Os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Deputado Marcírio Goulart Loureiro anunciaram uma paralisação nesta sexta-feira (26) como resposta à ameaça de morte sofrida por uma colega. A instituição fica localizada no bairro Coronel Aparício Borges, na zona leste de Porto Alegre.
O boletim de ocorrência foi registrado pela internet nesta quinta-feira (25) e se refere a um episódio no início da tarde de quarta (24). Segundo a educadora, a mãe de uma aluna foi até a escola para criticá-la e, durante a conversa, disse que o pai de outra estudante teria dito que colocaria a professora no fundo de um carro, consumiria com ela e colocaria fogo na escola.
— Ela não quis dizer quem era. A gente não sabe se esse pai, de fato, existe ou se essa mãe inventou para assustar essa professora, não sabemos. A questão é que ela foi ameaçada — disse um dos professores, que preferiu não ser identificado por medo de represálias.
No final da tarde desta quinta, os educadores da instituição foram comunicados de que a colega, fragilizada pelo ocorrido, pediu para ser transferida para outra escola.
Um dos servidores ouvidos por GZH ressalta que o episódio não se trata de um fato isolado. Em 2022, o grupo de professores também paralisou as aulas porque a então diretora da escola foi agredida fisicamente por uma mãe.
— E a gente tem diversos casos de violência em relação aos alunos. Ano passado, tivemos professores agredidos por uma aluna. É um cenário de bastante insegurança — relata.
— Vou falar por mim, mas acredito que é um sentimento coletivo de total insegurança. A gente sempre tem muita preocupação com o aluno, a gente tem preocupação com a família, mas a gente não vê uma preocupação do poder público com a gente pra que a comunidade, o aluno, em si, também tenha respeito com o professor. Nós somos pessoas, seres humanos. Se alguém fala isso para um colega da gente, todos nós nos sentimos ameaçados. Não sabemos quando seremos o próximo alvo — desabafa outra professora.
A paralisação deve durar apenas um dia. Os servidores pediram a presença da Secretaria Municipal de Educação (Smed). No entanto, a categoria alega que o movimento não foi bem recebido pela prefeitura, que pediu à direção para que a paralisação não fosse adiante.
Contatada por GZH, a delegada Laura Lopes, titular da 19ª Delegacia de Polícia, informou que a vítima não chegou a representar criminalmente, o que pode ser feito em até seis meses.
O que diz a Smed
A secretaria se manifestou por meio de nota:
"Em relação ao ocorrido a Secretaria Municipal de Educação (Smed) informa que foi comunicada pela direção na tarde desta quinta-feira (25), e que imediatamente a coordenação Pedagógica deslocou-se até a escola onde permaneceu até o final da tarde, atuando para em conjunto buscar soluções pacíficas e seguras para a situação.
Conjuntamente com a direção ficou definido o retorno da coordenação Pedagógica da secretaria à escola nesta sexta-feira (26) quando será realizada uma ação, acompanhada da Coordenação Interna de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (CIPAVE), para acolhimento e orientação aos professores, alunos e comunidade a respeito do caso.
Também já está agendada para amanhã uma reunião entre a professora em questão e as equipes da secretaria, para que sejam realizados os ajustes necessários à garantia da segurança e bem estar da servidora.
A gestão da Smed permanecerá em contato com a equipe da escola para acompanhar a situação. Cabe ressaltar que a pasta mantém-se a disposição das gestões escolares para resolução de qualquer que seja a demanda, prestando suporte pedagógico, técnico e jurídico quando necessário."