Gradualmente, instituições de ensino superior que estavam em greve no Rio Grande do Sul estão retomando as atividades, após dois meses de paralisação dos professores nas federais. Nesta segunda-feira (17), o calendário acadêmico foi retomado nos campi de Alegrete e São Borja do Instituto Federal Farroupilha (IFFar).
Neste mês, também retomaram as aulas nas unidades de Santo Ângelo, Panambi, São Vicente do Sul, Jaguari, Uruguaiana, Santa Rosa, Santo Augusto e Júlio de Castilhos. A instituição ressalta que os servidores técnico-administrativos continuam em greve no instituto. Mas, como os professores voltaram às atividades, o calendário letivo foi retomado.
A greve dos professores continua somente no campus de Frederico Westphalen. No total, são 1 mil estudantes sem aula, sendo que 10 dos 11 campi já retomaram as atividades. Nesta semana, haverá rodadas de assembleias para avaliar as últimas propostas do governo federal, tanto para técnicos quanto para docentes.
— Conquistamos uma pauta histórica para os técnicos, que é o reconhecimento de saberes e competências, além de uma pequena conquista nos steps de carreira. Aguardamos manifestação do governo quanto a um ajuste na tabela remuneratória dos docentes. Se aceita, pode encaminhar o fim da greve do Sinasefe, considerando que tivemos conquistas sobre a pauta não remuneratória, com a revogação da portaria 983 — diz Gabriel Garcia, secretário da Seção São Vicente do Sul do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe).
Impasse continua
Gabriel afirma que a decisão de alguns docentes pelo retorno às atividades foi por conta destas conquistas da greve, mas que o rumo do movimento no IFFar ainda depende das próximas assembleias. Outras instituições federais também aderiram à paralisação no RS.
Além do campus Frederico Westphalen do IFFar, cinco instituições ainda estão em greve: Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) - Campus Visconde da Graça.
A Seção Sindical do Andes-SN, que representa os professores da Furg e do IFRS - Campus Rio Grande (Aprofurg), e a Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm), informam que, nesta semana, as entidades avaliarão a contraproposta do governo federal. A partir de quinta-feira (20) deve ser divulgado novo posicionamento em relação à greve nas federais.
A reportagem de GZH tenta contato com representantes das outras universidades.
Contraproposta
Na sexta-feira (14), o Ministério da Educação (MEC) apresentou propostas não remuneratórias aos professores e servidores das instituições federais. A revogação da portaria 983 – de novembro de 2020 – que aumenta a carga horária mínima semanal de trabalho é uma delas. O compromisso só será validado caso a paralisação seja encerrada.
Outra proposta foi a recomposição do conselho permanente que estabelece as diretrizes e os procedimentos para a concessão do Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) a docentes. Segundo o MEC, aspectos salariais e de progressão nas carreiras de técnicos e professores voltarão a ser discutidos em outros encontros conduzidos pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.