A Associação da Pedagogia de Emergência no Brasil, grupo que trabalhou nas tragédias de Brumadinho e Petrópolis, está no Vale do Taquari para auxiliar no atendimento de crianças que foram impactadas pelas enchentes que atingiram o Estado. O presidente desta frente de atuação, William Boudakian de Oliveira, falou com o Timeline nesta sexta-feira (15) sobre o trabalho com crianças e professores afetados.
Ao programa da Rádio Gaúcha, Oliveira contou que o grupo está realizando um trabalho de capacitação de professores para atender as crianças que estão traumatizadas com a tragédia.
— O que estamos fazendo aqui não é (somente) uma capacitação para eles replicarem. Trouxemos professores com a situação de que perderam tudo. Vários foram impactados diretamente pela catástrofe. É nosso segundo dia de atuação aqui no Sul e estamos cuidando de quem cuida. Esses educadores precisam ser acolhidos — ressaltou.
O grupo deve ficar atuando na região por cerca de 20 dias e busca diluir o trauma dos professores. A associação já trabalhou em tragédias como a de Brumadinho e Petrópolis. No momento da entrevista ao programa, o presidente falou direto de Estrela, trabalhando diretamente com o acolhimento dos educadores.
— Eles também foram afetados. Uma professora, por exemplo, perdeu o notebook e não consegue planejar as aulas. Eles precisam diluir esse trauma, também precisam deste primeiro acolhimento para depois acolher, daqui uns 15 dias, as crianças — salientou.
A associação também busca ajudar as crianças com o trauma que, conforme lembra William, afeta diretamente nosso ritmo de vida.
— Um trauma provoca um congelamento. Todo mundo estava fazendo alguma coisa (no momento da tragédia), muitas pessoas aqui no RS estavam dormindo. Esse ritmo foi afetado. Diante desse pavor a gente vive esse susto e descarga de adrenalina, e esse trauma é aterrorizante — relatou.
Na sequência, o presidente do grupo fala da gratificação ao sentir que as crianças, depois de tudo que passaram, começam a se sentir melhor a partir da ajuda da associação.
— A gente sente o abraço das crianças, quando a gente abraça elas também sentem a presença e o interesse real, que, no início, ficam desconfiadas — concluiu.