Depois de 490 estudantes terem ficado sem aulas nesta quarta-feira (7) devido a um caso de violência escolar contra a diretora da Escola Estadual Vera Cruz, no bairro Glória, em Porto Alegre, as atividades foram retomadas na manhã desta quinta-feira (8). Segundo funcionários, as aulas ocorrem normalmente, sem mudanças de horário.
O caso de violência ocorreu no fim da tarde de terça-feira. A diretora da instituição registrou um boletim de ocorrência na polícia contra a mãe de dois alunos por ter sido agredida com unhadas em um dos braços. À reportagem, ela disse na quarta-feira que cobrou a mãe por ter chegado 40 minutos atrasada para buscar os filhos. Sem ter com quem deixar as crianças, a diretora e outras funcionárias ficaram além do horário de trabalho para cuidar dos meninos, de seis e sete anos.
Em entrevista também na quarta-feira, a mãe negou que tenha agredido intencionalmente a diretora, e alegou que segurou o braço dela para que ela baixasse o dedo, mas a professora “fez força e acabou se arranhando”. Uma ocorrência por constrangimento foi registrada por ela contra a diretora. A mãe, que preferiu não se identificar, disse ainda ter medo de como ficará a situação de seus filhos, já que eles não possuem outro lugar para estudar.
O delegado César Carrion, da 2ª Delegacia de Polícia, já ouviu as duas mulheres envolvidas no caso, além de funcionários da escola. Ele diz que o caso é caracterizado como sendo de menor potencial ofensivo e, por isso, foi aberto um termo circunstanciado. A mãe deve ser responsabilizada por lesão corporal e ameaça:
— Ainda precisamos aguardar o laudo da perícia para sabermos mais detalhes da agressão. Pelo que identifiquei até agora, porém, a mãe realmente agrediu a diretora e, por isso, deve ser responsabilizada. Devemos remeter o procedimento à Justiça assim que recebermos o laudo — afirma.
Por nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que está acompanhando a investigação, acrescentando que "a violência a professores tem diminuído na rede pública estadual". Conforme dados do programa Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (Cipave), do governo do Estado, no primeiro semestre de 2018 foram registrados 175 casos de agressão física a professores nas 2,5 mil escolas da rede pública estadual. No mesmo período do ano passado foram registrados 290, ou seja, houve uma diminuição de 60,3%.
Este foi o terceiro registro policial de violência contra educadores em 13 dias em escolas da Capital — os dois casos anteriores foram em instituições da rede municipal. Depois deste, no entanto, vieram à tona outros dois casos de agressões a professoras em Porto Alegre.