. Na Escola Municipal de Educação Infantil Parque dos Maias II, um comunicado foi fixado no portão de entrada: "Há muitas notícias sobre o retorno das aulas. No entanto, para tal, a escola necessita de adequações para que sejam cumpridos os protocolos mínimos". Conforme uma funcionária, o local está passando por ajustes e ainda não há uma data para o retorno.
Grávida de seis meses e mãe de três filhos, Angélica Ferreira Padilha não se sente segura em mandar as crianças de volta à classe. Ela também reclama da dificuldade no acesso à internet para as atividades online.
— Eu tenho internet quando coloco créditos no celular. Eles ficam inquietos e sentem saudades de interagir com os colegas. Com a minha gravidez, eu acabo ficando com medo deles voltarem para a escola — comentou.
Nesta tarde, a mãe passeou com Alisson, de oito anos, e Alice, de quatro, em frente a Escola Municipal de Ensino Fundamental João Antonio Satte, no bairro Rubem Berta. O menino está no 2º ano do Ensino Fundamental, que tem volta prevista para acontecer em 19 de outubro.
— Sinto falta de brincar... E aprender também — disse, envergonhado.
Baixa adesão
A Escola de Educação Infantil Professora Marieta Paixão Araújo, no Jardim Leopoldina, recebia 180 crianças, com idades de zero a cinco anos e 11 meses, antes da pandemia. Nesta segunda-feira, somente 28 crianças estiveram no local — 10 pela manhã e 18 à tarde. A instituição é conveniada à Secretaria Municipal de Educação (Smed).
— Os professores estão muito tranquilos neste retorno, com todos os cuidados necessários. No entanto, muitos pais estão inseguros. Eles preferem encerrar o ano com os filhos em casa e voltar somente no próximo — comentou a coordenadora Janaína da Silva.