Tem surpreendido — negativamente — uma sequência de críticas ao que chamam de “desorganização” das cidades e das comunidades devastadas pela enchente. Vão das “roupas misturadas nos espaços de doação” à falta de um “organograma organizacional” de quem está na força-tarefa. Algumas empresas e instituições (algumas, pois há várias ajudando muito) atrelam eventuais doações a “listas definitivas e consolidadas” do que as pessoas precisam. De que jeito se tem isso agora? As necessidades vão brotando dos cantos conforme se tira o barro.
Tem espaço para criticar quem era responsável pela prevenção e reação à tragédia e, como já escrevi aqui, para autocrítica. Mas vamos sentar na cadeira das vítimas? Muitos deles perderam tudo, inclusive pessoas. Outros tantos perderam boa parte. Com que peito se aponta o dedo para uma pessoa que enfrentou isso na semana passada?
Dito isso, vamos ao que importa. Acha que está desorganizado? Ajude a organizar, mesmo que sentado no gabinete ou escritório de Porto Alegre. Se puder ir ao local ou enviar algum representante seu, ótimo. Destaque uma equipe da sua empresa para ir lá colocar a mão na massa com o conhecimento que tem. Retire um grupo técnico da sua secretaria de Estado para fazer um mapeamento socioeconômico do que é necessário para resgatar empregos, que é o que o Vale do Taquari mais quer. Construa pontes, as de concreto, que a água levou, ou aquelas entre quem precisa e quem tem para doar.
Críticos de sofá, já temos demais.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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