Adaptar o trabalho ao formato de home office é que o advogado Paulo Petri, sócio-diretor do escritório Petri e Machado da Rosa Advocacia, chama hoje de "a pergunta de U$ 1 milhão". Principalmente, depois que passar a pandemia de coronavírus.
Petri conta que nos últimos dois anos o escritório que atende, principalmente, as áreas de telecomunicações, educação, infraestrutura e saúde havia passado de uma estrutura enxuta para ter 40 colaboradores — destes, 34 advogados. Porém, sem espaço físico apropriado, cerca de 40% do time estava atuando de casa: uma dor de cabeça para os sócios porque a intenção era, sim, ter o time completo no mesmo espaço de trabalho. Em fevereiro deste ano, a principal meta era ampliar a estrutura física da empresa. Para isso, uma sala ao lado do escritório foi alugada. E veio a pandemia.
Na primeira semana de março, o escritório começou as mudanças. Advogados com filhos pequenos e idosos em casa foram os primeiros a serem encaminhados ao trabalho remoto. A partir de 16 de março, as cadeiras do escritório e os notebooks começaram a ser enviados aos colaboradores para trabalharem em casa. Suportes para notebooks foram comprados e repassados, houve migração do sistema para a nuvem e a banda larga de cada colaborador passou por revisão — alguns, precisaram de suporte do escritório para ampliação.
— Está sepultada a ideia de ampliarmos o escritório físico. Entregamos a sala alugada. E até médio prazo a ampliação foi afastada — garante Petri.
Para o advogado, a adaptabilidade dos funcionários mais jovens permite a rápida mudança na forma como atuam. Ele confessa que já havia a percepção, antes da pandemia, da equipe trabalhar pelo menos dois dias por semana em home office, seja por questões financeira ou qualidade de vida, impactando, por exemplo, em menos gastos com deslocamento e alimentação.
— Para esta nova geração, na faixa dos 30 anos, não é mais só trabalho. É se sentir bem trabalhando na empresa. O home office é uma realidade que veio para ficar. Mas não somos adeptos dos 100% por conta da sociabilidade. O grau de engajamento do time tem a ver com a possibilidade de conviver — acredita Petri.
A nova forma de trabalho permitiu a Petri pela primeira vez trabalhar de casa sem o dresscode exigido entre os profissionais do Direito. Ele também fez a estreia na contratação virtual de novos colaboradores. Dos quatro contratados, dois ele ainda não conheceu pessoalmente. Ao mesmo tempo, diariamente, realiza reuniões por zoom com todo o time.
Petri garante que em teletrabalho não houve diminuição da produtividade, da qualidade da entrega e da capacidade de supervisionar o trabalho. Na nova modalidade, o escritório percebeu uma redução de 30% nos gastos mensais — incluindo energia elétrica, café, material de limpeza e até papel toalha e papel higiênico. Isso, ajudou a balancear o impacto com a inadimplência de alguns clientes, por conta da crise econômica.
O time completo não deverá voltar ao escritório no bairro Praia de Belas até o final deste ano ou só se antes surgir uma vacina contra a covid-19, admite Petri. A estrutura física continuará depois da pandemia. A diferença é que já há um processo de adaptação e amadurecimento ao home office. O elemento central, acredita, é a percepção de que grandes estruturas físicas não serão mais necessárias.
— Neste novo normal, não haverá mais espaço para uma empresa manter grandes estruturas físicas ou escritórios com ostentação. Isso acabou! E por questões de custo, de relacionamento com o time, de preocupação com a qualidade de vida das pessoas para não perder tempo no ônibus ou no carro e ter mais tempo com a família, poder dar uma caminhada na volta de casa e retornar para o trabalho — comenta.