Por Fernando Ferrari Filho, professor titular do Programa de Pós-Graduação em Economia da UFRGS
Recentemente, analistas de mercado e assessores econômicos de entidades empresariais apresentaram previsões econômicas sombrias para a economia brasileira em 2025, tais como PIB em recessão no último trimestre do ano, inflação acima de 5,0%, taxa Selic em 15,75% ao ano e câmbio com mais um overshooting. O argumento para as previsões pessimistas é que o pacote fiscal do governo federal, aprovado pelo Congresso Nacional, não é suficiente para equilibrar as contas públicas e, por conseguinte, estabilizar ou reduzir a relação dívida pública/PIB, atualmente em 78,0%.
Não querendo entrar na discussão de haver (ou não) “descontrole fiscal” e “insustentabilidade da dívida pública”, centremos as atenções nas previsões do mercado e das entidades empresariais.
Tendo o passado como referência, é importante mencionar que, em 5/1/2024, o Relatório Focus previa os seguintes indicadores econômicos para o Brasil em 2024: inflação de 3,9%; crescimento do PIB em 1,9%; Selic de 9,0% ao ano em dezembro; e taxa de câmbio de R$ 5,0/US$ 1,0. Por sua vez, as entidades empresariais previam que o PIB cresceria 1,3%, o IPCA terminaria o ano em 7,5% e a Selic estaria em queda.
Diante dos “erros” das previsões econômicas pretéritas, devemos crer que, agora, elas se confirmarão em 2025?
O ano de 2024, contudo, nos mostra que o PIB terá crescido 3,5%, o IPCA fechará próximo a 4,8%, a Selic elevou-se para 12,25% ao ano e a taxa de câmbio deverá fechar o ano ao redor de R$ 6,0/US$ 1,0.
Diante dos “erros” das previsões econômicas pretéritas, devemos crer que, agora, elas se confirmarão em 2025?
Baseado nos referidos indicadores econômicos de 2024, bem como ciente de que a relação formação bruta de capital fixo/PIB cresceu para 18,0%, a taxa de desemprego caiu para 6,4% e houve uma melhora da distribuição de renda, estimulando o consumo das famílias, a resposta é não.
Assim sendo, esperemos que os agentes econômicos não condicionem suas decisões de gastos (investimento e consumo) com base nas previsões econômicas acima reproduzidas, pois, neste caso, eles sentir-se-ão “beckettianos” e, portanto, “ficarão esperando por Godot”.