Em uma entrevista na qual recebeu uma bênção de uma criança e chamou um de seus ministros de "vovô", o presidente Jair Bolsonaro defendeu, nesta segunda-feira (29), a mudança do educador Paulo Freire como patrono da educação no Brasil.
Durante viagem a Riberão Preto (SP), onde participou da abertura da Agrishow, o presidente respondeu a perguntas de uma menina de oito anos chamada Esther Castilho, que tem um programa no YouTube e foi convidada por Bolsonaro para a sua posse no início do ano.
Na conversa, sem citar o nome de Paulo Freire, ele disse que o patrono atual "vai ser mudado". O título foi conferido em 2012, após a aprovação de um projeto de lei. Uma eventual alteração deve ser referendada pelo Congresso.
— Quem sabe nós temos uma patrona da educação, não mais um patrono muito chato. Não precisa falar quem é, que temos até o momento, que vai ser mudado. Estamos esperando alguém diferente — disse.
Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro se posiciona contra a influência nas escolas públicas do método de alfabetização desenvolvido por Freire. No final de 2017, a Comissão de Direitos Humanos do Senado rejeitou pedido, apresentado por meio de ação popular, para revogar o título de patrono.
Na entrevista, Bolsonaro participou de um quadro chamado "toma lá, dá cá", de perguntas e respostas rápidas. O nome é o mesmo dado a negociações entre Executivo e Legislativo que envolvem a oferta de cargos e emendas em troca de votos. Ao ouvir o nome da atração, o presidente reagiu com ironia.
— Eu não sou chegado muito nisso, não — afirmou.
Na conversa, na qual orou de olhos fechados pela sua saúde, Bolsonaro fez uma crítica aos veículos de imprensa, ressaltando que os repórteres brasileiros não deveriam divulgar informações falsas.
— Quisera que os repórteres do Brasil tivessem a pureza na alma dessa menina e que a verdade fosse o produto final vendido por eles, não o fake news — disse.
Bolsonaro disse esperar conceder uma nova entrevista à menina em 2023, após a próxima eleição presidencial, mas não explicou se pretende disputar a reeleição. Ele ressaltou que tem uma filha da idade da entrevistadora e que sabe falar com crianças pequenas.
— Tenho uma filha da sua idade. Talvez seja por isso que você seja muito simpática à minha pessoa, porque eu sei trabalhar com pessoas da sua idade — afirmou.
No final da entrevista, Bolsonaro chamou o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, de "vovô". O militar, que estava presente no local da entrevista, tem 71 anos.
— Olha o vovô aqui. Ele é o Heleno, é o mais experiente de todos os ministros — disse. —Olha o cabelo branco dele. É o vovô — repetiu.