Em meio ao período de imprevisibilidade nos pagamentos que já dura cerca de dois anos, professores e demais funcionários do Colégio Americano, em Porto Alegre, estão desfrutando de um alívio, ao menos, temporário. Com a quitação, nesta segunda-feira (8), da folha de pagamento de junho, não há nenhum valor pendente a ser recebido da instituição, uma das mais antigas e tradicionais da Capital, pelos colaboradores (excetuando-se as multas por todos os dias em que houve atraso nos depósitos, que a escola ainda não quitou).
Previstos para o quinto dia útil de cada mês, os pagamentos, desta vez, foram protelados três dias e quitados em parcela única, de acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS). O contracheque de junho veio também com o reajuste, retroativo a março, referente ao fechamento da convenção coletiva da categoria.
— Hoje, neste instante, não tem nenhuma pendência de salário — comemorou Margot Johanna Capela Andras, professora de química do Americano e uma das diretoras do Sinpro/RS, na tarde desta terça-feira (9).
Perto do início das férias de inverno, o clima na equipe, segundo Margot, melhorou muito com a entrada do dinheiro nas contas bancárias.
— É a primeira vez, em dois anos, que a gente entra em recesso ou férias com dinheiro no bolso. Deu uma sensação de que podemos planejar uma semana tranquila de descanso — disse Margot.
Nesta quarta-feira (10), membros da direção do Colégio Americano e do Sinpro devem se reunir para conversar.
— No início do ano, nos deram a previsão de que, no meio do ano, as coisas talvez se estabilizassem. Sou uma pessoa superesperançosa sempre. Quero acreditar que vai dar, que as coisas vão se resolver — comentou a professora.
Na semana passada, GaúchaZH publicou reportagem com relatos dramáticos de professores em apuros financeiros e de pais preocupados com o futuro dos filhos e da entidade. As dificuldades enfrentadas pelos colaboradores só vieram a público quando o cenário se agravou. No começo, os atrasos eram de poucos dias. Na virada de 2018 para 2019, o problema se intensificou e, pelos meses seguintes, a angústia e a incerteza vinham sendo crescentes. Os pagamentos costumavam começar pelos contracheques mais baixos, o que deixava a porção superior da folha sem qualquer valor por mais tempo.
A direção da Rede Metodista, em São Paulo, não comentou a crise no Colégio Americano, e os responsáveis em Porto Alegre responderam apenas a perguntas relativas a questões pedagógicas e administrativas. Procurada novamente nesta terça-feira para comentar a situação, a direção da Rede Metodista não se manifestou até a publicação desta reportagem.