Em um mundo que busca a inovação constantemente, a área da Educação vem trabalhando com o grande desafio de preparar os jovens para um mercado de trabalho em transformação.
Para Paola Schaeffer, diretora de Gestão da Inovação na Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict) do Rio Grande do Sul, não é possível dissociar a educação da inovação, da tecnologia, do empreendedorismo e da criatividade. Defende que é necessária a discussão desses eixos dentro do Ensino Superior com disciplinas, atividades de extensão e incentivo a visitas em ambientes de inovação.
— Discutir a inovação é um dos grandes tópicos emergentes. Desafia muito os currículos das universidades, mas a gente sabe que elas têm caminhado nesse sentido. A Sict busca fazer essa articulação para que cada vez mais as universidades incorporem esses princípios dentro dos seus diferentes pilares. Seja através da formação, da pesquisa ou da extensão — comenta a diretora.
Um dos programas do Estado é o Professor do Amanhã, que tem como objetivo formar docentes em cursos superiores de Licenciatura para atuarem em áreas estratégicas, especialmente as que tenham base tecnológica, científica e de inovação. Com isso, é possível fortalecer a inovação no Ensino Superior para formar professores preparados para tratar a temática desde a Educação Básica.
De acordo com dados da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais, este mercado deve gerar 797 mil vagas de emprego até 2025 no Brasil. Os parques tecnológicos dentro das universidades são exemplos de como esse ecossistema de inovação fortalece o desenvolvimento dos alunos e contribui para uma aproximação com o mercado de trabalho. Em São Leopoldo, a área de tecnologia da informação e comunicação contribui para o setor econômico da região.
Diretor do Tecnosinos e gerente de Tecnologia e Inovação da Unisinos, Silvio Bitencourt afirma que o Parque Tecnológico do município, que fica dentro da instituição, é responsável por gerar 6 mil empregos diretos – 60% destas pessoas são egressas da Unisinos em algum grau de formação. Com um grande interesse de jovens por carreiras que envolvam a inovação e a tecnologia, a instituição vem investindo na provocação de novas ideias e de novos desafios nos cursos de graduação e pós-graduação.
— Quem se envolve no processo de inovação transforma o mundo. O próprio Parque Tecnológico é um instrumento de política pública transformativa. Os nossos alunos e professores encontram aqui um ambiente adequado para empreender. Tanto professores quanto alunos podem desenvolver as suas ideias gerando um impacto ao criar negócio. Já os empreendedores que estão aqui também podem contar com o conhecimento produzido na universidade — afirma o diretor.
Bitencourt ainda destaca que os programas e planos de ensino estão alinhados às necessidades para que o jovem saia preparado para o mercado de trabalho e para os desafios profissionais e pessoais.
— O jovem quer impactar a sociedade, transformar o mundo, trabalhar com propósito. A universidade o prepara para assumir posições de protagonismo nas comunidades, nas empresas e na sua família — complementa.
Da sala de aula para a prática
Para ajudar os jovens na inserção no mercado de trabalho, inclusive durante a jornada acadêmica, as instituições buscam transformar a universidade em um espaço aberto para a criação de ideias e para a aplicação das teorias em situações práticas.
Para fomentar esse cenário, as parcerias e redes de conexões de professores com o mercado de trabalho vão além do espaço físico das universidades. Para quem tem vontade de empreender, por exemplo, há a possibilidade de cursar uma graduação com viés específico na área.
Aluno do último semestre de Administração – Gestão para Inovação e Liderança (GIL) da Unisinos, Pedro Mecabô, 23 anos, estava em busca do tão sonhado primeiro estágio quando um professor o recomendou para uma empresa do setor metal mecânico. Ele começou no dia seguinte à entrevista, no setor de Estratégia e Inovação.
O alinhamento foi tanto que a pesquisa para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) une os conhecimentos vistos na sala de aula com o local onde trabalha, já como funcionário efetivo.
— Eu vou aplicar a inteligência artificial para classificar clientes na base de dados da empresa. Estatisticamente, a tecnologia é muito baixa nesse tipo de setor, então a gente conseguiu aplicar algo inovador para a empresa. É a realidade do mercado, as empresas estão querendo essa agilidade no dia a dia — comenta Mecabô.
Dentro da universidade, as conexões são facilitadas com a instalação de startups e empresas de todos os portes, como ocorre no Tecnosinos. Aluno do quarto semestre de Engenharia Biomédica na Unisinos, Cauã Quintão, 20 anos, hoje é sócio majoritário de uma empresa de impressão 3D de metal instalada dentro do Tecnosinos. Pretende ir além, criando uma startup para fazer impressão 3D de órgãos a partir de materiais à base de células-tronco.
— Já produzi um joelho articulado para os professores utilizarem em sala de aula com os alunos. Eu gosto bastante da anatomia, é uma área em que eu tenho muita paixão por trabalhar — diz Quintão.
*Produção Padrinho Conteúdo