Os últimos dados completos divulgados pelo Education at a Glance, publicação anual da da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – que reúne 36 nações, em sua maioria desenvolvidas – mostram que o total investido no Ensino Superior no Brasil é quase quatro vezes maior do que o dedicado ao Ensino Fundamental. A Secretaria do Tesouro Nacional descreve que o gasto federal em educação cresceu substancialmente nos últimos 10 anos, expansão que atingiu todas áreas da educação, sendo mais destacada no Ensino Superior. E essas despesas, aponta o relatório, não têm se convertido em resultados melhores na Educação Básica.
"O gasto brasileiro, em percentual do PIB, já é relativamente alto, sendo bastante superior ao mínimo constitucional e comparável ao de países com elevado nível educacional. No entanto, permanece o desafio de melhoria da qualidade da educação", aponta o Tesouro, no estudo sobre os aspectos fiscais da educação brasileira divulgado em julho do ano passado.
— É verdade que o gasto por aluno na Educação Superior é maior do que aquele realizado na Educação Básica, mas como o número de matrículas nesse nível de ensino é muito menor, o volume total de recursos não é muito elevado: 0,8% do PIB, em 2014, para um investimento público direto total de 5% do PIB em educação. Expressando de outro modo, se o país deixasse de gastar com educação superior, o que seria uma tragédia para o futuro da pesquisa e da formação profissional de qualidade, os recursos para a Educação Básica aumentariam apenas 19% — afirma José Marcelino Rezende Pinto, professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente da Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação (Fineduca).
Para Gabriel Grabowski, professor e pesquisador da Feevale e membro do Conselho Estadual de Educação, o Ensino Superior precisa ser expandido e aperfeiçoado assim como a Educação Básica, especialmente o Ensino Médio e a educação profissional. O principal problema da educação no Brasil, ele entende, está na administração.
— Precisamos continuar ampliando os investimentos e articulando melhor esses investimentos através de uma gestão integrada. Gestores que entendam de educação é outra necessidade urgente. Em todos os níveis importantes funções da gestão educacional são ocupadas por profissionais que nunca estudaram nem trabalharam com esse tema tão complexo e estratégico.
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