Após mais de 40 dias de greve de professores em instituições federais de ensino, uma das entidades que representa os docentes aceitou, nesta segunda-feira (27) a proposta de reajuste salarial apresentada pelo governo federal através do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). Outra entidade que lidera a paralisação, no entanto, recusou a proposta e defende que os professores mantenham a greve. Essa divisão já ocorreu em negociações salariais de anos anteriores.
A proposta aceita pela Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes) não é linear – prevê reajustes diferentes para cada nível da categoria até o fim da atual gestão, em 2026. Quem ganha mais terá reajuste de 13,3% até lá. Os professores que ganham menos devem ter reajuste de 31,2%.
Nenhuma parcela desses aumentos será paga em 2024 – em 2023, o governo federal concedeu reajuste linear de 9% a toda a categoria. Segundo a Proifes, a proposta foi apreciada e aceita pelos representantes da categoria.
Já o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) recusou a proposta. A entidade afirma que 59 instituições federais, entre universidades e outros institutos, estão em greve.
Segundo o Ministério da Gestão, as entidades que não assinaram o acordo terão mais prazo para consultar suas bases e poderão assinar o acordo posteriormente. O secretário de Relações de Trabalho do ministério, José Feijó, afirma que o governo conduziu a negociação de forma transparente, com cinco rodadas de discussão com as entidades dos docentes.
— Dentro dos limites orçamentários, temos buscado construir a melhor proposta possível, dialogando com as demandas de reestruturação apresentadas pela categoria — afirmou.
Como ficam as instituições no RS
Em contato com a reportagem de GZH, o Sindicato Intermunicipal de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior do RS (Adufrgs), que representa docentes da UFRGS, UFCSPA, do IFRS e do IFSul, informou que maioria decidiu em assembleia aceitar a proposta do governo, assinada nesta segunda. O sindicato destacou ainda que a UFRGS está sem aulas neste momento "por conta da calamidade das enchentes, não tem a ver com a greve".
Já no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFar), conforme o Sinasefe, que representa os servidores dos institutos, o quadro de greve continua. Após assembleia para avaliar a proposta do governo, optou-se pela manutenção da greve, tanto de professores quanto dos profissionais técnico-administrativos. As seções de São Vicente do Sul, Alegrete, Santo Augusto e Frederico Westphalen deliberaram manter a paralisação.
— A manutenção da greve se dá pela necessidade de recolocar o governo na mesa para que este responda à contraproposta das entidades — afirma o secretário Gabriel Garcia, da seção São Vicente do Sul do Sinasefe.
Vinculado à Andes-SN, o Aprofurg, que representa os docentes da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e do IFRS campus Rio Grande, também foi contra a proposta assinada nesta segunda. As atividades seguem interrompidas na Furg, mas porque a comunidade acadêmica está voltada a prestar apoio às vítimas da enchente na região.
Conforme o pró-reitor de Desenvolvimento Institucional do IFRS, Lucas Coradini, nesse momento, tanto servidores docentes quanto técnicos-administrativos permanecem em greve no IFRS, aguardando o avanço das negociações com o governo.