Uma vivência de universidade no Ensino Médio, com professores mestres e doutores, aulas em laboratórios e atividades de pesquisa e extensão é a realidade dos 210 alunos do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) no campus de Farroupilha, na Serra. Com média de 6,8 no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), a instituição tem o segundo melhor resultado de Ensino Médio no Rio Grande do Sul e o oitavo melhor do país, ficando atrás apenas do Colégio Tiradentes de Ijuí – que também já teve seu histórico de sucesso relatado por GZH em razão da média no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
A exigência de prova para ingresso, com média de três candidatos por vaga, é outra característica que se assemelha ao Ensino Superior e que poderia ser uma explicação para o bom desempenho no Ideb. Para professores e alunos, no entanto, a prova classificatória é considerada acessível. Segundo eles, o que mais influencia para um bom desempenho na avaliação nacional é o modelo de ensino do IFRS. Com dedicação exclusiva, professores têm horários de atendimento aos alunos no contraturno, e a assistência estudantil conta com psicóloga, pedagoga e assistente social.
Egressa de uma escola municipal, a aluna do 4º ano Andressa Conterno Dal Magro notou a diferença de estrutura no instituto federal em relação a outras escolas públicas.
— Nos laboratórios, a gente pode desenvolver a parte prática das disciplinas e criar projetos. Os professores sempre buscam fazer algo interdisciplinar. É bem diferente, nunca é só sentar na sala e assistir à aula — descreve.
Além das disciplinas básicas, os alunos também contam com a formação específica do curso integrado que escolheram – Administração, Eletromecânica ou Informática. No campus de Farroupilha, o Ensino Médio é de quatro anos. A duração poderia ser reduzida aos três anos se as aulas fossem em período integral, mas a cultura do trabalho começa cedo na região, então, a direção optou por deixar um turno livre para estágios. Alguns são realizados dentro do próprio campus: aluno do 3º ano, João Vitor Penso Valentini, 17 anos, é estagiário do setor de Tecnologia da Informação (TI).
— Ser aluno do campus é sair da zona de conforto, mas tu também te sentes parte de uma família. Ainda não sei se vou seguir na informática, mas com certeza só pelo Ensino médio já valeu a pena — garante.
Preocupação com vínculos durante a pandemia
Com o calendário suspenso desde março devido à pandemia, o foco das atividades nos últimos meses não foram conteúdos, mas manter o vínculo entre professores e alunos. Natural de Viçosa, Minas Gerais, o coordenador do curso de Informática, Filipe Augusto Alves de Oliveira, atua em Farroupilha desde 2017 e destaca o comprometimento dos alunos.
— É uma realidade diferente, com um perfil de estudantes mais curiosos e interessados do que o normal. Com a parada da pandemia, os alunos do último ano queriam ajuda no trabalho de conclusão. Já os calouros estavam ansiosos por conteúdo, então fizemos cálculos com os dados da covid-19, por exemplo. É um grande prazer para um professor ser desafiado a atender às expectativas deles. É isso que gera um ensino de excelência — opina.
O que é o jornalismo de soluções, presente nesta reportagem
É uma prática jornalística que abre espaço para o debate de saídas para problemas relevantes, com diferentes visões e aprofundamento dos temas. A ideia é, mais do que apresentar o assunto, focar na resolução das questões, visando ao desenvolvimento da sociedade.
As aulas foram retomadas de forma remota no dia 10 e devem seguir neste formato por ao menos três meses. Dos cinco períodos diários, dois são ao vivo pela internet e os outros três têm atividades a serem desenvolvidas individualmente. O modelo foi pensado para evitar sobrecarga e tentar manter o nível de ensino do período pré-pandemia.
— Do ponto de vista da aprendizagem, a perda existiu nesse período, mas é contornável. Vai ser recuperado, mas não de imediato — projeta o diretor de ensino, Patrick Escalante Farias.
O plano de recuperação das aulas ainda não está pronto, mas o ano letivo só deve ser concluído em março de 2021.
— Vamos acelerar ao máximo o que der pra acelerar, mas sem perder a qualidade. Nossa preocupação continua sendo que os alunos aprendam — completa o diretor geral do campus, Leandro Lumbieri.