A consultoria e o desenvolvimento de softwares para clientes à distância, que muitas vezes podem estar em outro país, e também o trabalho remoto de alguns profissionais já era algo familiar na ThoughtWorks, empresa de consultoria na área de TI com filial em Porto Alegre. Na política anterior à pandemia de coronavírus, as pessoas já podiam trabalhar até 40% do tempo mensal em casa, com horas distribuídas por semana. Isso foi ampliado e está em avaliação para permanecer depois da pandemia.
Ao todo, no Brasil, são 700 colaboradores. Destes, 220 atuam em Porto Alegre, onde 100% deles já eram liberados para o teletrabalho em parte do tempo. Segundo a diretora-presidente da ThoughtWorks Brasil, Marta Saft, uma análise dos escritórios da empresa no Brasil apontou que a taxa de ocupação diária ficava entre 60% e 70% antes da pandemia. A empresa vem estudando formas para entender quais são os prós e contras do home office, medindo a produtividade dos times e conversando com as pessoas para criar mecanismos que evitem impacto nas entregas. A Thoughtworks já definiu também que permanecerá totalmente em homem office enquanto isso garantir a segurança das pessoas, independente das determinações locais, e já vislumbra ampliar o teletrabalho depois da pandemia.
— Uma coisa é ter flexibilização pelos governos e outra coisa é perceber que conseguimos criar condições ainda mais seguras para as nossas pessoas. Claro, sujeito a algum pedido especial do cliente que exija presença física — afirma Marta.
Marta admite preferir atuar no escritório para conversar pessoalmente com os colaboradores, mas tem conseguido trabalhar de casa e realizado todas as tarefas, inclusive as domésticas compartilhadas com o marido.
— Entendemos que as pessoas estando em casa, não raramente, a produtividade aumenta porque se produz mais. Este foi o primeiro desafio de trabalhar em casa: tirar o tempo para acordar com calma, estar com meus filhos (de um e quatro anos) e bloquear horários de almoço e um dia ou outro para passar um tempo maior com eles. É importante criar estes espaços pessoais para nós e também comunicar o time sobre isso. Fica mais fácil falando sobre as nossas necessidades e restrições — ensina.
Segundo Marta, para a empresa tem sido um momento de reforçar parcerias e de ajudar a fortalecer quem passa pelo desafio de trabalhar à distância. A empresa lançou um Guia Para Trabalho Remoto (https://www.thoughtworks.com/pt/remote-work-playbook) com o intuito de apoiar as organizações que se viram diante do desafio. Ela afirma que o compartilhamento de experiências têm sido importante e positivo.
— Enxergar essas transições acontecendo em clientes, parcerias e, de alguma forma, poder ser parte disso significa muito. Pensamos no impacto que podemos ter na sociedade, e esse é um momento que pede e também oportuniza a criação de redes de apoio, inclusive, para que as organizações migrem pro modelo de trabalho remoto de forma mais tranquila — justifica.
Marta admite que estar numa situação de adoção de trabalho remoto de uma hora para a outra não permite que todos estejam preparadas com a melhor estrutura pra fazer o trabalho de casa:
— Com a pandemia, não foi possível fazer uma transição equacionada para o home office. Todos tiveram que fazer um movimento mais rápido num cenário nem sempre ideal, e a gente precisa reconhecer o impacto disso. Estamos tendo mais desafios do que teríamos numa transição estruturada. Ao mesmo tempo, ganhamos a oportunidade de começar a agir e a pensar em como tornar essas situações mais viáveis e sustentáveis para nós, para a comunidade e para os negócios.